PENSAR COMO VENCEDOR

Hoje uma amiga feita na dor me falou uma coisa que reflete muito em meu íntimo. Eu estava mentalizando uma musica que fala sobre sonhos que se perderam, sobre o que era benção e agora deixou de ser e de que o servo clamava pedindo restituição. é uma musica do grupo Toque no Altar, velha conhecida minha e de Rafa, que gostávamos muito de ouvir, mas que ultimamente tem falado tanto a mim...

Tem uma parte dessa letra que pede a cura, e o azeite de Deus em nossa dor.  E eu fico pensando as minhas besteiras, e como esse louvor hoje é tão diferente para mim, do que quando eu o entoava antes de 2011.

Mas para que seja entendível meu pensamento, se faz necessário constar a letra aqui, o que faço logo abaixo.

Quando eu pronuncio hoje o azeite na dor, eu penso, é Deus só temperando isso, porque não passa. Não é que não façamos mais nada, tentamos reagir, mas tudo pesa.  Fui ao supermercado, porque não consigo fazer compra mensal, nem sei como as pessoas que moram sozinhas se viram, não existe porção individual, é tudo grande ou em quantidade para lá de suficiente para uma só pessoa. E aí começa o meu dilema.

As menores porções de tudo. O leite não consegue ser consumido em três dias, a porção de queijo estraga, a manteiga nem sei dizer, bem a água mineral de 20 litros, passo seis meses.  Em todas essas coisas, eu lembro, que economia idiota, queria estar gastando o triplo mas com meu filho aqui. Ai vem as outras coisas,as que mais pesam nessa tarefa, pois nao ha como andar num supermercado e não ver a marca do creme dental que Rafa gostava, seus biscoitos, o sabor do iogurte, a duzia de banana para a academia, a marca do katchup, ou o único tipo de desodorante que ele usava, o salame que não podia ser hamburguês (meu predileto) e que desde então só compro o que ele gosta, só para ter a sensação de que as coisas dele perduram em minha casa, em nosso mundo, mesmo que não o veja e não o toque.

E em cada gondola, uma nova lembrança e a mesma vontade de deixar tudo ali. Evito ao máximo supermercado, e não faço compras mensais, simplesmente porque não mês exponho a todas as nossas lembranças. Ainda é comum eu deixar as compras no carrinho e voltar com pressa para casa.

Hoje foi assim, abreviei ao máximo. Cheguei em casa, um novo comentário de força e fé de outra mãe que perdeu filho, e em suas sábias palavras...uma ideia. Nossos filhos foram merecedores de já estarem com o Pai, nós ainda não.

Apesar de doer, muitíssimo porque esse merecimento parece que só produz o resultado da recompensa lá no mundo eterno, aqui a gente quer o imediato, o aqui e agora, a gente continua querendo os meninos por perto.  Depois, percebemos que nós não merecemos, tipo, você não foi escolhida sabe? E o pior de tudo, essa escolha embora seja uma recompensa no mundo espiritual, nos abala no mundo físico.  A falta não pode ser o superada apenas pelo argumento de que eles estão com o Pai.  A falta continua sendo insuperável.  

Mas entendo perfeitamente o que Márcia estava me dizendo, no comentário de uma das nossas postagens. Eles são vitoriosos em Cristo, nós ainda não.  

E então lembro do azeite em minha dor, lembro do sara-me e leva-me as águas tranquilas...isso não pode ser aqui neste mundo. Tem que ser lá, junto com nossos filhotes, não pode ter água tranquila e esse turbilhão de dor rodopiando dentro da gente, não podemos ser saradas ou curadas vivendo essa falta, essa ausência, essa distancia ou essa saudade.

Tem uma parte da musica que defende que o clamor pode Ressuscitar...continuo esperando...não há impossível para Deus.  

Restitui

Toque No Altar

Os planos que foram embora
O sonho que se perdeu
O que era festa e agora
É luto do que já morreu
Não podes pensar que este é o teu fim
Não é o que Deus planejou
Levante-se do chão!
Erga um clamor!

Restitui!
Eu quero de volta o que é meu
Sara-me!
E põe teu azeite em minha dor
Restitui!
E leva-me às águas tranquilas
Lava-me!
E refrigera minha alma
Restitui!...

E o tempo que roubado foi
Não poderá se comparar
A tudo aquilo que o Senhor
Tem preparado ao que clamar
Creia porque o poder de um clamor
Pode ressuscitar!...