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domingo, 11 de dezembro de 2011

FALAR DE VOCÊ E NÃO PRONUNCIAR O SEU NOME

Tem dias que é mais difícil enfrentas a vida sem você. Ontem por exemplo foi um dia assim. Escrevi duas mensagens no blog, fiquei ate as quatro da manha sem que o remédio fizesse efeito, ouvi a musica que postei na mensagem do facebook varias vezes, e ia no seu quarto e olhando suas coisas pedia que você voasse, para longe, e que eu te encontraria em algum lugar...chorava cantando, pronunciando cada palavra como em oração, desejando no intimo que você esteja entre as flores de um jardim e que meus olhos vão te ver mais uma vez, porque o verdadeiro amor espera uma vez mais.

Ouço com o coração partido eu dizer que você tem que voar para longe, mas não é fácil. Não é natural ver as pessoas falando de você e não falando o seu nome, meu Deus eu as vezes faço isso, como se pronunciar seu nome nos poupasse de alguma coisa, mas não nos poupa, não falar seu nome e pensar em você, apenas nos machuca mais, e te machucaria eu acho porque você gostava de ser percebido, comentado de estar no burburinho de tudo. Hoje a dor as vezes nos cala.

Tem dias que vejo o silencio doendo nos recados de Luanna, de Anne, de Aline, de Kelly, nas lagrimas de Ive, nos recados de Tico e Gui, nos silêncios velados de minha mãe, nos comentários de ir a pia de Lícia, e nas vezes que nego sua existência, quando digo que você era ou eu era, para referir-me aos papeis de filho e mãe.

De uma forma geral Rafael tenho usado uma mascara, não falo sobre você longe de mim e busco não chorar em publico, os remédios ajudam bastante, e o filme passa o tempo inteiro, em todos os minutos de meu dia, de como a minha vida mudou com a sua chegada. Podia levar a minha vida inteira tentando contar a minha historia a partir de seu nascimento, podia deixar bem claro o quanto eu fui feliz contigo, mas de que vale ficar comprovando isso? Demonstrar minha felicidade ao seu lado, falar de um passado feliz se o meu presente é o retrato da infelicidade. Não, não preciso fazer isso, mas estou perdida no meio disso tudo, porque enquanto você era meu presente, você também me guiava em rumo ao futuro e agora...agora meu olhar se perde acostumado a te buscar, e só encontro no passado.

Ninguém pode entender o que eu sinto, não conseguem entrar dentro de mim, nem acompanhar o fluxo de minhas lagrimas e o trajeto de minha dor, da minha decepção, as vezes acho que não serei capaz de sentir mais nada, nenhuma outra dor, ou de desejar qualquer coisa deste mundo, porque ainda sonho e desejo nós dois, e isso filho, não dá para ser neste mundo, então perco a vontade de desejar coisas daqui.

Tem dias que desejo apenas a sua companhia, mesmo que não te visse, não te tocasse, não te ouvisse...desejaria te sentir, mas mesmo cercada de gente, me sinto só, por desejar a que não posso ter perto, não tenho esperanças, apenas devaneios que me sufocam de te ver mais uma vez, de abraça-lo, de da-lhe colo, de te ouvir, de sonhar com você...eu me conformo com sonhos.

Fico deitada as vezes olho as estrelas escrevo nos céus palavras que representam meu amor e minha saudade, suplico o mundo que você me apresentou e os planos que você compartilhava, vejo tudo tão diferente do que sonhamos e minha realidade começa a desabar ali na minha frente, nossas promessas e sonhos pertencem ao mundo irreal dos delírios de minha mente. Nunca fui boa em sonhar, mas embarcava em todos que você compartilhava, eu era boa em seguir com você.

Filho você sempre dizia que no final tudo acaba bem, cheguei ao fim, e não vejo meu final feliz. Esta difícil aceitar um final substituto com um roteiro que não te incluía.  Lembro de uma mensagem de Santo Agostinho que fala sobre falar de quem amamos quando eles partem, e falar sobre seus nomes, das coisas que fazíamos, do tanto que riamos, de nossas historias, etc. Estou nesta fase filho, preciso falar de você, em seu nome, de suas coisas, porque isso me mantem viva e ligada a você. Não me acostumo falar de você e não tocar em seu nome, ou não falar porque você morreu para muita gente. Eu ainda ligo para seu celular, deixo as mesmas mensagens que fazia antes, e ligo do seu para o meu, só para ver seu nome em minha tela mais uma vez.   A vida não é bela ainda, mas também não posso usar a mascara do esquecimento, ainda falo sobre você, e em dias de muita tristeza, falo com você. Amo você.



“A morte não é nada. 
Eu somente passei para o outro lado do Caminho. 
Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. 
Me dêem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. 
Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. 
Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. 
Rezem, sorriam, pensem em mim. ... 
Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza; a vida significa tudo o que ela sempre significou o fio não foi cortado. 
Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas? 
Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho... 
Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi”.
(Santo Agostinho)


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