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sábado, 5 de maio de 2012

EU SERIA CAPAZ DE PASSAR O RESTO DA VIDA ASSIM

Por mais que eu tenha pressa em ficar bem, na medida do possível, tenho convicção que seria capaz de passar o resto da vida, vivendo, ou sobrevivendo, desse jeito.  E quando as pessoas perguntam como estou e o que tenho feito, as vezes sinto vergonha em ter a mesma resposta para dar: estou indo, não tenho feito nada de especial.

Posso chocar muita gente, mais duas cenas são comuns neste processo: imagino um pote de remédios me fazendo apagar ou uma explosão no cérebro silenciando essa dor. E as vezes isso vem do nada, as vezes estou vendo um testemunho na internet (descobri essa forma de entrar em contato com a Palavra, ouço pregações na internet e leio coisas curtas que não exijam muita concentração),  as vezes nos cochilos do inicio da manha acordo com uma dor de cabeça como se tivesse de fato explodido alguma coisa aqui dentro. As vezes vem do nada, de olhar a paisagem da janela daqui de casa, vem de entrar no quarto de Rafa nas madrugadas e ver o porta-retrato digital que o pai de Rafa deixou aqui com fotos de Rafa, seus irmãos, sua madrasta, as vezes vem do silencio do dia inteiro.

Acho que nunca me senti tão só na vida, mesmo tendo por perto pessoas que me cobrem de oração, de carinho, de atenção, de ligação, mas é como se fosse ineficaz para que eu conseguisse levar outro tipo de vida.

Ficou tão sem sentido que beira a futilidade. Como posso viver sem planos? Sem objetivos? Não tenho nenhum. É como se tudo tivesse perdido o valor, inclusive a vida, ou principalmente ela.  Nunca enchi tanto a casa, e nunca tive tanta vontade de encher a cara. Tenho experimentado sensações indescritíveis, mas não consigo me ligar a nenhum vício, porque se pelo menos eles aparecessem podiam me fazer querer lutar para me livrar. 

Cada dia eu digo, hoje vai ser diferente, pelo menos tal coisa você vai resolver hoje. E nada. Eu sequer cancelei cartões, linha telefônica, ou dei entrada no seguro, ou voltei a olhar o processo de Rafa ou voltei a trabalhar, ou cancelei o ponto de tv à cabo de seu quarto ou dei suas coisas, já que já separei o que quero. Nada. Estou presa a tantas coisas que não consigo nominar e virar a página.

Algumas pessoas dizem que é assim mesmo, cada um reage de um jeito, e a seu tempo as coisas voltam a andar. Eu queria confiar. Mas até isso se perdeu nesse processo. Perdi a confiança em qualquer prognostico positivo sobre meu futuro e novas opções.

Amanha tem um feira de adoção de cães e gatos e pensei, vou pegar um. É alguém tao sozinho e sem saída quanto eu. Na hora lembro de Nárnia, e perco a vontade. E percebo que minhas vontades são assim: passageiras.  

E então começo a remoer as mesmas questões: "existirmos a que será que se destina?", como disse Caetano.  Fico pensando o tempo inteiro que sentido tem tido a minha vida, e chego a conclusão de que passaria o resto da vida assim, porque cada dia tem sido pior, e à medida que piora eu desejo que termine logo.  Não faz tanta diferença entre viver e sobreviver, neste ultimo ano.

Como as coisas são bobas, como pequenas coisas podem mudar uma vida inteira. Um não, não devia ter deixado ele ir para o Saco. Um castigo, quando ele começou a dirigir e teve acesso as carros e motos contra a minha vontade. Uma palavra mais firme a quem dava. Um mísero capacete.  Eu poderia listar uma centena de coisas que impediriam toda essa dor, mas só uma era imperativa, a permissão de Deus.  E de novo corro atras do meu próprio rastro. 

Hoje Vivi me ligou. Uma vitoriosa em Deus, casa cheia  cinco filhos. Em comum temos o fato de perdermos os nossos pais tão cedo, termos 01 filho do primeiro casamento, e conhecermos o Senhor.  Ela tenta de todas as formas me colocar para cima, mas o radar dela só me acha ou nos dias que estou muito mal ou muito fútil.  E á medida que ela avança em seus aconselhamentos eu recuo em entendê-la...casa cheia, cinco filhos. É quando me sinto mais sozinha, é quando estou com ela.

Engraçado, desejo morrer e não tenho coragem e vivo como se já tivesse morrido, de repente é isso mesmo, por isso levar assim morta deve doer menos que se tentar ficar viva. 

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