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terça-feira, 14 de agosto de 2012

EU MINTO


E se eu disser que não choro ainda, minto;
se disser que não penso mais, engano;
e se disser que desisti de conversar, dissimulo;
e se disser que ainda sonho que volte, ainda espero abrir a porta,
ainda espero o beijo na testa e o abraço que me tira os movimentos dos braços...
pode acreditar Rafa, porque é assim que fico toda vez que o dia cai e
escurece novamente dentro e fora de mim...

E se eu disser que estou me virando, minto;
e se eu disser que tenho esperanças, iludo;
e se eu disser que faço planos, ludibrio
porque ainda vivo a juntar os destroços de sua partida
e nesse caos ainda não espero, planejo ou tenho expectativas,
eu simplesmente sobrevivo.

E se eu disser que vai melhorar, nem eu acredito;
se eu disser que acho que vou ser feliz novamente, nego em seguida;
se eu disser que era o melhor para nós...
eu me acho a pessoa mais boba do mundo que precisa 
reafirmar essas coisas apenas para suportar a sua ausência.

E se eu disser que vai passar...
é que eu aprendi a mentir.

Um comentário:

  1. Prece...

    Sou Prece em confissão de poesia. Sou domingo cinzento e segundas ensolaradas de recomeço. Sou alguém a perguntar: será que nos encontraremos nos primeiros pensamentos da manhã; nas primeiras palavras do dia? Saberá você amanhã o mesmo que saberei? Será você amanhã o mesmo que eu serei? Queria que sim; saberia que sim; sinto que é; faço perguntas que eu mesmo respondo porque somos equivalentes; somos a mesma busca; e o mesmo encontro. Porque te queria aqui, ou me queria aí, tanto faz. Tanto me fiz teu que até agora tenho colecionado tua boca linda e todos os teus sorrisos no meu olhar de atenção. Eu já acolhi saudades como presença enfeitada de nostalgia. Olhei para as lágrimas como chuva de verão no meu jardim. E já entendi essa estranheza bonita de não reconhecer terreno em que pisamos e que sempre colhemos o mesmo, a colorir metade, a sorrir metade, a faltar inteiro de nós dois. Passamos vidas inteiras nos entregando pela metade, desatando nós, dissolvendo mágoas, buscando aquilo que nunca serviu e deixando rotina ser nosso caminho que, agora, metade é poesia. Metade é inteiro; tempo é espera e distância é certeza. Você é minha outra metade. Metade é como a sombra de Amor em dias de Sol gostoso. Agora vejo que tua falta preenche o meu vazio; são os passos parados do meu caminhar macio. E hoje sopro direção pra você se encontrar dentro; me encontrar junto, e sermos aqui fora, aquilo que já somos. E enquanto me perco nos dias, te encontro nas noites e somos na Lua; não me deixo virar pó nem pedra até te ver de novo. Chegou hora de costurar minha sorte na tua, meu Amor. E como Prece, digo: Amém ao que nos espera. Amém por eu saber que tenho você, mesmo que do outro lado.



    (Guilherme C. Antunes)

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