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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

MEU MUNDO: CHEIO DE VAZIO

Tem dias piores. Dói sempre, mas tem dias que a dor fica insuportavelmente incontrolada. Tem dias que estar vivo é a ultima coisa que desejamos.  E em meio ao choro, angustia e desespero aceitaríamos qualquer proposta inusitada de sair de orbita, de perder os sentidos, de esquecer de tudo, de trocar de vida, mesmo que para tanto perdêssemos as nossas lembranças com nossos amados.

Hoje é um desses dias.  Está doendo até respirar. Cada fresta de meu corpo é uma ferida, acho que cada célula tem como núcleo a dor, a saudade e está cheio de vazio.  Como pode estar cheio de vazio? Eu estou, completamente cheia, transbordando de vazio.


Amanheceu assim em meu mundo. Ele estava cheio de vazio.


Estava pesado demais aguentar essa semana sem demonstrar a dor, tentando ser natural, mas hoje desabou. É como a bola de assopro que sabemos que vai estourar e não paramos de soprar. Eu sempre acho que vai estourar, sempre acho que uma hora o negocio desanda. A gente muda de posição, respira pela boca, expira com barulho de quem foi sufocado recentemente. Sentimos dor em buscar o ar, mas continuamos então chega um dia, que tudo dói. E a gente deseja não precisar mais pegar o ar.


O que é ser forte? O que é superar a morte de um filho?  O que esperam da gente? Será que pensam sobre o que a gente espera da gente mesmo?  Dias assim, sinto-me mais fraca, enfraquecida pela dor e maltratada pela incompreensão.


O guardador de carro na rua perto do trabalho, que me viu há sei lá 10 dias? Hoje disse: "muié já tá chorando de novo?" Pois é eu choro...quando sinto vontade e em qualquer lugar, mas se também não puder chorar...fazia o que? Qual a receita? 


Digam, expliquem, façam alguma coisa, mas tire isso de dentro de mim...mas se não tiverem a formula, me deixem pelo menos chorar, alivia o lugar para encher de mais vazio.


Parece que o mundo advinha e prepara para agredir quando estamos assim.  Estou cansada de dizer que cada um reage de um jeito. Eu me isolo, fico só e escrevo aqui. Tenho me aventurado em outras praias, talvez tome um caldo grande de onda, mas estou tentando reagir, estou tentando aliviar para encher de vazio.


Você não me entende, não é? Talvez nem me aceite também? Não tem problemas, pegue a senha e entre na fila, nem eu me compreendo muitas vezes. É imponderável, é como discutir sem argumentos e defender o que não se conhece.  Inclusive para mim, nunca perdi filho antes. 


Por que estou assim hoje? Não sei, mas será que pode ser só porque eu perdi a pessoa mais especial de minha vida...e nessa vida nunca mais o terei de novo, não tenho como lutar nem como desejar que ele volte, embora faça isso todos os dias, porque meu corpo não aceita nem a razão consegue compreender essa separação.


Bastante inusitado lembrar que esse mesmo rapaz, nos primeiros dias que me viu chorar disse, para eu não ficar assim, que ia passar. Hoje meu choro, que sequer ele ver por 60 segundos/dia, já o incomodava, mas o mundo não analisa se nos incomoda com seus questionamentos.  


Hoje, cada frestinha de meu corpo dói. E deságua em um mar de lagrimas. Meu mundo cada vez mais cheio...cheio de vazio.







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