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segunda-feira, 7 de maio de 2012

ESPINHO NO PÉ! É ISSO!

Sim, eu já tive espinhos no pé. Morei quase 09 anos num sitio dentro da cidade. E embora muito fresquinha, pois tinha tantos medos e nenhum comportamento que se adequasse a vida no campo, eu amava andar descalça, ando até hoje e adoro. Mas não fico descalça em qualquer lugar, nem sou daquelas que troco de sapato durante o trabalho, ou tenha uma sandalia baixa no carro.  Uma vez calçada, pode cair os dedos, mas não perco a pose.  Não lembro de ter ficado descalça nenhuma vez em minha vida em nenhuma festa, nem nas minhas. Sou fresquinha, mas em minha casa e na casa de minha avó eu sempre fico descalça. 


Mas voltando a minha infância no sitio na Rua de Laranjeiras, era comum ficar descalça, pisar na areia, no gramado de 11 horas, no laguinho improvisado, uma piscina rasa com peixes da frente da casa, na horta embaixo da goiabeira rosa, embaixo das amendoeiras onde ficavam os balanços, no quiosque em baixo do pé de oiti, ou quando estávamos de férias e minha mãe inventava umas brincadeiras lá fora ou pulávamos corda ou simplesmente corríamos, principalmente eu e Sidney, depois meus primos mineiros, de todas as férias. Se eu tiver que descrever todos os lugares por onde andava, não vou dar conta.  E por isso, as vezes na infância eu tinha um espinho no pé. 

Meu pai era expert em tirá-los, depois minha mãe ocupou a função, depois meus irmãos, do sexo masculino, porque Regina ou não tinha nascido ou era muito nova em minha fase de ter espinhos. Eu mesma, nunca tirei os meus espinhos, ou meus pelos que encravavam. Sempre apelava, e por mais que doesse estar com o espinho, eu os esperava chegar, nesta ordem. Tinha vezes que eu passava o dia, o espinho estava ali doendo, mas quando eu pensava nele, parecia que ele crescia e doía mais. 

Cresci e ainda ando descalça, mas não moro mais no sítio e a unica chance de alguma coisa furar meu pé, era os cacos de vidro da civiização. Um copo ou qualquer outro utensilio de vidro que não fosse bem retirado do chão. Em junho de 2010 quebrei uma travessa de vidro e eu mesma limpei os cacos, no final daquele almoço eu percebi que algum caquinho de vidro entrou em meu pé. Era fato, eu continuava sem ter coragem de mecher. Esperei Rafa chegar do colegio na segunda-feira e ele tirou meu caquinho. Engraçado, porque tentamos no domingo em vão.

Trabalhei na segunda-feira, incomodou tanto aquele troço no pé que fiz um calo no outro por tentar pisar diferente. E quanto mais eu lembrava do espinho mais doía meu pé. Lembro do ultimo espinho que tirei do pé de Rafa. Estava no Saco. Não teve outro mais recente, no dia dos joguinhos do Graccho. E ele me dava a lancha, ou a balsa, como eu chamava o pé dele, pois calçava 44, e as vezes nem neste numero dava. 

Mas Rafa colocava o pé, minha balsa, no meu colo e fazia um monte de presepada. Depois virava uma faxina, porque pedia massagem, cortar unha ou só limpar, quando já estava cortada, ou pintar a mao (sempre gostou de passar incolor ou base, principalmente se tivesse criando a unha da mao para faciitar com o violão), e depois limpar o ouvido, tirar espinhas das costas e o que mais inventasse para render ou minutos do nosso tempo juntos. Porque, ate 2009, eu trabalhava os tres horários. Faziamos todas as refeições juntos, mas tempo de curtição mesmo, só depois das dez da noite e no fim de semana. Então quando ele conseguia esse tempo, ele usufruía e esse cuidado eu gostava de ter. 

Saber que eu, só eu cortava, só eu limpava, só eu espremia espinhas, só eu penteava com gel...até ele crescer e fazer disso uma disputa entre algumas amigas escolhidas a dedo. Pensei muito no meu ultimo espinho. Ele doía. Mas doia muito mais se eu pensasse nele. É como a dor da perda. Doi o o tempo todo, mas doi mais se pensarmos nela. 

Então acho que descobri o jeito. Nao pensar. Só preciso perguntar a Deus se Ele criou alguma mãe que consiga esquecer seu filho, principalmente se ele estiver distante. 

Mas não é um espinho no pé na nossa proporção, na verdade, temos que inverter as grandezas e imaginar um espinho do tamanho do pé e um pé do tamanho do espinho. Aí sim consigo perceber que esse pé foi mutilado, ficou disforme e sua materia misturada com a matéria do espinho. Não se sabe onde começa o espinho, nem onde termina o pé. 

Seus pés filho...como tenho saudades deles se prendendo em mim, ou de quando voce subia sobre os meus e dançávamos...seus pés davam a direção aos meus.

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