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quarta-feira, 23 de maio de 2012

CINCO E VINTE

Dia cruel, e os que o antecederam são implacáveis, mais sobrevivi dentro de uma estrutura que nem eu esperava, ate que chegou cinco e vinte, cinco e meia, cinco e quarenta e eu ali em frente perto do cemitério em panico, desespero, tremor, tudo revivi todo o percurso do enterro e do posto eu olhava aquilo tudo e a vontade de quebrar tudo e te trazer de volta. Nem sei como consegui respirar. Eu já tinha ido lá de manha, e  estava tranquila passei menos tempo até do que geralmente passo porque não estava agoniada mas aquela hora da tarde, eu levei uma surra da memoria e meu controle deixou de existir.

As nossas lembranças invadem e manter o controle nestas horas pode parecer impossível, mas não é. Eu pensava assim, ate viver em cinco minutos as piores 12 a 14 horas de minha vida. Eu velava Rafa há um ano, e hoje essas lembranças velavam o dia de todos que o amavam.  

Lembrei de minha mãe, porque depois que marcamos o horário do sepultamento, que por exigência do pai de Rafa tinha que ser no mesmo dia, e quanto mais se aproximava do horário estipulado, 16 horas, mais eu ficava apreensiva, ate que pedi a minha mãe para alterar o horário. Era tarde, pois em reunião familiar eles resolveram que não deveriam me atender, seria menos sofrido. Eu não entendia, não queria aceitar mas o que minha mãe fizesse ali estava bom, sentia-me protegida. A gente só não se protege da dor, ela não respeita nada.  Mas a hora foi passando e só saímos do velatório depois das cinco, eram quase cinco e vinte a hora que não vi mais o rosto de meu filho.

Sai do cemitério e corri para o posto abraçada com Sidney e bem dispersa da multidão na saída do cemitério. Meu irmão Fefé depois chega e me dá alguns pertences de Rafael, entre eles seu relógio...que hoje me lembravam toda a emoção pois ao olha-lo marcando  cinco e vinte...voltei para aquele dia nesta mesma hora.


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