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terça-feira, 10 de julho de 2012

A SAUDADE ESTA MORANDO AQUI EM CASA

Saudade é uma coisa que acompanha a gente, mas que cresce em sentidos opostos também. Não numa direção retilínea, parece não ter direção, cresce para todos os lados, preenche todos os poros, ocupa todos os espaços.

As vezes passo pela porta de seu quarto e imagino a saudade ali deitada. De repente eu a flagro mudando o canal da tv no controle remoto, ou cortando as unhas dos pés para não ocupar tanto espaço. As vezes penso que ela acabou de desligar o telefone para não ser flagrada avisando a "lembrança" e a "distancia" que ela se apropriou de seu quarto também.

Também tenho a sensação que ela se banha em seu banheiro, de portas fechadas e ducha prolongada, posso sentir o shampoo de gengibre que comprei para você e você não experimentou, ela está usando-o, ou os cheiros dos sabonetes de sementes que eu trouxe de Belém, e você gostou. Eram para suas espinhas, será que saudades também tem espinhas?

Tem dias que imagino que ela abriu meus novos perfumes e se empanturra deles. Só que ela não respeita o espaço que você respeitava, ela quebra protocolos, viola embalagens e deixa o rastro no ar de que ela está ali, ativa e presente.

Ela nunca vai a cozinha. Meu prato solitário permanece intacto sobre a mesa, o fogão fechado, panelas guardadas e lembranças da época em que você era a minha unica companhia e não era permitido fazer prato para comer no quarto. Mesa era lugar de família...A saudade ainda não se sente da família, acho que por isso ela não senta à mesa.

Mas tem dias, como hoje, que ela invade o meu quarto e deita ao meu lado na minha cama. Não rouba o meu sono, porque a "despedida" chegou primeiro e levou todo o quinhão em maio de 2011, então a saudade ...bem a saudade nesses dias, ela tira minha paz, o que restou, e devolve solidão e tristeza. E engravida ali na minha cama, e pári todos os dias saudadezinhas de coisas que descubro que sinto de você Rafa. E essas saudadezinhas no outro dia corre pela casa, pula na mobília e nada fica desarrumado, porque esse estrago está do lado de dentro...do meu lado de dentro.

Eu só queria que a saudade lesse um pouco para mim e recitasse em meus ouvidos, em dias como hoje, palavras de esperança e otimismo para um novo recomeço. Quem sabe quando ela fizer isso, eu não precise mais me assustar com ela andando pela casa.







Um comentário:

  1. Como não comentar tanta delicadeza, como não me deixar tocar pela beleza deste texto que mostra bem a minha amiga, que presenteia a todos os anônimos que por "sorte" ou "acaso por um dedo divino pode degustar essa declaração de amor e saudade. Ainda que cheia de ais, uma dor tamanha que que só quem explica é aquele que fez o ouro para ser refinado pelo fogo, porque tudo que é precioso tem um preço, um tempo que não nos pertence.
    As vezes pensamos que ainda seremos, ou faremos, e assim como o ouro não tem consciência porque é metal, nossa consciência não nos ajuda em nada, quando a dor do fogo nos refina, quando a lapidação nos quebra. Sou grata por estar por perto e poder saber de você minha amiga, e ler o que escreves.

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