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domingo, 8 de julho de 2012

NAO SINTA PENA DE VOCE MESMA

Eu sou, ainda sou, daquele tipo de pessoa que não gosta de ter por perto gente mal humorada, reclamona da vida, deprê, baixo astral.  Sempre gostei de sorrir e de fazer sorrir quem estivesse ao meu lado. Sempre gostei de festa para tudo, comemorar qualquer coisinha que acontecesse de bom. Mas também sempre tive reconhecida a capacidade de compreender os outros e de chorar junto.  


Rafa também era assim. Só que Rafa era muito mais carinhoso e mais otimista. Eu tenho um defeito, aliás tenho vários, mas quando não sei fazer a coisa, ou quando vou me expor a algo novo, tenho uma tendencia a achar que não dá certo, e fico meio estressadinha, principalmente se tinha Rafa ou minha mãe por perto, porque eles tinham um otimismo além da conta e seguravam muito bem a minha onda e eu podia sei lá, fazer um stress maior.

Fiquei feliz ao ver meu sorriso novamente. Eu o vi no dia da comemoração de Gui, e postei com o titulo "Meu coração sorriu hoje".  Talvez seja isso que aconteça com pais que ficam com outros filhos, a dor está ali, continua doendo, continua gritando, a falta de seu filho não te abandonou, mas você rir com o outro, e naqueles míseros segundos você se sente capaz de ser feliz com a medalha da natação, com o 10 em matemática, com a apresentação do forró, com a primeira piada que ele contou, com a apresentação da igreja no dia das crianças, ou com o solo que ele fez no Natal, ou com o primeiro bolo que ela fez, ou quando ele passa no vestibular.

Eu não sorria assim, com nenhum dos sobrinhos, com meus primos, com meus irmãos, inclusive na viagem que fizemos juntos em janeiro, ou com minha irma quando passamos carnaval fora, nenhuma de minhas fotos tem o sorriso que na companhia de outros filhos, ele aparece.

Nos últimos 12 meses, viver cercada de gente alegre me doía, porque eu não sou ainda capaz de compartilhar alegrias, confesso que nem tristezas ainda. Consigo ser educada, e sincera. Felicito, parabenizo e continuo no meu processo.  Também não quis do meu lado, gente que me pusesse mais para baixo, graças a Deus essas pessoas foram as primeiras a serem rechaçadas e  devidamente isoladas de minha vida.  Nem quis ser isso na vida de ninguém, por isso ficar sozinha me faz bem no momento.

Uma coisa que sempre pedi a Deus era que não me deixasse sentir pena de mim mesma, apesar de muitas vezes ter falhado no meu objetivo, ainda espero continuar minha jornada assim.  Não quero olhar para trás e dizer que foi uma fatalidade, porque não se resume a isso, mas também não quero olhar para mim e  sentir pena de tudo, porque apesar da perda, eu vivi um grande, grande amor, eu amei incondicionalmente e sei que fui amada. Eu enfrentei e conquistei    muita coisa ao lado de Rafa e nós rimos juntos a maior parte de nosso tempo. Tiramos onda da gente e da vida, e essa alegria e consciência em ter vivido assim com ele, de ser quem fomos, vai me dar força para continuar o processo.

Quando paramos de sentir pena da gente conseguimos enxergar quem a gente é de fato, e só assim entendemos que a capacidade de sorrir continua ali, e uma horinha ela vai aparecer, nem que para isso alguém, a quem ame como filho, precise passar no vestibular. Sei que não vão acontecer coisas especiais todo o tempo, mas eu e Rafa fazíamos  de uma pipoca com filme e um bolo de ovos com refrigerante ou o famoso suco de maracujá bem gelado que ele amava, na tarde de um domingo chuvoso qualquer, um dia especial. A gente não precisava de coisas especiais para sorrir, bastava nos olharmos e tirávamos onda.  As vezes ele só punha  a mão em meu quadril e a gente já ria fazendo piada.  


Isso talvez ainda não tenha ido embora, e quem sabe ele não me deixou um pouquinho dele também.

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