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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

NAO ME IMPORTO

E semana passada ao conversar alguem falava de mim a uma amiga. E no meio da conversa falavam mais ja tem dois anos de Annalu sem Rafael, e minha amiga dizia, nao já, mas só, só tem dois anos, de Annalu sem Rafa. Ai uma pergunta para outra, como só, e minha amiga responde, sabe-se lá quantos anos ela vai viver sem ele, entao, agora só tem dois anos, de toda uma vida sem seu melhor amigo.

Depois ao me confessar isso, minha amiga me dizia, vejo sua dor e penso, a gente exige de voce que corra, mas sabemos que voce nao tem mais pernas, porque viver sem filho é isso, correr sem ter pernas. E eu calei aquela definicao por uma semana dentro de mim. E hoje ela precisa ganhar formas, virar historia para me ninar.

Entendo que magoei e magoo muita gente por nao atender aos desejos alheios de lidar com a dor. De nao ser a mesma que era antes de voce. Na verdade, eu mesma confesso que não soube mais viver depois de nós. E por mais habilidade que tenha o astor, minha mae, o terapeuta, os amigos, os estranhos, etc, a minha dor tem um tez, uma voz, uma intensidade e um peso, que por mais que se assemelhe a um monte de dor, ela é só minha. Sei que os amigos dele sofre como amigos, que o pai sofre como pai, que os irmaos, minha mae, meus irmaos, etc, todo mundo tem uma historia com seu peso e suas leembrancas. Mas todo mundo, todo mundo, todo mundo, continuou. Eu nao. Ninguém consegue substituir teu nome, teu rosto, teu toque, tuas palavras prontas para minhas inquietudes, teo olhar compreensivo para minhas insegurancas, teus gestos de incentivo para as nossas conquistas e acima de tudo sua companhia para meu silencio e sua alegria para minha concentração.

E por mais que sofram com o meu sofrimento, meu sofrimento nao posso dividir ou compartilhar com ninguem, tem uma porcao dele (a maior) que é especifica de mae. E Rafa nao teve duas. Fui unica, e exerci minha maternidade a partir de seu primeiro sopro de vida.

Como me reorientar a viver com superacao sem que o tempo faça seu propósito, fazer-me entender e conviver sem o nós. e logo nós, que não tínhamos mais segredos para confessarmos, então criamos os nossos, singelos codigos representados pelo dia-a-dia, era tao natural, mas era nosso, os olhares se permitiam e recriminavam rapidamente, palavras eram so figurantes, amavamos a voz e respeitavamos nossos silencios exigidos quando necessarios. Como me diz? Como? Viver sem o nós, as vezes me impede de viver comigo, me da a sensacao de que não vivo mais, apenas suspiro sonhando a vida que queria ter, vivo e vagueio pelas nossas lembranças.

Nao sei filho se morro de amor ou de saudades, e parece que nao faz diferenca, dizem que nao se sente saudades o que nao se amou, e sei que sentiu que foi amado, e muito. Nao tento superar mais nada, nao quero ser quem fui, mas desejo simplesmente que quando esse senso de falta de direcao passar, eu me torne alguem que ainda tenha a capacidade de ser captada pelo seu olhar e sensivel a nossa eterna ligacao. Acho que no fundo, ainda espero sua opiniao, como era antes, e não me importo com o tempo que vou levar ate entende-la.

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