Total de visualizações de página

sábado, 23 de junho de 2012

SEI QUE PODE NÃO TER SENTIDO

As vezes olho as paredes da lápide e me pergunto, que necessidade é essa minha de vir aqui e escrever para Rafael...que coisa sem sentido. Ele não lê, não faz a menor diferença trazer ou não mensagens. mas eu sempre penso assim. Penso que vim de longe para visitá-lo, e quando chego lá ele não está em casa, e aí...eu venho embora e pronto. Não a gente sempre deixa vestígios de coisas para que a pessoa perceba nossa visita. Eu preciso disso. 

Sei que não faz nenhum sentido, mas tem tanta coisa que não tem feito sentido em minha vida e eu tenho que fazer, que não vou suprimir a vontade de fazer o que for que acho que tenha que ser feito para demonstrar a mim mesma que ainda estou ligada. Para mim, ali não tem pó apenas...eu não seria capaz de jogar no rio, de deixar abandonado no saco, e porque será que todo mundo faz questão de enterrar dignamente seus parentes...ainda somos ligados aqueles corpos.

Se para isso o nome correto for loucura, podem rotular. Tem gente que fala com plantas, que trata animais como gente, que até destrata gente em comparação a regalias que proporcionam aos animais, tem gente que dá valor as coisas materiais mais que as pessoas, tem gente que olha só para o umbigo, tem gente de todo tipo...e tem mães que choram os filhos. 

Eu achei uma forma para chorar o meu, dentre tantas coisas consideradas maluquices, eu vou sim ao cemitério, levo flores, perfumo o lugar, sei que não tem espirito, nem alma, talvez nem corpo haja mais...mas é ali que está a coisa mais palpável que restou de seu corpo, e sinto saudades. Mesmo tendo barras de ferro, cimento, laje, mármore, granito e um mundo espiritual que nos separa, quando fico ali, é como se estivesse o mais próximo que consigo.

Não tenho obrigação...tenho vontade, e vou. E choro, e penso, e calo, e escrevo, e arrumo. E volto para casa e durmo, ah, eu durmo depois dessas visitas, sem culpa, sem dor no corpo, com cansaço e com uma saudade apaziguada.

Hoje, apos a madrugada conturbada e um sonho muito estranho, acordei e te escrevi....

Meu inesquecível filho, RAFAEL...
Sabe quando falta tudo? Hoje faltou. Faltou um monte de pensamentos positivos afirmando que isso vai passar. Faltou esperança para esperar, faltou disposição para entender e acima de tudo, capacidade para não julgar.
Hoje faltou você, faltou cheiro, alegria, lembrança boa, conversa divertida.
Hoje faltou até coragem de sair daqui, faltou vontade de vir também, faltou força para te levar embora e paz para aceitar tudo isso (que tenho que te deixar aqui e sair mais uma vez sem você).
Eu penso em você e me invade sempre lembranças boas e agradáveis ao seu lado, porque você se doou a vida inteira para quem amava. Renunciou, calou e se entregou...
Tenho saudades da gente...sinto falta de você lá em casa. Sinto falta de sua alegria e companhia.
Hoje seria dia de festa. Não para mim. 
Hoje me faltou tudo, pois me faltou você.
01 ano e 01 mês de saudades
Te amo, para sempre...sua mãe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário