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domingo, 5 de agosto de 2012

GOSTO DA AUSENCIA

Eu amo marshmallow.  E depois de um fim de semana como esse, onde o desespero rondou minha casa, a angustia sentou no sofá de minha sala, a solidão tomou posse de todos os outros cômodos e a tristeza não parava de travar diálogos profundos comigo, tudo que eu acho que meu organismo precisava era de açúcar.

Na verdade, ele precisava de muitas outras coisas. Precisava de ouvidos, precisava de colo, precisava de mentiras, de se enganar um pouco (sempre achei que a mentira é a pior coisa, que falar a verdade sempre é o maior caminho, mas hoje eu queria uma mentira, alguém que dissesse que isso passa, ou que isso não aconteceu, ou que sabe qual foi a finalidade, a verdade é aquela mentira que a gente gosta de ouvir quando está gorda, e quem a gente ama diz que não e que ama a gente daquele jeito), mas não tendo acesso a essas coisas, ou as mesmas só disponíveis tardiamente, joguei-me no açúcar.

Dois brigadeiros recheados (o doce favorito de Rafa na Casa Alemã) e depois um quilo, um quilo  de marshmallow.  Meus olhos brilharam quando vi na prateleira.  Até parece que não fui criança, mas a verdade, é que o acesso também não era descontrolado, nunca catei um pacote de balas ou uma caixa de chocolate e disse é todo meu. La em casa tinha controle, e tínhamos que partilhar. Fui educada corretamente, e assim eduquei Rafa, mesmo sendo único, não podia pensar só nele.  Ultimamente, eu preciso pensar só em mim...senão não saio disso tudo. Reconhecer meus novos limites, meus conflitos, minhas disponibilidades, esse é o novo desafio, e até lá não consigo pensar em mais nada. Para alguns, egoísmo. Para mim, unica saída no momento.

Sai do estabelecimento com os dois pacotes de marshmallow, e igual a criança abri o pacote e comi. Ofereci a doidinha de Rafa, que me salvou de meu azedume do fim de semana, e me aturou no pior humor de todos os tempos. Ela experimentou quase cuspindo e disse, que gosto de ausência.

Eu olhei para ela sem raiva, porque a pessoa que não gosta de banana, canela, ameixa, castanha, e tantas outras coisas especiais, não gostar de marshmallow, é o de menos, mas definir como gosto de ausência?

Olhei para ela descendo do carro, na porta de casa, e disse... você nem imagina o gosto da ausência...quem dera fosse doce e colorido como esse marshmallow, e como todos os outros que comi com Rafa, tão fã quanto eu deste gostinho, que me lembra sua presença em minha vida.




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