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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

NOVOS TEMPOS E ENFIM CHEGA PAULO MIGUEL!!!!

Fiquei 03 dias e meio a espera de voce chegar. E no meio de todas as lutas, penso nas coisas que devem passar pela cabeca de alguem que espera um filho.

E sim, é completámente diferente daquilo que passa por alguem que perdeu um. Alem de deserjamos o que toda gravida deseja, que venha com saude, que venha na paz! Que seja normal, que seja feliz...um pensamento sempre fica no final...que nao o veja morrer. Que náo morra antes de nos, seus pais.

E esse pensamento é recorrente todo o tempo.

Sempre pensamos no pior.

E desejamos que ele nunca mais bata a porta.

Hoje madrugada fui dormir agradecendo a vinda e a vida de Paulo Miguel, e por sua mae ter sobreviido a tres dias de internacao entre idas e vindas aos centro cirurgico. Testamos seu coracao é verdade.

Mas o pior teste ela ja passou, que é sobreviver a morte de seu filho.

domingo, 18 de agosto de 2013

MAS FALTA VOCE, RAFA!

Hoje é dia de falar de vitoria. Minha avo veio às pressas para Salvador, que dista quase 400 km de onde moramos para fazer uma consulta, pois ha sete dias nao mais andava. De uma hora para outra ela acordeou e nao andou mais. Cadeira de rodas, visitas medicas domiciliares, internacwo e nada resolveu, saimos daquele centro em busca de outras indicacoes. Assim que chegamos o diagnostico foi concluido, caso cirurgico, urgente.

Tambemtinha Paulo Miguel chegando e traendo toda a esperanca para a vida de Neide e Neguinho, seus pis, depois de dois anos que choram a morte do primogenito Rafael, vitimado no mesmo acidente que meu Rafa.

Eu estava fazendo um ano de namoro, depois de perder um filho unico, separar do marido, conviver com uma depressao pos-traumatica e namorar a distancia, era uma vitoria conseguir manter uma relacao, com qualquer pessoa, imagine com uma a distancia quase 1500 km, recem-separado e vivendo os percalcos de uma separacao e om quatro filhos extremamente amorosos que me acolheram e uma familia daquelas que aninham...era tudo muito bom, se eu nao tivesse perdido o meu. Mas a minha dor, as vezes me impedia de estar tao junto, porque felicidade demais quando voce esta sofrendo muito, se ofusca pela dor. Mas essa semana, era comemoracao. Apesar de tudo, de toda a dor. Nos tinhamos vencido. Estavamos azeno um ano juntos.

Entao era minha avó enferma, meu irmao de longe que ia chegar, mas sera assunto para outro dia, minha primeira viagem a servico depois de dois anos e tres meses, gente nova no trabalho que me tirou o sono escasso por dois dias, meu um ano de namoro, meu afilhado nascendo e o desenrolar de tudo podia ser compreendido como superação, como vitoria.

Mas falta você.

Brincamos com a situacao para minimizar o stress, afinal, minha avó com 81 anos e meu avo com 85 inspiram muitos cuidados, ambos diabeticos e hipertensos. Sem contar minha mae, completamente apaixonada pelos dois d sendo requisitada a todo instante pela inseguranca e modus operandi estressante com que ambos decidem as coisas.

Mas vir acompanhando-os tinha um peso para mim. Era semana de cemiterio, de visita, afinal passarei a semana fora a trabalho. Era fim de semana de esperar Paulo Miguel chegar e ate agora nao sei de nada, poisate a meia noite ele ainda nao havia nascido. Era fim de semana de assentar as emocoes da semana passada, onde o apetite e o sono foram castrados por conta de minha impaciencia emocional.

Enquanto espero num quarto de hotel o horario de visita de UTI, o telefone da maternidade dizendo que correu tudo bem, a mensagem de meu amor dizendo bom dia, e minha mae acordar para que eu pare de ouvi-la roncando e gemendo ao dormir..vai dando um aperto e meu pensamento sempre volta a estaca zero. Porque so isso, meu pedido mais desesperado, apesar de cheio de muita fé, não podia ter dado errado. Tudo vai se arrumando e buscando um final desejado, menos minha historia contigo, Rafa.

Falta você Rafa.

Fico me sentindo pessima, mas é assim, fico questionando, Deus o que quer que eu aprenda, tudo dando certo, e a coisa que mais Lhe pedi, mais implorei, essa nao tive chance nem de ter esperwnca. Nem de tentar. Parece muro das lmentacoes, um murmurar sem fim, mas vejo a dor dessa forma, todo dia ela aponta uma faceta nova, todo dia ela se apropria de mais um pedaco de minha vida, meu pensamento, meu coraçao, meus sonhos, minha esperanca.

Conviver com isso é como extrair petroleo de teta de vaca. Ou oce finge que o leite é preto ou que a vaca é solo petrolífero, mas olhar com a lente da realidade....voce só enxerga a dor.

BOM DIA MEU AMOR! QUE FALTA SINTO DE VOCE!

Estar em familia ainda me agride.

É incrivel que por mais esforço que se faça, e por mais que as pessoas digam voce tem que tentar, aos poucos voce consegue, eu venho tentando, ainda é muito para mim. Por outro lado, embora eu tenha tentado por todo esse tempo, expor minha figura, minha dor, minha saudade, minha lembranca, minha historia pós voce ainda é um suplicio, quando o lugar é o centro da minha familia.

Confesso que ja estive mais longe. Ficar exposta a qualquer familia era passivel dos mesmos questionamentos que hoje me imponho quando se trata da minha.

Parece que falo mais de voce. Parece que quero obriga-los a ouvir sobre voce, eu só sossego quando eles falam de voce. Mas isso eles nao fazem com frequencia ou naturalidade,a sensacao é que eles ldam com a morte melhor que eu, ou com sua ausencia. Sei que nao falam porque o esqueceram, mas acho que pensam em me poupar.

Sei lá filho. Da um desespero sorrir ao lado deles ou sentar numa mesa de restaurante e faltar sua cadeira, seu comentario, seu sorriso, sua opiniao. Todo mundo liga para saber noticias, menos voce, mas ninguem entende isso. So eu que mesmo ao entendendo ou aceitando, tenho que conviver.

Hoje acordei assim...e sim, eu dormi. Pregada pelo cansaço de uma semana de muito stress, cheio de coisas de familia, e sem voce. Acordei meio da madrugada querendo voce. Precisando de voce. Sonhando voce em todos os meus momentos a sós, porque nos momentos que eu estava acompanhada, ao falar de voce, o mundo emudece, as vezes penso que ensurdece tambem.

Nao sei porque, mas sinto que a gente - as maes sem nome, maes com dor, maes de anjos, e tantos outros codnomes que nos damos - temos essa necessidade. Falamos de voces, com a furia de quem precisa estancar a hemorragia de uma ferida aberta por onde escorre nossas esperancas por dias melhores. Mesmo assim, as pessoas que nao têm ideia do abcesso que essa dor causa, dizem, voce precisa tentar.

Estou tentando filho! So nao me impecam em dias assim, que eu deseje, quando nada, neste sistema intergalatico e comunicavel sobrenaturalmente, dizer...bom dia meu amor, que falta sinto de voce.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

SEJA BEM VINDO PAULO MIGUEL

O que faz uma mae convidar alguem para ser madrinha de seu filho?
Eu levei em consideracao a ideia de perpetuar um vinculo. Eu nao queria conhecidos. Eu queria parentes. E entre os meus. Os responsaveis.

Ao longo da vida fui chamada varias vezes para ser madrinha, mas nunca me sentia a altura. Ate que veio os que eu nao podia resistir. Filhos de minha melhor amiga, eu e Rafa eramos padrinhos.

De la para cá nao exerco minha madrinidade. Ainda me doi olhar Bia e Miguel.

Esse ano, em janeiro, a mae de Rafa Bispo (vitima de acidente com meu Rafa), me liga e diz, estou gravida, é nosso viu. E na mesma hora fala, voce é a madrinha.

E eu me pegava a pensar, meu Deus, como vou ser madrinha com o coracao tao duro, tao esteril, tao sem paciencia, tao com medo, e se eu nao conseguir ser o que eles querem e esperam, e se for obrigacao, e se for premio de consolacao, tantas coisas ruins que eu e meu botao pensavam. Sabe eu vivia um misto, do filho que ia preencher um lar enlutado, da alegria por ela ter sido abencoada de novo, um medo por nao merecer a mesma bencao, um medo de fracassar, mas apesar de toda a confusao mental, eu estava feliz.

Dali em diante, participei de tudo, cada ultrassom passava por minha mao, o dia que descobrimos que era menino choramos juntos, e bebemos em uma das missas, a de dois anos, a latinha de refrigerante com o nome Rafa.

Compramos enxoval e discutimos o nome, tinha que ter el...sufixo da presenca de Deus. Queriamos outro anjo, ela ja tinha um Gabriel, tinhamos dois Rafaeis no ceu, era chegada a hora de Miguel, mesmo nome de meu afilhado, filho de Andrea (sim, embora seja só madrinha de Bia, eles sao gemeos, nao tenho como ter responsabilidade só sobre um).


E choramos muitas tardes de domingo o vazio que só nosso coracao de mae sente. Ontem ela me ligou, e eu nao retornei, e ela dizia, seu afilhado esta de rosca, quer sair nao. E eu ri, e disse ele vira na hora certa, calma, e cuide da gente. Agora as 13:06 do dia 16/08 ela me liga e diz, ja estou internada viu, o medico vai antecipar o parto.

Meu coracao, parece que vai sair pela boca...a vida continua.

Se bem vindo Paulo Miguel, sua dinda ja esta aqui pronta para aprender com voce.

Obrigado Senhor!!!!
Hoje tem festa no ceu...

NAO ME IMPORTO

E semana passada ao conversar alguem falava de mim a uma amiga. E no meio da conversa falavam mais ja tem dois anos de Annalu sem Rafael, e minha amiga dizia, nao já, mas só, só tem dois anos, de Annalu sem Rafa. Ai uma pergunta para outra, como só, e minha amiga responde, sabe-se lá quantos anos ela vai viver sem ele, entao, agora só tem dois anos, de toda uma vida sem seu melhor amigo.

Depois ao me confessar isso, minha amiga me dizia, vejo sua dor e penso, a gente exige de voce que corra, mas sabemos que voce nao tem mais pernas, porque viver sem filho é isso, correr sem ter pernas. E eu calei aquela definicao por uma semana dentro de mim. E hoje ela precisa ganhar formas, virar historia para me ninar.

Entendo que magoei e magoo muita gente por nao atender aos desejos alheios de lidar com a dor. De nao ser a mesma que era antes de voce. Na verdade, eu mesma confesso que não soube mais viver depois de nós. E por mais habilidade que tenha o astor, minha mae, o terapeuta, os amigos, os estranhos, etc, a minha dor tem um tez, uma voz, uma intensidade e um peso, que por mais que se assemelhe a um monte de dor, ela é só minha. Sei que os amigos dele sofre como amigos, que o pai sofre como pai, que os irmaos, minha mae, meus irmaos, etc, todo mundo tem uma historia com seu peso e suas leembrancas. Mas todo mundo, todo mundo, todo mundo, continuou. Eu nao. Ninguém consegue substituir teu nome, teu rosto, teu toque, tuas palavras prontas para minhas inquietudes, teo olhar compreensivo para minhas insegurancas, teus gestos de incentivo para as nossas conquistas e acima de tudo sua companhia para meu silencio e sua alegria para minha concentração.

E por mais que sofram com o meu sofrimento, meu sofrimento nao posso dividir ou compartilhar com ninguem, tem uma porcao dele (a maior) que é especifica de mae. E Rafa nao teve duas. Fui unica, e exerci minha maternidade a partir de seu primeiro sopro de vida.

Como me reorientar a viver com superacao sem que o tempo faça seu propósito, fazer-me entender e conviver sem o nós. e logo nós, que não tínhamos mais segredos para confessarmos, então criamos os nossos, singelos codigos representados pelo dia-a-dia, era tao natural, mas era nosso, os olhares se permitiam e recriminavam rapidamente, palavras eram so figurantes, amavamos a voz e respeitavamos nossos silencios exigidos quando necessarios. Como me diz? Como? Viver sem o nós, as vezes me impede de viver comigo, me da a sensacao de que não vivo mais, apenas suspiro sonhando a vida que queria ter, vivo e vagueio pelas nossas lembranças.

Nao sei filho se morro de amor ou de saudades, e parece que nao faz diferenca, dizem que nao se sente saudades o que nao se amou, e sei que sentiu que foi amado, e muito. Nao tento superar mais nada, nao quero ser quem fui, mas desejo simplesmente que quando esse senso de falta de direcao passar, eu me torne alguem que ainda tenha a capacidade de ser captada pelo seu olhar e sensivel a nossa eterna ligacao. Acho que no fundo, ainda espero sua opiniao, como era antes, e não me importo com o tempo que vou levar ate entende-la.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

RAFA ME ENSINA A FLORESCER

Fico te procurando pelos segundos de meu tempo biologico, e pelos dias deste tempo fisico que me afasta de voce. E sempre sei de você, mesmo quando nao estou me perguntando por onde andas.
O sol frio depois de dias de chuva, noninicio de uma tarde de inverno vai confessando a lembranca por onde voce andou, e sempre percorro teus lugares, seus andares, nossas lembrancas, minha saudade.
Você me convidou para viver uma vida cheia de luz e energia, mas não sabia, ou se sabia me escondeu, que convites tinham respostas que valiam para sempre. Nao consigo entender que o para sempre acaba.
Não dispenso nem a falta que você me faz, ela é também companhia minha em dias assim. Dias em que te procuro, te percorro, te grito, mas a ausencia so ela me atende.

Pego o telefone e vejo seu nome varias vezes. Procuro seu orkut e nada nele resta escrito, abro um email para mandar para voce, penso e penso, chego a escolher as palavras, mas não irei avançar, não irei dizer nada do que ja nao conhece, nem te aborrecer dizendo o que sobrou de mim após nossa despedida.

Fecho o telefone, o netbook, as redes sociais, o email, e seguro firme a caneta em desvario no papel e quando vejo esta la, o mesmo coracao dantes, so que agora ele fica com registro de ensanguentado. E uma letra rabiscada por si mesma comomse tivesse vida propria nos quatro cantos do papel. Quiçá um bilhete pudesse ser escrito para voce. Num desses que o remetente nao recebe nunca a resposta, mas tem o AR com certeza de que foi entregue e lido por quem de direito.

Quanto tempo demora a tua hora de voltar? Isso me alfige agora. uma resposta que pudesse ser decifrada por meu coracao penoso, por minhas maos carentes de seu corpo, por meu colo desejando seu peso, e por meu rosto esperando seu beijo. A espera é sempre o tempo que uma gerbera tem ainda enquanto nao se fez flor, e vive em sua semente. Estou esperando Rafa, até lá me ensina, Rafa, a reflorescer fora de uma primavera.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

EU TE ESCOLHERIA

Pode parecer obvio, mas eu te escolheria.

Hoje um comentario besta no trabalho, onde um sobrinho reclamava da vida facil do outro, que a tia levava de carro para a escola.

Coisa de crianca quando compara a realidade. Lembrei de voce. Nunca falaria isso.

Via as diferencas, e seu senso de justica para com os outros lhe fazia indagar. Mas com voce, voce simplesmente vivia.

Muita falta de voce essa semana...e a sensacao absurda de que se eu tive a chance de escolher voce, eu escolhi porque sabia que era o melhor.

Parece obvio, mas eu te escolheria.


segunda-feira, 29 de abril de 2013

MAIS UM

Ultimo dia de entregar a Declaração de Imposto de Renda.

Um martírio para mim...mais um ano e quando vejo la o campo dependente...nem preciso dizer.

Esse ano vou digitar o óbito para justificar a cessação da dependência. Forma fantasiosa para dizer que você não vive mais em minha dependência. Nunca viveu não é Rafa, eu que dependia de você.

Foi assim, e continua sendo.

Mais um ano de muito choro para cumprir essa obrigação.

Mais um.

Lembro do ultimo ao seu lado e nós dois fazendo a massa com a maquina nova na cozinha. Nosso espaguete ficou maravilhoso. Sempre vou lembrar do ultimo ano de enviar a Declaração constando suas despesas para o ano inteiro.

Ano passado, o sonho restaurador e cuidador com você.

Esse ano...tudo novo, e forte e duro. Menos eu filho eu continuo com essa dor velha, que enruga o coração e entristece a alma. Outro ano. Mais um.

sábado, 27 de abril de 2013

SUA LEVEZA FAZ O PESO DO MUNDO SUMIR

Hoje eu queria um dia leve, queria poder agir e esperar a vida diminuir o peso sobre os meus ombros e de alguma forma te ver te ver de longe, fazendo-me voar em seus pensamentos,andar em seu sorriso e correr por entre suas palavras.


Estou com tantas saudades de voce por perto. Saudade de tuas maos longas em meus cabelos, dos dedos que me exigem cocegas às gargalhadas, das mãos que mexiam o melhor brigadeiro que já provei.

Saudades de ouvir suas ideias, de ouvir voce cantarolando. Saudades ate dos dias em que insistia para conseguir suas coisas,ou permissao para fazer qualquer coisa que quisesse.

Hoje, eu só queria que o dia terminasse.So isso me contentaria.

Hoje , só sua leveza fazia o peso do mundo sumir.

SE NOS ENCONTRAREMOS..

Hoje fiquei assustada.

No meio de uma discussao de amigos, do nada começou-se a discutir o que deveria acontecer apos a morte. E ao aventar a hipotese de nao ter a conviccao de que nos encontrariamos apos a morte, eu me questionei: mas se eu nao me encontrar com voce, que sentido tem continuar?

Filh estou pensando nisso todo o tempo. Como continuar aqui? Sem ter a certeza que irei te encontrar?


Desespero total se e upensar nisso, porque se ainda estou aqui o sentido é só esse. Como continuar sem essa expectativa, sem essa perspectiva?

Se nós nos encontraremos?

Nao tenho duvidas. Porque se elas continuarem. Eu nao continuo.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Por que?

Por que nao passa?

Por que o sono nao vem?

Por que quando vem nao descanso?

Por que nao dá vontade de nada? Por que nao consigo continuar nenhuma area? Por que nao termino nada que comeco, e nunca fui assim? Por que tanto cansaço? Por que tanta vontade de ir embora? Por que nenhum plano para futuro? Por que um dia de cada vez tem que ser assim?

Por que canso facilmente das pessoas, e enjoou da voz ou gesto?

Por que vivo arrumando e desarrumando tudo e nada termino?

Por que?

Tudo perdeu o encanto...as vezes ate aqui,dias como hoje nao consigo nem escrever sobre os porques que me afligem....

Por que?

quarta-feira, 24 de abril de 2013

MINHA MASCARA

Ha tres semanas voltei para uma reuniao de oracao. Menos de 10 pessoas que se reunem semanalmente para estudar a palavra de Deus, para orar,para comer um bolo delicioso e para solidarizar-se. Fiz parete desse grupo em 2009, e em 2010 e 2011, ate o ocorrido com Rafa, participava em outro. Desde entao, fiquei longe e alheia a qualquer tentativa de aproximação às pessoas, e a voltar para Deus.

Eu imaginava que à medida que o tempo fosse passando, eu perceberia a clareza real das coisas.Mas a verdade, é que ate agora imagino que nada foi real. No fundo sempre espero que aconteça alguma coisa que mude essa cruel realidade.

Serenidade parece que se desconecta da gente na hora em que recebemos a noticia da morte, e parece que perambula por nossas vielas emocionais durantes longos vastos anos para nos mandar lapsos recados de que um dia quem sabe volte mesmo.

Hoje no meu pequeno grupo, uma atividade. Fazer uma mascara que nos represente. Sabado eu postei uma foto minha, sorrindo,e na legenda eu dizia, em dias, muito, muito tristes...eu finjo qus estou bem. As pessoas curtiam e comentavam, lindo seu sorriso. A mim, no intimo, era lido nas entrelinhas...nossa como voce finge bem.

Minha mascara, era parda, confeccionada em papel madeira, contornos amarronzados, disforme, olhos fechados, lagrimas escorridas pela face, ate o final da mascara, e uma boca cerrada. E na cabeça uma grande interrogaçao.

O que ela representa? A mim mesma. Hoje eu me sinto contida na mascara. Ela me continha completamente. Minhas faltas de respostas de inumeras indagaçoes. Minha forma, alias minha disforma, irregular, porque nao sei quem sou mais e quem fui nao cabe na mascara. meus olhos cerrados, nao enxergam um futuro proximo, minha boca cerrada sem expressar emoçao, sentimento ou palavra e a sensaçao de que estou perdida, mas não tinha bussola.

terça-feira, 23 de abril de 2013

A MORTE SO ME DEIXOU MAIS TRISTE! NAO MAIS FORTE.

Acho que no fundo depois que se perde um filho, e se comeca a ter a dimensao da perda e do caos à nossa volta, a gente menospreza os demais acontecimentos.

Acabamos por usar a morte, que nos vence a cada dia, como arma para vencer o resto que se levanta.

Aparentemente nos protegemos de um discurso de que depois disso, qualquer coisa a gente tira de letra.

Mas acho que nao é bem assim não. Ultimamente, eu tenho me sentido como uma casa em erosao. A morte de Rafa corroeu as minhas paredes e estrutura, mas a cada nova decepçao ou ameaça é mais um pedaço de minhas paredes que vêm ao chão.

Não estamos fortes porque sobrevivemos à morte do filho, nossa força não é nossa, nunca. Ela não é gerada por nós. Somos, e seremos sempre, pessoas feridas e maltratadas pela dor. Nao posso continuar com o discurso de que suporto tudo. Nao, nao suporto.

Está dificil ser forte, está dificil ficar de pé. Estou pedindo licença, fraquejar nesse momento é minha fortaleza, é a plena convicção de que voce nao pode fazer o que quiser comigo, justificando que eu sou forte. Porque nunca estive tao fragilizada como agora.

Finalmente me dei conta, a morte so me deixou mais triste...não mais forte.

MEU LIVRO

Sabe aquele livro que o enredo de prende e quanto mais voce le, mais distante fica do final? É assim que sinto minha vida hoje.
Como se tivesse pressa em saber como acaba, como se nao fosse mais importante saber  sobre o roteiro que me levará ao fim.
Apesar de me prender as paginas do livro, afinal é minha vida e nao consigo me livrar dela. A essa altura, estou no meio de paginas chatas que queria pular, mas tenho medo de nao entender o meado da historia.
Confuso...porque a medida que leio, tenho vontade apenas de voltar ao inicio do livro, que comeca naquele dia em que descobri que voce existia pequenininho em mim, ate a fase de seus conselhos deitado em minha cama, ou do dia que conversamos sobre seu amor e decisoes que voce ia tomar.
Os melhores capitulos de meu livro, voce que escreveu Xeberel.
Agora a leitura é entediante e nao dou conta de escrever nenhuma historia legal sem sua companhia.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

23 MESES SEM VOCÊ.

Um mês.  Mais um em nossa distância. Quase dois anos. Ainda me pergunto como pode? Como posso ter chegado até aqui? Estou há 23 MESES SEM VOCÊ. 

01 ANO e 11 MESES SEM VOCÊ , e eu ainda permaneço brigando comigo e com o mundo para entender como eu posso ter sobrevivido a sua distancia.

Como percorrer todos os dias os vazios que sua ausência me proporciona, ou aceitar a falta que sua convivência me impõe?

Como meu amor? 

E por que levantar todos os dias, sem ter a expectativa de te ver, de te esperar, de te cuidar, de brigar contigo, de conversar, ou apenas, de nos olharmos intensa e profundamente e já sabermos o que passa um no outro?

Nem preciso dizer o quanto dói. Nem preciso admitir minhas fraquezas. Elas são expostas todos os dias em meu caminhar.

Não preciso te confessar o quanto me falta fé e esperança em alguns trechos. Ou o quanto eu olho em volta e me sinto desgraçada só porque não te tenho aqui. As vezes a dor de outra mãe me acalenta. Mas a maioria delas ficou com um filho, um neto. A mim, só me restaram as lembranças, e até nisso as vezes tropeço.

Como dormir, ou comer feijão e o estomago não doer, ou ir na Casa Alemã e não pedir um brigadeiro recheado só para honrar sua preferencia, mas evitar a Baviera, porque lá ainda dói entrar? Do mesmo jeito que ainda não encaro a Passarela dos Caranguejos,  nem a sala da casa de sua avó, com as fotos dos netos la expostas e faltando você chamando-a: -vó! Daquele jeito que só você fazia, quando não enchia a boca para dizer: Minha avoooó!

Sinto falta do seu jeito de me chamar de coroa. Ou de quando você dizia: de boa mãe! Ou de todas as suas gírias, que só me faziam rir e nos deixava tão leves. Imagino o tanto que ia resenhar porque finalmente fiz os quarenta. E você não estava ao meu lado. Estou sozinha filho...e sinto sua falta demais.

Como filho, imaginar que daqui a pouco serão dois anos. Outro dia das mães, forró novamente, ferias de julho? Nunca mais neve, nem viagem, nem formatura, nem netos, nem finais de tarde no cinema, nem almoços de domingos de família, nem sobremesa feita por você para eu receber meus amigos, nem contas de telefones altas com você papeando madrugada à dentro.

Aceitar que esse era o melhor de Deus, tem sido um desafio. Mesmo assim, estou voltando para ELE. E apesar de toda a dor, dou gracas a Deus por ter vivido contigo seus 17 anos, 02 meses e 09 dias.

Agradeço pelo filho maravilhoso que Ele me deu. Por cada alegria e tristeza que passamos juntos. Agradeço a Deus pelos amigos que levantou, pelos amigos de sempre que respeitaram e respeitam meu silencio e espaço de recomposição, pelos amigos do trabalho que me cuidam, pela Igreja que ora, pelas palavras de conforto que recebo, por toda tentativa de quem quer que seja de ajudar, de ouvir, por esse espaço virtual que enxuga as minhas lágrimas, e tem sido um canal de não adoecimento cronico, porque me é permitido falar o quanto consigo e preciso.

Agradeço por cada um de seus amigos filho, todos especiais, os de sempre, os de casa, e os que a dor foi me apresentando. São tao fieis, posso dizer que pelo menos 01 eu tenho uma mensagem ou um torpedinho. Fora quando falam de você  curtem sua foto, comentam alguma coisa, oram ou simplesmente continuam te amando, e por tabela a mim também  Cada um que deixa uma mensagem, que enche seu celular ainda ligado de torpedo, que me enche de carinho e mimo, eu agradeço a Deus pela vida deles. Como é bom ouvir um Tia, e vê los crescendo e alguns ate dividindo a alegria comigo. Apenas porque queriam que você tivesse aqui para comemorar com eles. Até nisso você é especial...23 meses sem você, e você continua amado e lembrado.

Agradeço por nossa família, que do jeito que somos, respeitam meu silencio, solidão e rebeldia. E nos amam como somos né Xeberel. Sei que todos sofrem demais sem você  e me poupam disso fingindo que tocam a vida. Eu sei o quanto dói em cada um.

Agradeço por cada sonho desfeito nessa trajetória sem você  Por cada vez que tentei me levantar e cai mais longe do que onde estava, isso só me fez perceber que dependo de Deus cada vez mais.

Agradeço por cada perda depois de você  fez-me enxergar o que de fato vale na vida, e a importância que devemos dar aos fatos e as pessoas. E o mais importante, a quem somos. Quero ser ainda alguém de quem se orgulhe.

Agradeço a Deus porque você foi amado por onde andou e com quem conviveu.

Tanto a agradecer né filho, e só uma coisa a pedir...Que Deus continue sendo nosso elo...de amor e de proximidade.

TE AMO MUITO XEBEREL. AMOR ETERNO. AMOR QUE NÃO SE MEDE. E QUE NEM A MORTE APAGA.

 TE ADORO  MEU SENHOR. 
AGRADEÇO MEU DEUS,  PELO FILHO LINDO QUE ME DEU, E PELA CERTEZA QUE ESTÁ CONTIGO, POR SUA GRAÇA E MISERICÓRDIA.





AO SOM DE FIX YOU

Engraçado como a vida se encarrega de arrumar ou de nos ordenar em algumas coisas.


Eu sempre gostei de musica, mas tenho um ouvido limitado e um gosto discutível.  Mas ser mãe de Rafael,  fez-me exercitar, em musica,  sensações, conhecimentos e experiencias diferentes.


Meu filho era musical em exponencia.

Tudo era batuque, sonoro, gingado, ritmado, fluía. Ele combinava com tudo.

Eu não  Eu nunca. Musica para mim era estado de espirito, precisava me emocionar, tinha que ter uma historia. Para Rafa, musica era condição de estar vivo. Então era mais ou menos assim:se respiro, logo, ouço musica. Mas ele também fazia musica, cantava musica, criava musica, parodiava musica... ele era musica. Ele É a minha musica.

Gostei de muita coisa que Rafael me apresentou, e se eu não gostava de cara, ele explicava a historia da musica, ou da banda. Lembro dele me apresentando ao Rojão Diferente e daquele dia em diante, todos os meus amigos, independentemente da idade, sexo, credo ou condição, tiveram que ouvir o som e a historia do cantor, Gustavo, a deixar para trás uma possível carreira em direito para se dedicar a sua paixão...musica. E assim Rafa converteu outros fãs para a banda.

Eu e Rafa tínhamos em comum uma coisa em relação a musica. Poucas musicas estrangeiras adentravam nossa rotina. Não sei dizer o motivo.

Mas dentre as poucas musicas internacionais das que gosto, e me apaixono, tem uma musica do Coldplay que sempre me inspirou, mas nunca soube o motivo.

Ultimamente descobri que o Chris Martin, vocalista da banda, fez essa musica para sua esposa, que havia perdido o pai, quando o mesmo foi viajar encontrando-os para o aniversario de 30 anos da filha. A musica foi composta aproximadamente 30 dias apos o falecimento do sogro de Martin.

A esposa dele, atriz consagrada em Hollywood, falou recentemente num documentário passado na GNT, sobre a falta que o pai faz, e de como a musica aproximou ela do marido, durante a fase grotesca do luto.

Eu não sabia de nada disso, a musica existe ha 08 anos...mas sempre me tocou.

Hoje ela representa tudo que eu gostaria de ouvir.. alguém de carne osso que pudesse, aliás, que quisesse me consertar. Porque eu estou quebrada. Eu perdi um amor insubstituível  Parece que a musica já me dizia o que eu sentiria la na frente.

Sempre me emocionei com a letra, ela calava fundo em meu coração  algumas vezes traduzia para Rafa trechos dela, e achava ela linda. Alguém de carne osso, que se coloca a disposição de tentar consertar alguém que se quebrou anteriormente por amor. Nunca imaginei em morte ou perda, mas numa sensação de alguém, de um amor que foi disperdiçado. 

As vezes o sentimento de luto é assim, tem tanto amor dentro da gente e parece que não conseguimos entregar ao nosso amor que se foi.

Eu sei o que Deus tem feito e como tem me sustentado, mesmo assim continuo me sentindo quebrada por dentro, como se precisasse mesmo de uma luz a me guiar e um conserto por dentro e por fora para me ver de pé novamente.



Ao som de FIX YOU...

"When you try your best, but you don't succeed
When you get what you want, but not what you need
When you feel so tired, but you can't sleep
Stuck in reverse

And the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace
When you love someone, but it goes to waste
Could it be worse?

Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try, to fix you

And high up above or down below
When you're too in love to let it go
But if you never try, you'll never know
Just what you're worth

Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try, to fix you

Tears stream down your face
When you lose something you cannot replace
Tears stream down your face
And I... [2x]

Tears stream down your face
I promise you I will learn from my mistakes
Tears stream down your face
And I

Lights will guide you home
And ignite your bones
I will try to fix you"

A PROMESSA FOI QUEBRADA.

Hoje uma foto me tocou de forma especial.

Mãe e filhas juntas à beira da piscina. 

Minha prima e sua filha...antes da aula de natação  Mãe estimulando e participando da aprendizagem da filha. Antes nadar era impossível  agora é só um desafio  e logo, logo, será fruto de muita diversão e prazer.

Na legenda a mãe prometia nunca ficar longe, apesar de uma hora ter que soltar a mão de sua pequenucha, chamada carinhosamente como seu pezinho de pequi.

Acho que também devo ter renovado esta promessa varias vezes na vida de Rafa. 

 Na verdade, ate cheguei a ver ele soltando a minha mão e andando com as próprias pernas em muitas searas de sua vida. Vi se tornar um amigo de todas as horas, um homem de caráter e atitudes que me orgulhavam, um filho especial, e já via delinear um profissional que ele almejava...mas soltaram nossas mãos em tantos outros aspectos e o levaram para tao longe, que por mais que o enxergue dentro de mim, é insuficiente para concebe-lo segurando minha mão.

Quebrei a minha promessa de mãe de nunca deixa-lo sozinho e sempre estar por perto.

Não por vontade própria, nem por falta de forca para mudar a situação,  ou inexistência de fé para implorar pelo meu milagre. Mas ultimamente vivo outra promessa com intensidade: por onde for quero continuar sendo seu par...meu Xeberel.

domingo, 21 de abril de 2013

MEU ETERNO AMOR ETERNO

Meu filho lindo de alma leve e sorriso farto.

Mais um domingo que antecede uma segunda que a essa hora, três da manha da segunda, já entristecia o meu universo, pois você já caminhava para longe de mim.

Naquele dia cheguei do culto coração dilacerado, pregou-se sobre a viúva de Serepta, pude ligar com o coração apertado e você me atendia e me acalmava.

Eu me contentaria hoje com uma ligação. Morrendo de saudades de ouvir sua voz com coisas inéditas.

 Meu Xeberel..meu eterno amor eterno.

UM DOMINGO CHUVOSO

Num domingo chuvoso, estar viva é mais difícil.

Dói ate respirar. Todo riso é fingido, toda graça é forçada, toda calma é passageira e toda verdade é mentirosa.

Num domingo chuvoso, estar viva é desesperador.
Dói olhar para o mundo à volta. As pessoas mais cuidadosas, mais chegadas, mais carinhosas, mais aninhadas...e eu sem você.

Num domingo chuvoso, ficar na cama é traiçoeiro.
Dói lembrar sem cheiro, sentir seus bracos, suas mãos longas me fazendo cocegas, suas pernas me travando num abraco, e você governando o controle do DVD para não ler as legendas dos zilhões de filmes que entoavam nossos domingos chuvosos.

Num domingo chuvoso é inevitável não doer a cada pingo caído de chuva, a cada brisa fria que movem meus cabelos e sussurram em meu ouvido...mãe vai ficar tudo bem, se ainda não está, é porque não é o fim...

Você sempre acalentava minha impaciência  insegurança, falta de fé, desespero ou tristeza com o mesmo conselho, ele me servia em todas as situações.

Meu domingo chuvoso inebriado de nossas lembranças e sufocado por minha saudade.

ISSO QUE OS DIAS 23 ME FAZEM REVIVER.

Têm pessoas que não se ligam em datas. Não estão ligadas em aniversários,  em datas comemorativas, ou datas tristes, ou de acontecimentos importantes para as famílias  Simplesmente, não se tocam com essas datas, nem ligam para elas. Conheço algumas pessoas assim. Decididamente nem eu nem minha família somos desse jeito.

Eu lembro por exemplo que hoje, 21 de abril, foi a data que meu irmão mais novo andou pela primeira vez, ha exatos 29 anos. Mesmo dia em que, alem de celebrarmos uma data em memoria de Tiradentes, o inconfidente, morria em 1985 Tancredo Neves, lembrando que com ele o povo brasileiro havia comemorado anteriormente a celebração à democracia pátria. Naquele mesmo ano, em setembro, meu pai faleceria, no dia alusivo à independência do Brasil. Por que eu lembro disso tudo? Não sei. Mas reconheço que com uma memoria dessa, fica difícil esquecer datas.

Mas o que mais me impressiona ultimamente, é a minha condição farrapa emocional. Terça-feira, fará 23 meses sem Rafa...mas o emocional começa a descer nos dias antecedentes. Não que eu fique ligada que já é dia 23, mas quando me vejo andando passos para trás ao invés de engatinhar para frente, é só olhar em volta, buscar um calendário e bingo...meu corpo, meu espirito, minha alma, meu racional acho que lutam para afastar esse dia de mim.

Ontem adentrava a madrugada chorando, e lembrando do pequeno grande Arthur (filho de uma amiga minha muito querida) que me mandava dizer e alguns dias me ligava só para dizer que me ama muito, e a mãe zelosa cheia de cuidados para que eu não me machucasse desejando ouvir aquilo de Rafa, mas enfim, Arthur me dizia, nenhum filho gosta de ver a mãe triste, e que ele não ia gostar de me ver chorando.  E nestes dias em que meu choro não respeita a presença de ninguém, tenho uma ligação ao fim do dia de Arthur dizendo o quanto me ama.  Dessas crianças com discernimento de adulto, com atitude de adulto, maduro, crescido e cheio de amor, assim é Arthur, e Rafa também.

Meu Deus, esses dias independente do que aconteça, tem o poder de me fazer chorar muito, e muito mais. Esforço me, mas a proximidade do dia 23 parece arrancar de mim todo o esforço de continuar a caminhada. Uma serie de mães na perda, dizem que se seguram nos outros filhos para continuar...e eu? Faço o que? Digo o que aos meus olhos que não param o choro? E ao meu sono, depois de quase 90 horas sem aparecer? E ao meu corpo ha dois dias com a sensação de inchaço  Ontem bati meu carro ao entrar no portão  dirijo ha mais de 25 anos e nunca bati ou raspei o carro, ontem foi o dia, na maior barbeiragem do mundo? E a sensação era que eu já perdi tudo, isso é o de menos, mas com um sentimento inevitável de derrota. Faco o que com a falta de vontade de sair ou de ver gente nestes dias? E com a impressão de que tudo perdeu sentido? E com essa falta absurda?  E a saudade?

Não! A chegada do dia 23 traz com ele toda a sensação daquele dia. Novamente o desespero, a culpa, a dor, a saudade e a solidão.

Nunca me senti tão só na vida, como nas horas em que o beijava e não tinha o beijo de volta, nem a risada, ou a voz e suas brincadeiras. 

Nunca me senti tão vazia quanto quando o abraçava ali, e ele inerte já não enchia os meus braços com seu corpo.

Nunca me senti tão empobrecida e derrotada quanto quando ao deixa-lo ali para sempre.

E desde então nunca mais me senti mais eu, nem ele tão meu.

É isso que os dias 23 me fazem reviver.

sábado, 20 de abril de 2013

TE ESPEREI CHEGAR

Tem dias assim: você ate adormece, mas não descansa.

Fecha os olhos, mas não apaga. Fica bem quietinha na cama para não perder a oportunidade de dormir, e então não se mexe, fica imóvel mas ela amanhece completamente desforrada, como se não tivesse nunca sido arrumada. Assim como seus travesseiros, seus pensamentos estão todos jogados no chão, fora do lugar.

Então você percebe, que a sensação era aquela de quando seu filho saia e você o esperava voltar ou esperava dar o horário combinado para ir pega-lo.

Eu não dormia esperando-o, mas quando o cansaço me vencia, eu cochilava, mas assim como hoje não desligava.

Hoje não desliguei, mas cochilei esperando você chegar.

Não chegou, e quando meu corpo sonado percebeu que você não viria, ele se condoeu, tentou se contorcer, e na tentativa de negar a sua partida sem volta foi para sala de esperar chegar.

Não sei como nem que horas, mas foi lá que te esperei, da mesma forma que quando lutava com o sono para ver você chegar...

EM ALGUM LUGAR ENTRE A AGONIA, O OTIMISMO E A ORAÇÃO.

Sabe o tempo? Ele continua rodando.

E o mundo? Também não parou

Se eu perguntar sobre a vida de fulano ou beltrano, vão me dizer:mudou de cidade, passou num concurso,casou, fugiu, transferiu o emprego, mudou de casa, teve filho, separou, formou, foi fazer intercambio, defendeu o mestrado, separou, etc.

Mas se perguntarem por mim...apesar do tempo ter passado, do mundo não ter parado, e de tudo que aconteceu na vida das pessoas em minha volta...a minha, filho, ficou paralisada em algum lugar entre a agonia e a oração. 

Juro que eu queria no caminho ter esbarrado com o otimismo. Estou desconfiando que esse lugarejo (otimismo) só exista depois de muito tempo que eu fique estacionada na ponte da oração.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

TIVE A SENSACAO DE QUE VOCE VOLTOU

 Hoje olhei de encontro ao espelho, que ainda refletia um pouco do sol da tarde, e vi uma cena que me fez estar no céu, pelo menos a ideia de céu do meu coração capenga era assim.

Ainda de costas vi você se aproximar, arregalei os olhos, tremi por inteiro, a voz engasgou e o grito emudeceu antes mesmo de sair da garganta.

Mas pensei: acabou, acabou tudo. Enfim, passou, Rafa voltou. Rafa voltou.

E eu ali com lagrimas nos olhos, percebi que não era você  apesar do meu corpo inteiro ter se preparado para o abraco de reencontro.

Mas era outro rapaz, meu amor, era o filho de alguma mãe que hoje pode dar o beijo de boa noite e ouvi-lo pedindo a benção.

Meu coração não acalmou ate agora, tudo dilacerado por dentro.

Quanto a paz...bem, essa tirou folga hoje.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

CHUTANDO CACHORRO MORTO, MEU DESABAFO

Fico sempre a me perguntar por que alem de todo o sofrimento de convivermos com a triste saudade de ter um filho enterrado antes de seus pais, temos que conviver com pessoas que se aproximam de nossa dor, juram ajuda e no momento mais fragilizado que enfrentamos, onde já ganharam nossa confiança, acho até que um pouco de nossa dependência, eles soltam nossas mãos?

Fico me questionando por que é necessário me sentir como cachorro morto sendo chutado? Sera que já não seria suficientemente difícil e sufocante só lidar com o processo de luto? Tinha ainda que me refazer das maldades de quem se aproxima de nossa dor, só para ter a sua própria dor compartilhada.

Já me bastava lidar com todos os percalços de sobreviver à morte de filho único  E passar por isso sozinha. Só você e Deus tratando de todas as feridas. Já me bastava essa lida. De ter que lidar com todas as perdas que essa morte nos impõe. De ter que tentar recomeçar todos os dias mesmo acreditando ser o nosso fim. De ter que conviver com o mundo sempre se desenvolvendo e a gente com a impressão de que estamos involuindo. De olhar desconfiadamente para Deus e de se isolar para não ser contaminado pela alegria do outro.

Por que alem de tudo isso...pessoas que nos veem fragilizados aproveitam-se disso? E em nome de alguma coisa que a gente preza e defende, elas nos usam. 

Meu Deus...por mais que a gente avise, por mais que a gente demonstre e abra o jogo, tem gente que para se sentir melhor, se aproxima de nossa mazela, usa a nossa experiencia, nosso ouvido, nossa compreensão, nosso colo.  Usufrui de nossa companhia e experiencia com a dor e depois...depois brinca com tudo.

Sabe aquela ideia de que para se sentir mais magro ou mais alto a gente se aproxima de pessoas mais gordas e mais baixas que nós? Acho que essas pessoas também fazem isso. Para se sentir melhor, por cima, aproximam-se da gente, e depois descartam, claro, depois que usaram o nosso sofrimento para poupar a infelicidade de ter que conviver com o que de fato elas são.

A diferença:  quando isso tudo amenizar, quando a dor nos permitir ver à frente, levantaremos. Mas essas pessoas, acho que mesmo de pé, não passarão de ser pessoas que foram capazes de chutar um cachorro já morto, suas estaturas não mudam, serão sempre rasteiras.

Muita covardia, mas minha dor não impede que eu me olhe no espelho e não tenha vergonha de quem sou. 

E você  sem essa dor, consegue se enxergar, ou ver os cachorros que vem chutando só para não se sentir pior? No silencio da noite, quem mesmo está ao seu lado? 

Ao meu, apesar de toda a solidão ..tem o sentimento de que fiz o meu melhor, a sensação de que  dei o melhor de mim e a certeza que a qualquer hora o Deus, que me ama e me levanta,  advogará em meu favor.

domingo, 14 de abril de 2013

EU CONTINUO AQUI, FILHO, MAS ESTÁ TUDO TÃO DIFERENTE.

O fim de semana é sempre mais difícil  é como se ele desse conta de que passou mais uma semana e vai chegar outra e você não vai voltar. Eu continuo aqui, filho, mas tudo está tao diferente.

A gente tenta ficar bem, sem fingimentos. Tenta enxergar as coisas que nos acontecem e ate agradecemos, mas não dura muito. O dia passa e você não. Você continua ali, uma lembrança que me espreita, que me acompanha, como se me vigiasse, como se quisesse dizer alguma coisa, mas perdeu a voz.

Te sinto assim, filho, as vezes desse jeito.

Os dias não são mais os mesmos, e por mais que me esforce a minha vida nunca mais vai ser como antes.
Os meus quarenta nem pesam, mas a dor o faz parecer uma eternidade de dias distante. Tudo mudou desde que você se foi. A minha fisionomia mudou, o meu jeito de ver e sentir as coisas também  Acho que ate a intensidade das coisas. 

A tolerância, a paciência, o mundo está diferente, e o nosso mundo, putz...esse parece evoluir e involuir à medida que consigo dominar nossas lembranças. E tudo é muito dolorido filho. Como dói ficar sem você, como dói viver sem você. Eu estou aqui filho, mas o mundo está tão diferente

Tudo está diferente, eu estou diferente. Ate você filho, ganhou contornos intensos que só a saudade e amor eterno permitem. Mas continuo aqui, lutando. Não com a força de antes. Você me abastecia dela. Suas palavras, seu carinho e incentivo, a necessidade de fazer com que você me admirasse, isso tudo me movia. Hoje...sei que tenho que continuar, mas não é a mais a mesma coisa, nem do mesmo jeito, nem do mesmo sentido. Eu estou aqui filho, mas o mundo está tão diferente.

Eu queria que você só tivesse conhecido o amor.  Penso muito sobre isso. Sobre o que você não viveu, pela falta de tempo, ou por minhas escolhas. Ah filho...se eu pudesse ter mudado a tempo de não te-lo proporcionado nenhum tipo de tristeza ou decepção  teria feito.  Penso muito nisso, que queria que o mundo tivesse sido para você  a altura do que você foi. E sei que na maioria das vezes só esbarrou e conviveu com gente do bem, mas quando lembro das tristezas, parceirão você foi, e eu tão insuficientemente madura para te proteger de minhas escolhas. Eu estou aqui filho, mas o mundo está tão diferente

Mas apesar de tudo e dessa tristeza que me consome lenta e ferozmente, por você  cumprirei a promessa, tentarei filho, com toda a forca não deixar que nada mais no roube da gente, de nossos valores, de nosso mundo. Eu estou aqui, mas o mundo está tão diferente.

Tenho tentado e sinto que me espreita, as vezes imagino que tente sussurrar em meu ouvido:" não, mãe. Aí não". E eu não o ouço e enfio os dois pés  e depois você mais uma vez tenta novamente me sussurrar:"tudo bem mãe  vamos sair dessa"...

Mas não tem mais "vamos" filho... estou sozinha,  agora sou eu e eu...e continuo aqui, mas o mundo está tão diferente.

Procuro não me isolar todo o tempo, embora essa seja a vontade, dormir, dormir, dormir...sem ter   o sono que me permita isso. Sempre tao escasso, tao perturbador, e sem sonhos contigo. Bem que eu queria respirar novos ares e não me entristecer quando o faço, quando me permito fugir daqui. Para todo mundo, uma vida glamorosa cheia de viagens, para mim horas em que não fico o tempo todo interrogando a Deus,  por que? Por que? Por que?

Só que minha fuga não dura muito porque a saudade sempre me convida a voltar, como se eu tivesse necessidade de estar perto, próximo  dentro e colada em nossa casa, nosso mundo. Como se ficar longe fisicamente disso, fizesse-me não aceitar a morte, ou prolongar sua vida, ou ainda, defender sua memoria e, consequentemente, a nossa historia.

Apesar da tentativa de me manter junto a você e nossas lembranças  fico triste todo o tempo. É muito ruim aceitar que tudo aconteceu com a gente, logo com a gente, que tínhamos o mundo a descobrir, mas que defendíamos o nosso mundo, um lugar inatingível para os demais, uma cumplicidade e fidelidade sem tamanho e tudo se interrompe de uma forma inesperada. Eu continuo aqui, mas tudo em volta está diferente.

Uma das minhas inúmeras hipóteses sobre a saudade é que de fato seja uma doença degenerativa que se aloja no corpo e nos devora em tempo e intensidade variável  E nos fins de semana, onde passávamos mais tempo juntos, ela se torna incontrolável e implacável  Agora nem sei que parte de mim continua aqui, e tudo segue tao diferente.

Sei que preciso tentar andar filho, tentar não falar ou demonstrar que sinto tanto a sua falta e seguir meu caminho. Mas como me programar para fazer isso sem você  Como olhar para mim, como todos me olham, sem você? Se ainda preciso seguir andando contigo? É uma necessidade minha ainda te ter aqui, estampado nas camisas, nos porta retratos, sem querer sair de casa, mostrando-me mais corajosa apenas para poucos, ainda errando tanto, escolhendo mal e sofrendo de forma mais intensa as consequências de minhas escolhas por não ter você para partilhar, ponderar, apoiar e enfrentar o mundo ao meu lado. Eu me fiz de forte, mas era você filho, o tempo todo você.

Eu preciso aprender tantas coisas, mas o maior desafio e aprender a conviver com você desse jeito, do lado de lá. As vezes tao distante, tao calado, tao pensativo, queria te ouvir, queria rir, chorar em seu colo, mangar de meu dedo podre, de seus conselhos, mas acima de tudo dormir ao seu lado num domingo a noite...

Ah filho, eu continuo aqui, mas está tudo diferente. Eu te peço que me perdoe filho, por que eu não tenho conseguido dissimular a saudade e esconde-la, talvez como você gostaria. É meu amor, mesmo não te escrevendo todos os dias, não tenho conseguido te enganar muito menos a mim mesma, e continuo te desejando vivo todas as noites em cada lagrima derramada. Eu tinha melhorado né?  Mas a rasteira foi grande, eu e minha mania de confiar. Também te ensinei isso, mas seu feeling sempre foi melhor, perdão meu amor, por não estar tão forte como achei que estava e fosse. 

Perdão por mais essa recaída e por estar te incomodando tanto, é que sinto falta da gente cuidando um do outro. Sinto falta de seu cuidado absurdo.

Meu Xeberel, é que esses dias a saudade tem andado tão juntinho de mim, mas tá tudo tao diferente e eu não queria continuar aqui.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

EU QUERIA MESMO QUE VOCE ATENDESSE O TELEFONE E CORRESSE PARA O OUTRO LADO DA RUA

Conheci três crianças filho, que imagino que você amaria conhecê-las. Aliás, elas perguntaram-me há uns quinze dias se você as amaria. 

E só por você saber o quanto elas me fizeram bem, sei que você as amaria. Mas também sei que se derreteria pelo que elas eram e são para mim.

Mas a vida de novo nos prega pecas, e as perdi. Dos olhos, dos bracos, e um dia vão sair do coração  porque a distancia e o tempo se encarregam de curar. Eu mesma espero que não.  Ainda sonho com os olhos e todos os cheiros que elas têm.

Hoje eles imaginaram que eu estava ao telefone. Correram para me atender, imaginaram que eu estaria do outro lado da rua. Como eu queria ter estado ali, na linha ou na calçada em frente, só para tê-los ao alcance dos dedos e no afago dos braços.

Mas assim como meu amor por você,  meu amor  por eles deve ser emanado á distancia. Dói mas é amor, e ele tudo supera.

Hoje perdi mais um...sangrei por dentro.

Queria poder te ligar, e te dizer para atravessar a rua, queria seu abraço, seu colo e sua voz dizendo que vai ficar tudo bem.

sexta-feira, 29 de março de 2013

SEXTA-FEIRA DA PAIXAO...

Fico pensando no sacrifício do Pai em morrer por amor. Não que eu queira me comparar ao seu heroísmo, ou seu ato incondicional de nos amar. Mas hoje, com tudo que me dói a alma, eu desejaria ter tido a oportunidade de ter ido no lugar do meu filho.

Sei que no fundo esse sentimento de "desmaternizar-me" à força tem massacrado cada minuto do meu dia.

Três meses incompletos sem escrever aqui, e a dor latente pulsando da mesma forma.
Achei que daria conta de suportar sua ausência sem esse diário de lamentação. Lamento de meu coração, minha verdadeira via crucis.

Cada um tome a sua cruz, a minha tem sido a dor de sua ausência e a total falta de perspectiva. Sonhos abalados, desfeitos, projetos sem objetivos, acoes sem finalidades. O mundo caótico sem você.
Pois é...

Sexta-feira da paixão. Começou com um sonho contigo.

Lembranças que doem, que apertam o peito e que dilaceram os dias longe de você.

Quando lembro de Jesus na cruz por mim e por você, eu sempre O indago, por que Deus? Por que permitir que mães chorem seus filhos, você viu no choro de sua mãe a dor transpassante que ela sentiu...por que permitir que outras tao impuras e mais fracas suportem a mesma dor?

E continuo sem entender...

Você continua sendo minha paixão filho, não só das minhas sextas-feiras.