Total de visualizações de página

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

NOVO POR FORA E VELHO POR DENTRO

Troquei um monte de coisa em casa, menos as que a gente gostava. E percebi que a medida que as coisas vão sendo trocadas, nova energia e sentimentos invadem o ambiente, não sei se é a necessidade de retomar, de insurgir com a realidade de alguma forma, ou se é a percepção de que como não consigo mudar nada por dentro, vou brincando com o que está fora.

Mas quando as coisas chegam em casa e não te vejo palpitar e ou demonstrar se aprova e a gente ir trocar, ou te pedir para ir ver antes de que eu compre mesmo, dá um desespero e então percebo que nada que eu faça, compre, troque, permute, restaure, transforme, mudará o vazio que assolou nossa casa e minha vida.

Comprei um Papai Noel novo, para usar um dia, agora não...ele dói. Mas sei que um dia posso ter o desejo de usar. Peguei sua Bíblia para ler, agora não, eu sei que um dia pode ser que eu consiga fazer as pazes com ela. Quero comprar uma tinta para fazer o painel do seu quarto, agora não...preciso de sua ajuda e não sei como ela virá. Vejo as roupas de cama, os quadros no chão, as flores decompostas, as roupas no armário, o painel com uma foto apenas, seus fios, a caixa de som, seu universo a sua espera, e você sem esperar mais nada. Não consigo virar a pagina.

Por mais que eu repagine tudo aqui fora, aqui dentro é a mesmice misturada. Dor e amor, inconformismo e racionalidade, perda e ganho eterno, vazio e cheio de você.  Sou tudo isso misturada. Dias que rio, e dias que me sinto culpada em rir. Dias que falo de você em público sem me emocionar, dias que não posso falar em seu nome, dias que beijo suas fotos e dias que grito com você, perguntando porque não me chamou.  

Questiono se você tinha duvida de que era a coisa mais importante para mim. Pergunto-me sempre por que pessoas continuam a vida inteira com seus filhos, veem crescer, veem netos, e eu não pude ficar com meu único tesouro? Sinto uma tremenda inveja quando vejo mães pegando as mãos dos filhos, não importa as idades...para mim isso acabou, e nunca foi mico para voce andar assim, voce amava, ficar de mão dada, abraçar no meio de todo mundo, sentar no colo, como eu dizia com o saco de ossos...kkk, era pesado, era um falso magro porque tinha uma força muscular incrível e fazia força só para tirar onda quando sentava em meu colo.

E não aceito dizer que perdi Rafael por minhas escolhas não mesmo...a minha escolha nao deveria atormentar tanta gente que sofre pela perda dele.  E tantos outros pais que de alguma forma rejeitaram e não cuidaram não tiveram seus filhos lhes tirado, o meu, gerado no amor e expressão de amor por onde passou ter sido arrancado tão precocemente de meus braços e dos braços de todas as paixões e amores que não viveu.

Percebo que assim como as coisas novas de casa e as camisas novas com suas fotos só me fazem concluir de forma mais imperativa que nada de novo tem o condão de mudar o velho. Meu velho amor por voce, que se renova todo dia; meu velho sentimento de pertencimento, ele me pertencia e eu a ele, foi Deus quem me deu (hoje não quero dizer que me emprestou); meu velho lema que se voce estivesse do meu lado, para tudo, venceríamos qualquer coisa e a reciproca verdadeira.

Continuo do seu lado filho...sempre. Talvez esse seja meu dilema perceber que por fora é novo...estou sem você, mas por dentro é velho... você nunca se separou de mim. Te amo...




Nenhum comentário:

Postar um comentário