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domingo, 12 de agosto de 2012

DIA DO PAI

Ontem machucava e hoje ainda dói. As duas da manha, seu quarto era meu refugio, sua cama acalentava meu choro. Teve uma hora que não. Nada o segurava. Tempestade de lamentos, era único Deus, era meu único.  Não é mais meu, é só Seu agora.

Essas frases eclodiam em mim e levavam um rio de lagrimas e de dor.  

No meio da dor, a postagem anterior Meu único filho, meu filho único, você levou.

Num momento, eu estava tão forte, tão esperançosa, tão feliz em compartilhar a dor e a saudade com outros corações enlutados, no momento seguinte, tão solitário, tão meu, tão exclusivo lamento de dor que não pode ser compartilhado, é só meu, assim como o filho.

Manual, eu queria um. As vezes parte da palavra de Deus é soprada em meu ouvidos...ontem era sobre  os mansos de espírito, eu de mansa não tinha nada. Eu era revolta pura, eu ontem era ira. Era vazio, era nada.

Adormeci em sua cama Rafa, as cinco da manha, sem saber quem era eu e quem era a dor. Estava ali cansada, e dormi do jeito que estava, ouvindo a mesma música...perdida estou sem Ti...esse é o meu respirar...pai eu te amo...preciso de Ti.  Doía respirar...doía estar ali.

Tem horas que abraçar todas as suas camisas penduradas no guarda-roupa segura meu choro sufocado, hoje não segurou.  Nem sei o que segura.  Mas estava tão sufocante, que nem todo o procedimento de apagar e só acordar quando o dia dos pais passasse deu certo...estou acordada e ativa, como a dor de não te ter, de ver você saindo e dizendo mãe, beijo, feliz dia dos pais, vou almoçar com painho.  Ou quando você durante a semana já dizia, coroa vai rolar aí um dinheirinho para comprar o presente de meu pai, ou vai estressar?  Eu sempre estressava, não era filho? Sempre dizia que você tinha que economizar do seu dinheiro, e se no dia das mães você pedia a ele. Eu sempre complicava sua vida. As vezes cedia, logo no início eu sempre cedi. 

Mas você cresceu e eu queria que aprendesse o simbolismo de presentear. Passamos as cartas, aos cartões.  Você sempre comigo comprando os presentes do povo daqui de casa, seus tios, seu avô...e quando ia comigo, ainda mais novo levar flores para meu pai, e todo o seu interrogatório sobre morte e saudade. Apesar de não ficarmos juntos nos dias dos pais, você de alguma forma estava comigo.  

Lembro de um dia dos pais que por conta de sua escolha em ficar do meu lado, deixou de estar com o seu pai, e de quanto o ferimos por conta de minha escolha, perdão filho. Sustentei o seu choro na época e te pedi perdão por ter provocado tudo aquilo, se soubesse que te teria tão pouco, nunca teria embarcado. Perdão filho, só a você todos os dias preciso pedir perdão. 

Pois é filho, tudo que a gente conversava sobre saudade e morte, sobre a distancia de meu pai e sobre a certeza do amor, hoje é muito maior, nem se aplica a filho, a saudade de pai parece que tem uma conformidade, eles sempre deveriam ir primeiro que a gente...mas filho primeiro que pais, ah filho...meu único filho, meu amado filho, isso nunca vou entender.

Sabe quando eu digo que você foi meu pai, meu amigo, meu filho, meu irmão...pois é filho, hoje dói, você me protegia e fazia meu dia menos ruim...porque você estava feliz com seu pai em seus abraços. Hoje sei da tristeza dele, lembro de nossos dias dos pais na escola, nossa alegria em te ver fazendo as tarefas, é disso que lembro quando penso em seu pai, e lembro do meu, ao pedir que ele de alguma forma possa ser avô.  

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