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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O SILENCIO TOMOU SEU LUGAR

Meu maior companheiro nos últimos tempos tem sido o silencio. E confesso que tenho uma relação conflituosa com ele. Como moro sozinha, e passo a maior parte do tempo em companhia dele, muitas vezes o tenho como substituto de Rafael. Convivo com ele. Converso com ele. Reclamo com ele. Durmo e acordo com ele.

As vezes não aceito essa substituição.Não aceito que o som não seja quebrado, não aceito que a resposta as minhas conversas sejam sempre o silencio. E então brigo com o silencio e busco todos os meios disponíveis para rompe-lo.  Ligo a TV mesmo que não esteja perto de mim, para ver barulho, para quebrar o silencio. Algumas vezes sentia necessidade de ligara a maquina de lavar, só para simular que tinha vida aqui em casa. Domingo passado conversava com a pressão da panela.

Desde domingo, uma amiga de Rafa que a dor nos aproximou, porque depois que Rafa faleceu, quase seis meses, me surpreendi com uma mensagem que ela postou no orkut dele e depois no meu orkut, pedindo que Rafa tomasse conta da prima-irmã dela que havia acabado de falecer. As palavras dela tinham tanta dor, tinham tanta força, que mesmo sem conhece-la, naquele dia eu precisava falar de Jesus. Embora nem eu sabia como Deus estava me tratando. E em meio aquele processo, escrevi para ela e para a mãe dela (tia da Jai) e para a mãe enlutada. Posso dizer que fui usada  e inspirada por uma força que não a minha para escrever, e o resultado postei no mesmo dia que recebi as mensagens da prima que chorava a perda, conforme postagem de de 12 de novembro de 2011, http://cantigasehistoriasparaninarumamae.blogspot.com.br/2011/11/so-o-amor-pode-dar-forcas.html.


Foi a primeira vez que quebrei o meu silencio no blog, para falar com alguém que estava sentindo dor. Até então meu blog só falava da minha dor, e do meu silencio.

Depois de nos falarmos varias e varias vezes virtualmente, veio o dia de conhece-la e ao longo do processo, os planos de Rafa com ela. Pois meu filhote, tinha participado junto com os colegas e preparado um aniversario surpresa para ela, uma vez que morava em Aracaju sozinha e a família dela no interior próximo. Rafa era muito, muito prestativo e atencioso. Todo mundo ele queria acomodar, ajudar, fazer companhia, trazer para casa.

Com Laura não foi diferente.  Laura nos relatou que Rafa compartilhou que quando eu fosse viajar para o Doutorado ou o intercambio - que era um projeto remoto, muito bem conversado com ele, mas nada traçado, porem ele contava com isso, e em breve porque sabia que talvez fosse o processo que eu levaria a cabo, depois que ele entrasse na faculdade e tivesse orientado na vida profissional - eles morariam juntos e se fariam companhia mutuamente.  Laura é uma menina linda, e quando me contou eu pensei, que Rafa danado esse. E ela continuou dizendo que comentou que a mãe dela não deixaria, e ele retrucou informando que se eu falasse com a mãe dela a convenceria.

Eram amigos. Rafa estava apaixonado por outra pessoa. Laura era e continua sendo comprometida. E não sei o motivo, só sei que a dor nos aproximou.  Hoje conheço toda a família de Laura, o namorado, os pais, a irma.  Passamos todo o tempo e nos falávamos e nos encontrávamos  esporadicamente.  Até que chegou a hora de convencer a mãe de Laura a deixa-la aqui, quebrando meu silencio.

Confesso que a rotina mudou completamente. Mais de ano em silencio, mais de ano sem responsabilidades e horários, sem preocupações de nenhum tipo.  Mas continuo entrando no quarto de Rafa todos os dias, como fazia antes, só que em horários diferentes e chorando quando ela não esta em casa, e quando chego no quarto dele, quebro meu silencio dizendo filho...Laurinha, como ele consignou em sua agenda, está aqui em casa, você conseguiu.

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