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quinta-feira, 24 de maio de 2012

MEU PEDAÇO DE CÉU

Em meus momentos mais difíceis, foi comum o ato e olhar para o céu ou contemplar o mar  e buscar uma solução ou uma explicação para as coisas que estavam acontecendo.  No inicio era muito no mar, era comum eu ir na rua da frente, como chamamos aqui a Av. Beira Mar, que na verdade é uma avenida à beira do Rio Sergipe, e eu moro aqui próximo desde os meus treze anos, então eu ia na mureta do rio e ali chorava vendo o movimento das ondas. A vida foi ficando complicada e nem sempre seguro ficar ali, por horas a fio chorando e ouvindo o movimento do rio, isso me acalmava e muitas vezes Rafa me acompanhou neste "passeio".

O tempo passou e ainda olho para aquele meu confessionário natural com saudades. Nos tempos de Rafa, pegávamos umas pedrinhas na praça próxima e jogávamos no rio e virava uma diversão e não um momento de contemplação e desabafo. Neste período, em que Rafa me acompanhava, independente de ter a resposta para as aflições eu voltava para casa mais leve, mais segura, e sempre brincando.

Depois que ele se foi, nem o rio, nem a praia. Fico da janela da varanda ou sentada na cama dele, olhando sua janela e questionando os céus, alguns sábados mais penosos, brinco com as nuvens tentando montar o seu rosto.

A gente cresce ensinando as crianças que quando alguém especial morreu, virou anjo e foi morar no céu, e em dias como hoje, que contemplo nossa janela, com a chuva caindo sem trégua eu me pergunto por onde você está voando, que sensação deve ser para você ter asas, se sentia livre? E confesso que imaginar coisas assim, faz com que a madrugada passe mais rápido e doa menos, porque fantasiar qualquer coisa hoje é menos doloroso do que voltar ao mundo real.

No nosso penúltimo sonho, eu te perguntava coisas sobre esse lugar e você me respondia, eu tinha a sensação de que minha pergunta tinha sido contemplada, mas não lembro de seus respostas, com exceção de quando eu te perguntei sobre meu pai, se já havia o encontrado, e você disse, não mainha ainda não estamos na fase de encontrar ninguém, não é hora dos encontros.  Mas eu continuo nutrindo a esperança de encontra-lo. Quer seja nas minhas nuves, nos meus sonhos, nas sensações dos cheiros pela casa, nos barulhos da madrugada, na sensação do abraço, da companhia discreta.

Continuo olhando para o céu e questionando minhas inquietudes e necessidades. Continuo buscando no céu um pedacinho qualquer de você. Continuo esperando de Deus meu pedaço de céu, você novamente em meus braços.

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