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sexta-feira, 18 de maio de 2012

SINTO-ME OBRIGADA A HONRAR NOSSA HISTORIA

Acho que a morte nos deixa cara a cara com nossas fraquezas: sentimos na pele que não somos eternos. Parece incoerente, mas é que a palavra do Senhor nos diz: “colocou o senso da eternidade no coração do homem” (Eclesiastes 3:11), então vivemos com esse senso, aprendemos que somos eternos, aprendemos sobre a vida eterna mas nos deparamos com sua finitude terrena, e nesta hora, na hora do pranto e da dor, sentimo-nos traídos.

Eu sei que o Senhor vive, e que algum momento serei levantada, Ele promete que se levantará por minha causa, minha vida, minha historia. E pensando nisso, eu reflito que minha historia foi, é e será sempre ligada ao meu filho, e quando eu consigo ter esses lampejos de esperança e de querer viver um dia de cada vez, reconhecendo minhas feridas e tentando descobrir como Deus tem falado através e por conta da dor provocada com a ausência temporária de meu filho, o sentimento que me invade é o de honra. Honrar a minha historia com um filho lindo que Deus me deu. Lindo por fora e especialmente lindo por dentro. Honrar a sua memória, porque ele foi, é e será especial. Um filho que só nos deu orgulho. 

Perfeito, não de forma alguma, necessário e imprescindível para me ensinar o maior amor do mundo. Companheiro a ponto de me demonstrar o real sentido da amizade. Guerreiro de linha de frente que nunca se deixou levar para lutar nenhuma fronte de batalha que não fosse inspirado pelo amor. Aprendi com sua precoce partida a magnitude do que foi sua fidelidade para comigo, e de como minha força brotava dele. É como se ao longo da vida o processo se inverta, e nosso cordão umbilical fosse restaurado, no início damos alimento aos filhos, com o crescimento deles, eles nos alimentam com suas conquistas, suas trajetórias, seus legados.

Tive um filho que podia ter sido o melhor aluno da sala, porque era inteligente. Poderia ter sido um musico maravilhoso porque alem das habilidades naturais foi sempre muito estimulado. Poderia ter sido um atleta de ponta o corpo respondia rapidamente aos estímulos. Ele não era o melhor em nada disso. Sabíamos que ele tinha condições de ser, mas não era. Porque acho que ele se concentrou em ser o melhor em amar, em se doar. A energia de Rafa estava voltado para isso. Ele absorvia o problema e a felicidade do outro como se fosse dele. 

E eu com uma jóia dessa como filho, sentia-me tão enriquecida, tão especial. Eu tinha um filho do bem e me orgulhava para caramba disso. E achava que o teria para sempre, e o para sempre, sempre acaba, aprendi com Renato Russo, na minha adolescência já nas minhas primeiras paixões, que o para sempre não era eterno, então me preparei para tê-lo enquanto durasse minha vida. O preparei para viver com minha partida, como todas as mães, esperamos ver nossos filhos crescerem, mas quando isso não acontece, apostamos que nós saiamos de cena primeiro que eles. Eu preparei Rafa para isso. Ele sabia o que fazer, tínhamos uma cartilha, ensinei direitos que ele tinha, como proceder, o que fazer, de onde ter apoio, como eu queria que ele continuasse e onde buscar forças. Minha cartilha não serviu para mim.

Tento escrever uma nova cartilha de como sobreviver ao senso de eternidade quando não sabemos quanto tempo levara para que ela se cumpra em nossas vidas e estejamos juntos na eternidade novamente, mas a finitude de sua vida e a dificuldade de olhar para o amanha esperando que a escuridão da noite de lugar a um dia, mesmo que nublado, confesso que me deixou paralisada nestes quase doze meses. 

A única coisa que não posso, de NENHUMA FORMA, permitir é que sua morte tenha sido em vão. Honrar a sua memória, seu legado e a nossa historia pode ser a alavanca para me suster até nosso próximo e eterno encontro.

2 comentários:

  1. Minha Annalu, sabemos que dói continuarmos sem os nossos Filhotes, acharmos sentido para viver em meio a tantos sentimentos, mas você encontrou um e isto me alegra o coração, pois viveremos para Honrar a "Memória do Rafa e do Teteu", eles são dignos e merecedores da nossa honra de mãe, acredito que a vinda de cada um deles em nossa vida teve um propósito, ainda que desconhecemos não será em vão....................Beijos de Amo

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    1. Estou com saudades, tem sido um mês difícil, mas sempre penso em você, e leio suas mensagens e muitas vezes me sinto inspirada. Beijão no coração.

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