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sexta-feira, 23 de maio de 2014

3 anos de saudades

De alguma forma o corpo sente tudo novamente. A gente planeja os dias, a semana, um mes inteiro, mas parece que nestas datas ela, a saudade, ganha um corpo proprio e autonomia para definir suas vontades.
Hoje ha um marco bio-psico-emocional em meu corpo, em minha mente e no meu espírito, por essa hora, há tres anos,  eu ja sentia uma dor que transpassava a alma. Eu me separava de ti.
E eu bem sabia os danos de uma morte, e eles eram irreversiveis. Ja tinha sobrevivido a perder pai. Mas nao sabia o que fazer ao perder meu filho unigenito.
Ao longo desses tres anos, a saudade que me acompanha foi tendo significados diversos e moldando o jeito que eu encarava a vida.
Em muitos dias a saudade vira luta. Voce luta a cada segundo do dia para continuar, e os recursos cognitivos nao sao, as vezes, capazes de lhe fazer superar os argumentos emocionais, mas voce sobrevive.
Em outros dias, saudade é sinonimo de dor, de uma dilacerante que percorre todo seu corpo e traz sintomas fisicos. Doi estar em qualquer lugar, de qualquer posicao. Voce consegue em alguns momentos ate nominar o lugar que doi mas percebe que ela doi sempre e lhe percorre o corpo mas magoa seu coracao e pisoteia sua alma.
Em outros dias, saudade é ausencia, uma falta que vai consumindo os segundos do dia, uma lembrança constante e crescente de sua presença abundante em minha vida, vontade de abracar, de comentar o noticiario, de dividir a piada do facebook, de compartilhar a foto no instagram, de ligar para perguntar onde está, de avisar que tem comida no microondas ou que vou me atrasar, de orar junto no fim de noite e te ouvir mandando ler o salmo 119, de assistir o filme comendo pipoca em minha cama, de limpar ouvido e cortar unha, de comer cachorro quente da porta da Pio, de ouvir voce orando agradecendo o alimento, de ter a baforada no meu rosto me perguntando se eu gosto do cheiro da pasta de dente nova...ah saudades dos beijos estalados no ouvido, dos sustos na cozinha, de seu humor e de suas maos me segurando e me levantando do chao so para demonstrar que voce esta forte. Saudades de seus dedos longos, de seus pes me prendendo na cama, das aulas interminaveis de danca que eu nao aprendia e dos papos serios sobre a vida. Saudades de sua companhia e de nossa casa cheia de sua luz.
As vezes saudades é vigiar. Vigiar para nao adoecer por voce. Vigiar o calendario para entender porque o corpo vai emtregando os pontos e lutar com a mente para nao esmorecer. Vigiar a vida dos que vc amava para dar um pouco de futuro a sua presenca neste mundo. Vigiar as datas e rememorar tudo que foi vivido naquele lugar, naquela data, com aquelas pessoas. Vigiar suas coisas e cuidar delas como se elas prolongassem sua permanencia em mim. Vigiar a mim mesmo, para que eu cumpra as coisas que te dizia, vigiar para continuar pois voce continua sendo meu motivo de acertar e minha razao de viver, e se creio que nao terminou...como dizia voce, tudo no final fica bem mae, se nao esta bem é porque ainda nao é o final...pois é filho ainda não é o fim para nós.
E na maioria das vezes, saudade é um amor que inunda meus olhos e desce quente por minha face. É um amor a Deus que me escolheu para ser sua mae. Um elo eterno que nos une e que nem a morte separa.
E por fim, saudade filho é uma certeza....de que eu tive o melhor filho que eu poderia ter tido  e que nao o merecia tamanho é, e me recuso a usar o passado do verbo ser, para me referir a genereosidade do seu coracao. Certeza de que Deus nos ama muito e que em breve filho, muito breve, nao contarei os dias que nos separam mas bendirei ao Senhor por toda a eternidade em que O adoraremos e O louvaremos juntos.
Te amo muito, meu eterno Xeberel.
E sim...suas musicas, seu agir, sua historia e essa saudade ainda ecoam em minha vida e dão folego para minha caminhada.
Ate breve.