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sexta-feira, 4 de maio de 2012

NAO PENSEI QUE PUDESSE ACONTECER COMIGO

Eu ja tinha ouvido alguns comentarios, eu inclusive no início tinha medo que acontecesse comigo. Por isso tive medo de dirigir, de andar no shopping, de andar na rua, de ver acidente, principalmente de moto, tinha medo de abrir o olho. No fundo, tinha medo de me iludir, tinha medo de ver o rosto dele na multidão. 

Lembro de um filme que eu amo, usei muitas vezes em sala de aula e com adolescentes para falar de valores, um filme com Mel Gibson, Coração Valente, já falei dele acho que duas outras vezes, mas não assisti recentemente, mas lembrei de uma cena marcante do filme. Nesta cena, o personagem de Mel Gibson é condenado à morte e durante a sua execução, em seus ultimos pensamentos, ele olha a multidão que o assiste, e vê sua esposa (que tinha sido assassinada no inicio do filme) passar e o fitar em meio à multidão. Claro que ela não estava ali, mas ele a projetou, e a cena é linda, romantica, poética e triste. 

Logo no inicio da partida de Rafa eu tinha medo de abrir os olhos, eu andava com o olhar para baixo, porque para todo lugar que eu olhava eu achava que o via. Lembro que um dia abracei um menino da Igreja de minha mae que estava morando no Japão e tinha voltado para Aracaju. Ele tinha a altura, os cabelos e o jeito de abraçar de Rafa. Eles se conheceram também na igreja.  Ele me abraçou quando chegou e antes de eu ir embora eu pedi um novo abraço com os olhos tomados em lágrima. 

Uma outra vez, na casa da cunhada de Jr Bill, o sobrinho mais novo do doidinho também acendeu em mim aquela saudade. Fisicamente não são parecidos, mas lembrava tanto meu filhote. Meus olhos enchem de ternura ao vê-lo. 

E posso citar ainda uma vez aqui na esquina de casa teve um acidente de moto, e fiquei muito, muito assustada eu estava passando e travei na rua, ate que me conduziram para dentro de uma loja e me deram agua. Eu fiquei sem ação. O cara não parecia com Rafa em nada, e eu nem tinha visto as fotos da perícia do processo de Rafa, para supostamente fazer alguma correlação, mas foi instantaneo, eu via aquele rapaz imovel, as pessoas em volta fazendo conjecturas e eu só pensava: será que ele tem mãe, como vão avisá-la? 

Hoje foi chocante. Ligaram para mim e eu fui pegar um pedaço de bolo de casamento de uma família especial, estava a pé, era aqui perto e tem dias que não suporto a ideia de dirigir, e voltando para casa, há uns trinta metros vi um rapaz de costas. 

Era Rafael. Segui o menino, andei, andei mais apressado, corri e nao conseguia falar, nem gritar o nome Rafael ou qualquer outro, ou hei rapaz, ou hei de blusa tal, porque a bermuda era uma igual a uma de Rafa e de costas, isso confirmava minha crença, até que  o alcanço e de frente, percebi que o menino não tinha qualquer semelhança com Rafa. Mas percorri duas quadras e meia achando loucamente que meu filho andava aqui por perto. 

Eu ouvi algumas mães me dizerem isso. Que já tinham acompanhado de carro, já tinham seguido pessoas que tinham tanta semelhança com seus filhos, mas eu não tinha ideia de que perdiamos a razão, de que o desejo de que aquela imagem seja verdade, nos conduza a uma perseguição. Não preciso dizer como foi o retorno para casa. 

No fim da noite, mais um desafio. Entrei no Amadeus pela primeira vez, a caminho do colegio/faculdade, num semáforo, pessoas bebiam e dançavam ao som de uma musica, passei para o meu itinerário, mas quando dei por mim, fiz a volta e encostei o carro e num choro convulsivo eu desejei que tivesse sido real ter te achado pela tarde, e acompanhei o refrão chorando..."nao sei porque você se foi, tantas saudades eu senti, e de tristeza vou viver e aquele adeus não pude dar". 

Por mais louco que possa parecer que eu te persiga muitas vezes em meus dias sem você, e que em alguns destes, eu te encontre nas esquinas de minha imaginação, nas ruas da minha saudade, nas avenidas de minha dor e nas alamedas e praças de meu amor.

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