Hoje finalmente saiu o resultado de vestibular da UFS. Segundo o meu sonho, Rafael me aconselha "mãe não pense no que eu não fui, lembre do que eu fui apenas", ou alguma coisa próxima a isso que não vou voltar a postagem do sonho para conferir como ele dizia, mas apesar do sonho, é impossível que uma mãe não se coloque no lugar das outras mães em idade de seu filho e que aguardavam o resultado da Federal.
Na verdade sofro antecipadamente com a veiculação dos resultados dos vestibulares desde o meio do ano, quando foram aplicadas as provas do semestre. Primeiro porque muitos colegas de Rafa fizeram, segundo porque ele estava bem animado, e contando com essa possibilidade e terceiro porque era a realidade que eu estava vivendo: Terceirao, Enem, Vestibular, Cotas.
Aqui em Aracaju não temos o costume de fazer terceiro ano e depois um ano de cursinho para o vestibular, como em muitas capitais, tentamos já no terceiro ano, e o comum é entrar. Venho de uma tradição de colégios que aprovavam para a UFS, que era a cobiçada independente do que hoje se utiliza para menosprezar o esforço de entrar nela, e além de entrarmos na Federal direto do terceiro ano, tenho muitos colegas aprovados em federais e estaduais pelo pais afora. De uns tempos para cá tem se dado mais valor as universidades particulares, e fui professora das três maiores faculdades particulares do Estafo, e a aula que daria nelas, dava na UFS, e alguns professores passaram a ser colegas e não vejo diferença entre estar na particular ou na pública, desde que o esforço seja diretamente proporcional ao que recebeu. Digo isto pelas restrições que tenho ao ENEM, as cotas, etc.
Dito essas informações fica clara que a turma de Rafa, tanto no Graccho, como a turma do Amadeus, viveu até hoje a expectativa do resultado. E junto com ela, vem a cobrança velada dos pais, parentes, amigos, a própria auto-cobrança e todo o desejo do mundo de que aqueles segundos que antecipam o conhecimento do resultado pareçam uma eternidade. Na hora de procurar o nome na lista, desejamos ter qualquer inicial menos a nossa. E quando o nome é comum precisamos conferir o sobrenome, e quando o nome é difícil parece que os olhos percorrem o texto de forma mais rápida.
Rafael ano passado passou na Fase e também foi chamado para a Unit, os dois vestibulares que fez, ainda cursando o segundo ano. Lembro dele chegando em casa, e eu perguntando como foi, e ele falando sobre assuntos que não tinha nem visto e resenhando para dizer como tentou resolver. A gente ria junto, mas não tinha tanta cobrança, era um vestibular para experiencia, só que ele passou, deu certo. Emancipamos e tentamos autorização judicial para fazer supletivo e cursar. Eu ainda tinha receio sobre essa decisão, mas ele tinha apoio de outras forças familiares, no final, vencida, o apoiei. Saiu a sentença, recorremos, perdemos, o juiz entendeu que com 16 anos ele não deveria entrar. Uma pena, me formei aos 21 em um curso de 05 anos. E não fui estudante imatura por entrar cedo na faculdade. Hoje acredito que Rafa tinha que ir mesmo para o Graccho, precisava conhecer pessoas, precisava estar em casa, para partir em família, é como me sinto lá, e ele pode também se sentir assim.
Ano passado beijei-o, fomos a casa de minha mãe (moramos no mesmo prédio) ele recebeu os parabéns e deixamos para comemorar na sexta, pois minha família achou melhor sair no dia seguinte. Nunca fizemos a comemoração. Meu filho comemorou com seus amigos, os melhores, na mesma noite. De uma forma atrevida, perigosa e corajosa, pegaram meu carro e saíram, só soube depois que ele partiu, quando o mais responsável deles, em visita logo depois do falecimento de Rafa, e contaram sobre o que fizeram. Mas não o vi careca, nem alegre em demasia, nem realizado.
Hoje obviamente que feliz com os que passaram, obviamente que esperava resultados mais animadores para a maioria dos meninos que vi crescerem, mas aprendi nessa jornada que esse resultado não é capaz de dizer quem somos, nem de ditar quem seremos. É apenas, sem desmerecer o esforço de ninguém e sendo extremamente solidaria e contente com os que lograram exito, solidarizo-me agora com os que tinham nesta porta a ultima esperança.
Muitas vezes a vida não publicou a noticia em minha pagina. Em tantas outras, minha noticia já agendada foi cancelada, em tantas outras a noticia já não fazia diferença em minha trajetória, então, essa é mais uma das muitas vezes que a vida não publica nosso nome no jornal. Hoje ao invés de procurar o nome de Rafa, deveria ter recebido o nome para colocar na lápide. Mesmo essa, não ficou pronta hoje. Então, é olhar para frente, porque essa é a vidinha que vamos levar, com ou sem nome na lista de aprovação, ela sempre nos tirará da noticia algumas vezes.
Apesar do dia sofrido, ele começou e terminou com noticias boas, dentro do possível. Sonharam com Rafa e me avisaram ainda cedo, e mais uma vez, ele falava, estava comigo o tempo todo, sabe que estou triste mas está bem e a noite, outro Rafa, meu ex-aluno, ao se formar, em seu convite, nos agradecimentos, fez uma referencia e postou sobre a unica coisa da qual me orgulho: mãe.
Que as mães sejam abençoadas, independente da aprovação de seus filhos, porque sei que sofreram junto.
Hoje obviamente que feliz com os que passaram, obviamente que esperava resultados mais animadores para a maioria dos meninos que vi crescerem, mas aprendi nessa jornada que esse resultado não é capaz de dizer quem somos, nem de ditar quem seremos. É apenas, sem desmerecer o esforço de ninguém e sendo extremamente solidaria e contente com os que lograram exito, solidarizo-me agora com os que tinham nesta porta a ultima esperança.
Muitas vezes a vida não publicou a noticia em minha pagina. Em tantas outras, minha noticia já agendada foi cancelada, em tantas outras a noticia já não fazia diferença em minha trajetória, então, essa é mais uma das muitas vezes que a vida não publica nosso nome no jornal. Hoje ao invés de procurar o nome de Rafa, deveria ter recebido o nome para colocar na lápide. Mesmo essa, não ficou pronta hoje. Então, é olhar para frente, porque essa é a vidinha que vamos levar, com ou sem nome na lista de aprovação, ela sempre nos tirará da noticia algumas vezes.
Apesar do dia sofrido, ele começou e terminou com noticias boas, dentro do possível. Sonharam com Rafa e me avisaram ainda cedo, e mais uma vez, ele falava, estava comigo o tempo todo, sabe que estou triste mas está bem e a noite, outro Rafa, meu ex-aluno, ao se formar, em seu convite, nos agradecimentos, fez uma referencia e postou sobre a unica coisa da qual me orgulho: mãe.
Que as mães sejam abençoadas, independente da aprovação de seus filhos, porque sei que sofreram junto.
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