Total de visualizações de página

sábado, 26 de maio de 2012

É SÓ QUESTÃO DE SIMBOLOGIA

Então é assim passou um ano e o luto se resolveu de imediato ou quase isso, e automaticamente as coisas vão se encaminhando, afinal ja passou um ano, e em um ano, as pessoas namoram, noivam, casam, e se brincar engravidam; e todas que engravidam tem seus bebes nove meses depois dali; em um ano, mudamos de grau escolar, em um ano a maior parte das carências se acabam, até para divorciar antigamente exigiam 01 ano da separação legal. Um ano marca e distancia muita coisa na vida civil...na minha, só acrescentou dias entre eu e Rafa.

Achei que pudesse pelo menos dormir decentemente, são cinco horas da manha, e o sono não chegou, nem a disposição de escrever aqui tinha se assentado, porque estava vendo milhões de outras coisas para matar o tempo e a solidão. Olhando as roupas, o computador de Rafa, um tempo deitada na cama dele olhando para o teto imaginando e relembrando coisas, algumas tão engraçadas e falando sozinha, falo muito sozinha, qualquer dia desses vou estar cumprimentando as estatuetas em casa, falando com os vasos de flores, com as almofadas... se bem que essas eu já falo, tem dias que abençoo almofadas. Loucura? Pode ser. A saudade me enlouquece muitas vezes.

Pensei assim, quando fizer um ano eu acho que vou gostar de respirar um pouco e tentar tocar a minha vida. Ledo engano, minha vida não está desatrelada da vida de Rafa, estamos tão unidos e tão dependentes, talvez ele de mim não, mas eu completamente dele.  As pessoas me perguntam se ele gostaria de me ver assim. É tão obvia a resposta, que filho gostaria de ver a mãe mal? Mas o que as pessoas ignoram é o desconhecimento da formula magica para voltar a sorrir e a ser normal de novo.

Também dizem, trabalhar ocupar a mente, faz bem. A minha vive tão, tão ocupada que eu acho que por isso ela não desliga nem na hora que deveria me deixar dormir. Queria fazer tanta coisa diferente, mas não sinto disposição para fazer nada, tudo cansa, ultimamente nem o zelo por minha casa tem me preenchido. As dores lombares ajudam a evitar, mas perdi também a vontade de cuidar, da casa, de mim, das coisas.  

Eu acho engraçado quando as pessoas tentam me consolar dizendo que sou nova e que terei outros filhos e alguém decente que me faça feliz...e eu penso, joguei minhas chances fora com meu dedinho podre só escolhi tranqueira, e a unica coisa que realmente me fazia sentir orgulho, realizada e abastecida era a minha relação com Rafa. 

Eu olhava para ele, e pensava não o queria mais bonito, ele era lindo; não o queria mais inteligente, senão eu não o acompanharia era esperto e ativo demais; não o queria mais simpático, ele era doce; não o queria mais gordo ou mais magro, admirava sua altura, seu porte físico, até as pernas que ele achava fina, eu sabia que iriam engrossar; não o queria mais engraçado, a gente ria muito junto; não o queria mais companheiro, ele era meu melhor amigo e eramos independentes, mas voltávamos sempre para casa, nosso porto seguro.  Se eu tivesse que mudar alguma coisa em Rafa, e orei muito por isso, era quanto a sua saúde, quanto as crises alérgicas e as faltas de ar.

Essa era a coisa que eu queria mudar em Rafa, e foi por isso que ele pegou aquela maldita estrada no fatídico dia. Para buscar ajuda e se livrar da crise alérgica, seguida de falta de ar, conforme laudo médico do Hospital de Estancia que o atendeu entre 22:00 e 00:30 do dia 23/05.
Não me incomodava a teimosia de Rafa, a insistência, a necessidade de saber e participar de tudo, porque eramos eu e ele durante muito tempo, e um tinha que contar com o outro todo o tempo, guardada as devidas proporções da idade que tinha para participar e conhecer profundamente determinada coisa, mas por demonstrar tanta maturidade, quase nada era proibido aos seus olhos e conhecimento.

Então quando as pessoas tentam me consolar dizendo que sou nova e etc. e tal, eu entendo sabe e sei que falam com carinho e sei que torcem...mas eu não queria outro, eu queria o meu, o único, o especial, o que cresceu ouvindo-me falar que eu podia ter outros 500 filhos, só ele tinha vivido comigo aquelas historias e por isso ele era especial demais, era o amado, era o primeiro, era muito mais que um filho...meu Xeberel.  

01 ano ou 12 meses, é só questão de simbologia porque aqui dentro, não mudou nada filho...seguimos na mesma dor, na mesma angustia e com mais saudades.


Nenhum comentário:

Postar um comentário