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quarta-feira, 4 de julho de 2012

AMIZADE É UM AMOR QUE NUNCA MORRE


Eu sempre falo do amor que nos unia, e nos une ainda, do quanto Rafael era especial, do quanto ele cuidou de mim, protegeu-me, das escolhas que fiz e que ele apoiou, ele esteve ao meu lado, e podia não estar. Acho que filhos de pais separados têm essa opção. Não deve ser fácil fazer uma opção, mas tem esse direito podem em determinado momento escolher sair ou ficar. Imagino que muitos façam estas escolhas, experimentem estar com um ou com o outro, e entendo que essas escolhas são motivadas por varias coisas. Rafael escolheu ficar, nunca foi, sempre ficou e imagino que tenha tido vontade em dados momentos, mas ficou comigo, fez um sacrifício por amor.

Era amado nos dois lares, teve pais que demonstraram todo o tempo o quanto ele era importante e especial, o quanto devotamos a ele o tempo, o amor, e os valores de nossas vidas. Não dividi esse tempo dele com ninguém, mas sempre fui vista como mãe, tentei agi como mãe e ele foi se transformando em meu amigo. Era filho, mas era meu filho-amigo e muitas vezes um amigo-filho. 

Brinquei, tirava onda, era comum em uma parte de nossa relação ele me chamar de coroa, principalmente depois que eu fiz um comentário sobre essa gíria e como ela era entendida como falta de respeito em minha época. Mas ele tirava onda, e eu amava como ele me chamava de coroa. Afinal eu tinha trinta e poucos anos e ele já era um menino de mais de 1.70 cresceu rápido, nos últimos anos já estava maior que eu e as palmadinhas já eram difíceis de pegar, não doíam mais, os castigos ficavam cada vez mais esparsos e entramos na era das conversas. Eramos próximos. Muitas vezes encontrava com pessoas na cidade, nos shoppings, e como andávamos de mãos dadas e ele era muito beijoqueiro as vezes tinha que dizer...meu filho, lembra de Rafa. Aí ele sempre brincava, mãe tão achando que estou dando um trato na coroa. E riamos do julgamento e da curiosidade do povo.

Então essa relação de mãe e filho ficou muito bem desenhada para gente. Nunca omiti o tamanho do meu amor, sempre, sempre falei que ele era a pessoa mais importante de minha vida, e que era meu motivo de viver, minha razão de acertar. Claro que Rafa não ligava para mim para dizer que ficou, ou que saiu de um lugar para o outro, mas sempre me dava parte do roteiro depois. Acho que como eu fazia com ele, sempre dizia o que acontecia, como eu me sentia, quem fez o que, como eu reagi, etc.

E à medida que as duvidas sobre profissão, carreira, namoro, fé, etc. surgiam a gente ia discutindo mais profundamente. Não estava mais naquele estagio em que mães falam e filhos ouvem e discutem internamente. Ele questionava e ultimamente me perguntava, tinha a iniciativa de explorar os temas, e aprofundamos nossos diálogos. Eu diria que do dia das mães de 2011 ate o dia em que ele partiu, amadurecemos tanto, discutimos tanta coisa nova e fechamos alguns pareceres sobre pontos de nossas vidas. Na ultima semana de vida, nos falávamos umas 08 vezes por dia por telefone. Era como se eu tivesse só a ele e vice-versa.

Só neste domingo percebi que nunca, nunca disse a ele que ele era meu melhor amigo. Como devo ter dito aos meus amigos, os melhores: Cibelle, ou Déa, ou Adriana, Monica e Rejane no primeiro e segundo grau (sou desse tempo), Carina Lemos, ou Fabíola, Adriana e Demi, pessoas que eu amo profundamente e que ainda me acompanham, uns mais de perto que os outros, mas fomos melhores amigos, e continuamos nos gostando e sabendo que podemos contar um com os outros.

Não disse a Rafa. E ele foi o melhor de todos, porque nenhum dos outros precisou fazer sacrifícios para estar comigo. A não ser as implicâncias de seu pai que muitas vezes me afastava de meus amigos, ou o caráter de uns e outros, e por conta disso, da paz do lar, me afastava mas nunca abandonei minhas amizades. Fomos e somos leais até hoje. Mas Rafa foi diferente. Ele saiu do patamar de filho, conquistou a bandeira do amigo, do conselheiro, do leal confidente, do que colocava a bola para cima, do que exigia que eu crescesse, do que não aceitava que não desse o melhor, porque reconhecia o potencial.

Não disse a meu filho que ele era meu melhor amigo. Não tive segredos com ele. Nenhum, de nenhuma especie. As piores coisas que fiz, as piores crises que enfrentei, os segredos mais escondidos foram descortinados a ele. Ele me conhecia pelo olhar, pelo tom de voz, pela pisada.

Hoje sonhei contigo de novo Rafa. Mais uma coisa importante em minha vida que precisava ser resolvida, e você me falava sobre isso, e eu dizendo que estava fragilizada que tinha medo, e você discutia comigo todos os pontos, estudávamos as saídas e em seguida você incentivava que eu desse continuidade, entrava no carro comigo e dizia, vamos, e dava o itinerário e o que eu ia falar. Quando desci do carro, você já não estava mais comigo, então eu ficava louca gritando pela rua te procurando e alguém me dizia, calma, você sabe que ele não esta mais aqui e já sabe o que tem que fazer, faça.

Eu vejo nossos sonhos, como um presente de Deus. Um cuidado especial de Deus comigo. Uma forma de ministrar ao meu coração e de apascentar um pouco dessa saudade. Serei eternamente grata porque esses dias em que sonho contigo, eles são especiais demais.

Eu queria você aqui, tenho tanta coisa para te falar ainda, coisas que eu não falo nos sonhos, queria poder falar um pouco, mas Deus sabe de todas as coisas e usou muito os sonhos para falar ao seu povo, que possa usar cada vez mais para falar comigo.

Filho, meu amigo, meu melhor amigo...amizade é um amor que nunca morre, assim como nosso amor. Obrigado por seu cuidado, sua lealdade e seu carinho.


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