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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

DAS GUITARRAS NÃO SAEM SOM

Pensei no que colocar nos seus sapatos, pois meus planos foram totalmente arquitetados, e as coisas precisam estar em ordem já amanha, passaremos o Natal juntos, e nao sabia o que te dar, achei duas guitarras, mas delas nao saem som.

Elas representam nossas vidas hoje. Você com a sua radiante aí, se virando, sem eu ouvir seu som, e eu de fato sem emitir som algum. É uma sinfonia muda, desritmada, intolerante, como nossa separação.

Eu tento com toda a minha força digerir isso, mas é bolo sufocante que trava o passamento do ar. Hoje encontrei com uma mãe que perdeu o filho ha 45 anos e chorou com a intensidade do meu choro, meu Deus isso não pode ser humano, não dar para passar por isso com humanidade, tem que ser herói, ou ter muitos pontos contigo, como as que tiveram os filhos ressuscitados na Bíblia, porque para nós mães que não fomos contempladas com Seu milagre, restou o beneficio da loucura, então que ela me tome logo, porque com certeza me livrará do sofrimento e da dor.

Como tocar a vida sem seu filho único, que aos 17 anos vai morar com o Pai...só ao som de guitarras surdas, e fazendo coisas ensandecidas, porque no cru e a seco, isso é loucura, não pode ser normal, real, plausível...e ainda vir de Deus, não é muito para meu entendimento e bastante para minha aceitação.

E falar do Teu amor Pai nestas horas, cala ainda mais minha guitarra. Que difícil reagir e levantar, correr para onde, se o que mais quero é ficar dentro de mim, porque só aqui bem dentro, ainda tenho Rafael preservado, porque aqui bem fora ele foi arrancado e das guitarras não saem som.

Depois de amanha as guitarras de metal para compor o quarto do meu filho estarão no sapato dele, embrulhadas de presente, mas ele  não abrirá o embrulho nem virá me dar o beijo estalado, nem a lembrança que ele me comprava com os trocados dele, sem pedir mais a ninguém que comprasse meu presente de Natal, o do meu sapato, ele me dava quando acordava no outro dia...

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