Você foi a costura de nossas vidas.
Hoje eu ouvi isso, e traduz muito bem a ideia que sempre expus ao seu respeito. Você sempre foi a pessoa que juntava, você era inspirado por Deus para juntar, aproximar, você via o que se tinha de melhor nas pessoas, e tinha uma alegria fora do normal para expor isso.
Hoje, sua Tia Cora, me disse uma coisa linda, disse que você foi uma costura de Deus em nossas vidas. Lindo, filho, lindo a analogia, a visao, e a poesia que Tia Cora teve de revelaçao acerca de sua estada entre nós.
E vim para casa, depois de uma noite de choro e desabafo, depois de um dia tão difícil para mim e para eles, principalmente, mas cuidado-nos com um amor especial de Deus, vim para casa pensando e refletindo sobre a sua costura em minha vida.
E antes de escrever eu pensava em qual era o papel da linha numa costura? Ela cinge os rasgos. Ela constrói o novo, ela reinventa, ela dá nova funcionalidade, ela cobre, ela protege, ela possibilita outros modelos, outras formas de uso. E quando a gente olha a linha no tubo plastico, arrumada, certinha, a gente nem pensa, o quanto ela se curvou, o quanto ela precisou ser espremida para caber na agulha, quantos tecidos duros ela teve que cingir, quantos tecidos finos ela não podia furar para não perder a sua aparência e funcionalidade. Quantas vezes ela se quebrou, quantas vezes ela se entortou para dar direção a fazenda. Quantas vezes ficou invisível para o tecido aparecer e brilhar, quantas vezes ela ficou mais à mostra do que o próprio tecido.
Rafael foi essa costura. Ele não foi a linha em si, ele foi além, porque ele sabia o que fazer com os tecidos que dávamos a ele, ele costurava a mais linda fazenda que pudesse ser feita. Toda mãe sente o filho que parte, chora sua ausência. Mas eu creio que da mesma forma que tem mães ruins, tem filhos ruins. Eu não sou tão boa filha para minha mãe quanto Rafa foi para mim. Ele era bom, tinha um coração muito lindo e generoso. Por isso posso dizer que sua costura era o reflexo de sua melhor arte. Amar.
Por amor a nós, Rafa costurou nossas relações e expunha o que tínhamos de melhor. Ele as redefinia, e nos aproximava, e nos unia, e nos mantinha na distancia necessária para que nossas habilidades melhores aparecessem e nossos defeitos não comprometessem as relações. Rafa amava como eramos e extraia da gente o que tinha de melhor. Ele era especial. Por isso tem sido tão difícil respirar, sem ele me sinto como se tudo estivesse se descosturando.
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