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sábado, 9 de junho de 2012

HISTORIAS E CANTIGAS PARA NINAR A MAE DE RAFA: 01 ANO E 01 SEMANA

Após mais uma noite em claro, mais uma noite sem rumo, onde o pensamento vagueia em busca de uma solução, onde a sensação de despejo de mim mesma é intensificadamente mais sentida, onde o controle para não postar ensandecidamente ou para publicar no orkut milhões de recados que o endereçado não responderá. Sonho... que um dia isso fará sentido, mas também quando esse dia chegar sei que isso por si só não fará mais a diferença em minha vida, e não vejo a hora deste tempo chegar. Porque quando ele chegar, trará com ele o fim da espera e o abraço do reencontro. Mas e até lá?

Todos os dias quando penso em escrever - e olhe que escrevo há mais de ano sobre a mesma coisa: Saudades de Rafa, de todas as formas que consegui traduzir a falta que ele me faz, da forma que consegui demonstrar a dor mais dolorida que meus braços já sentiram pelo vazio que ele deixou em meu abraço - temo que não consiga desabafar nada ou que serei repetitiva todo o tempo, mas sempre falo a mesma coisa, mas de alguma forma diferente e acho que não me cansarei de falar dele, porque se ele estivesse aqui, todos os dias de alguma forma eu falava dele, falava com ele, falava para ele, ouvia falar dele, e esse hábito não pode ser abortado de meu viver, simplesmente porque não tenho coisas cotidianas para falar. São 382 mensagens na tentativa de ninar meu sofrer, fazer-me dormir um pouco e viver um sonho novamente.

Não é porque não tenho o que relatar do primeiro dia da faculdade, ou o dia em que foi pegar a carteira de habilitação, ou o seu primeiro de dia de estagio, ou seu primeiro salario no trabalho, ou em que colégio tirou o titulo, ou do dia que ficou na fila para se alistar, ou como foi fazer 01 ano de namoro, ou agora em vésperas de dia dos namorados como ele se chegaria para me convencer de alguma coisa, não...Não é porque não tenho nada a falar sobre isso que não penso nisso. Penso, é uma loucura, acho que não durmo por isso, porque não páro de pensar.  Até posso inventar milhões de coisas para fazer durante essas madrugadas, nada sai porque não páro de pensar na rotina do dia, em como vai ser daqui por diante e tudo vem entrecortado pelas lembranças de como era quando eu podia dividir com Rafael uma vida.  E quanto mais desisto de pensar e me programo para não pensar, mais eu penso.

Nem imagino que isso já se arrasta há mais de ano. No dia dois de junho de 2011, resolvi publicar coisas que andei escrevendo desde a madrugada do dia 24 de maio daquele ano, após voltar para casa sem Rafa e com um medo apavorante de enfrentar a vida sem ele ao meu lado. Isso ainda me acorrenta de forma exaustiva. Andar sem ele, me deu um sobrepeso maior que minhas forças e vivo literalmente no empurrão de Deus.

Ainda não consigo ser ninada, mas nas horas dos dias que durmo, meu ultimo pensamento que recordo, está sempre em você, Rafa, a ultima imagem que vejo é a sua, filho, em nossas fotos.  Comecei a publicar em 02 de junho de 2011, 10 dias depois que perdi meu filho, como forma de colocar para fora, de elaborar uma dor que não era dividida com ninguém, e que ninguém seria capaz de entende-la ou de dimensiona-la...até que por conta deste blog, conheci outras mães com cicatrizes tão profundamente construídas como as minhas.

Cantigas e Historias para ninar uma mãe, para ninar a mãe de Rafa,  para fazer dormir alguém que passou os primeiros 11 dias após ter perdido seu único filho,  sem dormir ou cochilar de forma alguma, teve o nome como inspiração de que essas historias e o sentimento envolvido nela provocaria de alguma forma um desabafo e quem sabe com o coração mais leve o sono chegaria.  De vez em quando uma música para embalar a historia, porque foi assim que o criei, quem louva reza duas vezes, também foi assim que fui criada.  Então... difícil uma pessoa cantar e continuar na mesma emoção, a música, bem eu sempre achei que podia ensolarar a escuridão da estrada...por isso cantigas do título do blog...e histórias para ninar porque eu não mais ninaria meu filho, mas as historias que vivi ao seu lado e nossas lembranças teriam a função de abrandar meu vazio e acalmar meu coração.

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