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quinta-feira, 14 de junho de 2012

POR QUE TER QUE RAFAZER A VIDA?

Eu sei que as pessoas torcem e desejam de fato que eu refaça a vida, pelo menos é o que a maioria quando consegue ter um tempo mais intimo comigo, acabam falando, e aquilo soa tão pesado para mim. É como se qualquer coisa importante que me aconteça seja capaz de refazer a minha vida.  


Mas eu não quero refazer...eu queria a minha vida de volta. 


Só isso.


Mas ninguém entende.


Como é difícil me fazer entender, e até me entender mesmo, mas sei que não dá para romper simplesmente e tocar a vida descobrindo coisas novas. Não virei uma nova pessoa, não deixei de ser mãe de Rafa, mas não exercer a maternidade fez com que todo o resto perdesse o sentido. Nem sei se é da maternidade que sinto falta...acho que sinto falta mesmo do amigo.


Não sei se ele era filho antes de ser amigo, acho que ele sempre foi amigo antes de te-lo filho em meus braços. 


Conversávamos a noite, depois das dez quando eu ainda era estudante e fazia duas faculdades ao mesmo tempo, e chegava em casa depois da faculdade de Direito. Meu trajeto para casa, no ônibus já era de muita conversa, eu usava todos esses momentos sozinha para isso. Ainda ficava em casa muito tempo sozinha, porque o pai trabalhava no turno da noite e inicio da madrugada. 


Era incrível deitar na cama depois das dez, depois do óleo de amêndoas e todo aquele cuidado gestacional e só naquela hora do dia Rafael mexia dentro de mim, era como se ele processasse todo o dia e ali ele começava a me dar as respostas. Era um mundo meu e dele...meu melhor amigo. 


Não sei refazer isso, nem sei o que refazer.  Simplesmente, para continuar viva eu preciso olhar para trás.


Esse desabafo foi escrito ontem mas não foi postado, porque simplesmente achei que estava sendo contraditória, em relação a postagem da estatua de sal, da semana passada, mas hoje resolvi postar sem autocritica, porque o luto de um filho é o berço da contradição para uma mãe...a gente está viva mas é como se estivéssemos mortas e nossos filhos mortos continuam bem vivos, em todo lugar dentro e fora de nós.

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