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quinta-feira, 14 de junho de 2012

UMA NOVA ESPERANÇA

Parece que quando tudo está perdido - e aqui no sentido de algo que mereça ser encontrado ou reencontrado, como, por exemplo, uma nova capacidade de continuar ou a mesma capacidade de andar de novo - pois é, quando parece que tudo está perdido, apagamo-nos a qualquer pista que de alguma forma nos dê folego para procurar o que se perdeu.

No meu caso qualquer coisa serve para definir esta procura, mas talvez a coisa que mais anseio, depois do reencontro com Rafa e da recuperação e estabilização da saúde de minha mãe e de meus irmãos todos juntos, é sem sombra de dúvida conseguir dormir novamente.

Aquele sono que não foi provocado por substancias químicas e que não é entrecortado pela dor de cabeça fatigante, ou pelos pensamentos de critica, culpa, reflexão, cuidados de Deus, desespero, ansiedade, etc.  

Quando as pessoas me perguntam quanto tempo faz e eu digo 01 ano e 22 dias, elas sempre comentam alguma coisa em seguida que não chega perto de tudo que estou vivendo. O esfacelamento de minha família, e da família que minha mãe construiu...e estamos enfrentando todos juntos e ao mesmo tempo: a perda de Rafa, doença de minha mãe, gravidade de meu irmão e de quebra duas separações que podem não dizer muita coisa, mas incomodam bastante.

E imaginar que nesse cenário em algum lugar a minha capacidade de olhar em frente e sentir esperança foi escondida, de mim mesma e do mundo que me espia e as vezes me persegue ao não entender o que se passa no meu submundo familiar.

Hoje retorno ao médico, depois de mais de 50 dias sem visitá-la. Nas nossas conversas, e hoje baixei a guarda com ela, ao vê-la exibindo aquela barriga de uns cinco, seis meses de gestação, eu não tinha como não me quebrar e achar que ela merecia agora um pouco da minha confiança. Só hoje falei sobre meu irmão e sobre a ansiedade de ver minha mãe enfrentando a doença e eu sem conseguir olhar para frente.  Ela elaborou uma cena bem real.

Em minhas perguntas sobre quando isso passaria, e porque está demorando tanto e que eu não tenho suportado remédios que não conseguem nem me por para dormir, ela me falou que tinha um filho do primeiro casamento que nas ferias escolares, precisava ir visitar o pai, que morava em outro estado. o que ela fazia durante as férias? Chorava, trancava a porta do quarto do filho e só reabria quando estivesse próximo de seu retorno.  E ainda me disse, o que minimiza tudo isso é que eu tinha outro filho, então pelo outro filho eu não chorava todo tempo... você não tem. E pensei...e meu filho não voltará das férias escolares...aliás ele não voltará mesmo. Por isso minha ansiedade de ir ao seu encontro.

Em meio as lágrimas e conselhos, um presente...um novo remédio que me deu 04 horas de sono. Uma nova esperança enquanto não consigo achar outra.

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