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domingo, 21 de abril de 2013

ISSO QUE OS DIAS 23 ME FAZEM REVIVER.

Têm pessoas que não se ligam em datas. Não estão ligadas em aniversários,  em datas comemorativas, ou datas tristes, ou de acontecimentos importantes para as famílias  Simplesmente, não se tocam com essas datas, nem ligam para elas. Conheço algumas pessoas assim. Decididamente nem eu nem minha família somos desse jeito.

Eu lembro por exemplo que hoje, 21 de abril, foi a data que meu irmão mais novo andou pela primeira vez, ha exatos 29 anos. Mesmo dia em que, alem de celebrarmos uma data em memoria de Tiradentes, o inconfidente, morria em 1985 Tancredo Neves, lembrando que com ele o povo brasileiro havia comemorado anteriormente a celebração à democracia pátria. Naquele mesmo ano, em setembro, meu pai faleceria, no dia alusivo à independência do Brasil. Por que eu lembro disso tudo? Não sei. Mas reconheço que com uma memoria dessa, fica difícil esquecer datas.

Mas o que mais me impressiona ultimamente, é a minha condição farrapa emocional. Terça-feira, fará 23 meses sem Rafa...mas o emocional começa a descer nos dias antecedentes. Não que eu fique ligada que já é dia 23, mas quando me vejo andando passos para trás ao invés de engatinhar para frente, é só olhar em volta, buscar um calendário e bingo...meu corpo, meu espirito, minha alma, meu racional acho que lutam para afastar esse dia de mim.

Ontem adentrava a madrugada chorando, e lembrando do pequeno grande Arthur (filho de uma amiga minha muito querida) que me mandava dizer e alguns dias me ligava só para dizer que me ama muito, e a mãe zelosa cheia de cuidados para que eu não me machucasse desejando ouvir aquilo de Rafa, mas enfim, Arthur me dizia, nenhum filho gosta de ver a mãe triste, e que ele não ia gostar de me ver chorando.  E nestes dias em que meu choro não respeita a presença de ninguém, tenho uma ligação ao fim do dia de Arthur dizendo o quanto me ama.  Dessas crianças com discernimento de adulto, com atitude de adulto, maduro, crescido e cheio de amor, assim é Arthur, e Rafa também.

Meu Deus, esses dias independente do que aconteça, tem o poder de me fazer chorar muito, e muito mais. Esforço me, mas a proximidade do dia 23 parece arrancar de mim todo o esforço de continuar a caminhada. Uma serie de mães na perda, dizem que se seguram nos outros filhos para continuar...e eu? Faço o que? Digo o que aos meus olhos que não param o choro? E ao meu sono, depois de quase 90 horas sem aparecer? E ao meu corpo ha dois dias com a sensação de inchaço  Ontem bati meu carro ao entrar no portão  dirijo ha mais de 25 anos e nunca bati ou raspei o carro, ontem foi o dia, na maior barbeiragem do mundo? E a sensação era que eu já perdi tudo, isso é o de menos, mas com um sentimento inevitável de derrota. Faco o que com a falta de vontade de sair ou de ver gente nestes dias? E com a impressão de que tudo perdeu sentido? E com essa falta absurda?  E a saudade?

Não! A chegada do dia 23 traz com ele toda a sensação daquele dia. Novamente o desespero, a culpa, a dor, a saudade e a solidão.

Nunca me senti tão só na vida, como nas horas em que o beijava e não tinha o beijo de volta, nem a risada, ou a voz e suas brincadeiras. 

Nunca me senti tão vazia quanto quando o abraçava ali, e ele inerte já não enchia os meus braços com seu corpo.

Nunca me senti tão empobrecida e derrotada quanto quando ao deixa-lo ali para sempre.

E desde então nunca mais me senti mais eu, nem ele tão meu.

É isso que os dias 23 me fazem reviver.

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