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sábado, 22 de outubro de 2011

MEU MENINO DO RIO NO RIO.

Hoje fiquei bem nostálgica lembrando de você na Praia de Copacabana. Rememorizei todos os nossos passos ali. Como nos divertimos. Sua primeira vez de avião, de ônibus para Juiz de Fora e Petrópolis - para visitar meus padrinhos- de metrô...tudo numa só viagem, e você, incrivelmente aproveitando tudo, uma recompensa pelos dois dias de internação e um presente para mim depois de um mês sem te ver.

Em 1998, Rafa então com 04 anos, fui convocada para trabalhar no Rio de Janeiro, fazendo inquéritos administrativos, inicialmente para um período de 02 meses, que resultaram em 07 meses ininterruptos. Nossas visitas a casa, ou a Aracaju dependiam dos feriados prolongados e dos preços justos das passagens aéreas, que na época, não tinham tanta oferta e concorrência, muito menos um serviço ampliado de oferta em internet, como hoje.

Logo na viagem, na ida, uma dor enorme, maio, no dia das mães, encarei o desafio com muitas lagrimas nos olhos, meu pequeno ia ficar em casa, e eu longe tanto tempo. Na bagagem catei uma camisa dele, a que ele tinha dormido a noite, a camisa do pijama, e coloquei num saquinho. Na despedida ao embarcar, eu chorava como se não fosse voltar mais, e logo ali, antes da decolagem, tirei a camisa da bolsa e a cheirava. Chorei muitos dias de saudades, mas também pude ofertar alguns mimos que em Aracaju ele não poderia usufruir, hoje só me arrependo do tempo que fiquei longe, se soubesse que o teria por tão pouco tempo, acho que não o largaria tempo algum, nem os necessários ao trabalho.

Mas chegou a hora de recebe-lo no Rio de Janeiro, e foi uma festa, com direito a tudo...bondinho de Santa Tereza, Cristo, Pão de Açúcar, Arcos da Lapa, Barra, Ipanema, Torcida jovem rubro-negra, Maracanã, sambodromo, parque temático, Floresta da Tijuca, Jardim Botânico, Copacabana e sua praias estonteantes onde, na medida do possível, aproveitamos os fins de tarde, pós serviço.

Foi nesse período que Rafael conheceu uma das coisas mais importantes de sua vida. A emoção dos brinquedos do parque temático, e os limites. Para a maioria dos brinquedos, ele não tinha tamanho, ou idade, mas em todos em que não era reprovado em estatura, era laureado em alegria. Como nos divertimos e fomos felizes naqueles lugar.

Pude voltar com Rafa em 2010 duas vezes para o Rio. Uma vez para tirar o visto no Consulado do México, em fevereiro, e neste período, pudemos usufruir de nossas lembranças e passeamos um pouco no nosso pedaço, em Copa, mas também revisitamos o centro da cidade, onde eu trabalhava e Botafogo por onde passávamos sempre, Rafa tinha algumas lembranças de nossa semana maravilhosa de 1998.

Depois voltei no Rio com Rafa em agosto daquele ano. Almoçamos em família em Copacabana, e ele foi lembrando do prédio onde ficamos, alugamos um apartamento na Av. Atlântica, entre o posto 03 e o 04, num andar alto onde nossa varanda dava aquele bom dia ao mar e aquela avenida que não parava, Rafael lembou do prédio 13 anos depois, e ele só ficou comigo 10 dias, das brincadeiras na areia da praias, nos lugares onde comíamos, nas lanchonetes, a batatinha frita que ele amava, com queijo ralado por cima,  a pipoca com pedaços de queijo que comprávamos na volta do serviço, os quitutes dos butecos do Rio e finalmente lembrou da televisão dos cachorros, aquelas máquinas de fazer galeto assado, tão comum nas padarias do rio.

Filho, hoje tudo isso invadiu minha memória, porque queria voltar lá atras e ficar dando voltas no carrossel contigo, pegando em tuas mãos quando tinha medo das portas do metrô, ou rindo muito de nossos passeios e de você descobrindo um pouquinho do mundo, contando do avião, da comida específica, do barulho das turbinas, da viagem de ônibus a Petrópolis e a Juiz de fora, das visitas pela primeira vez a um museu e a um teatro, de ver o mengao de perto e no final do dia, voltando cheio de sonhos para casa.

Hoje continuo chorando e cheirando suas camisas, como fiz em todas as minhas viagens até hoje, levando sua camisa, geralmente a última que você usava. Só que nem sonho com mais nada, nem posso sonhar com seus sonhos. Para falar a verdade, meu menino, hoje eu não queria nem dormir nem sonhar, porque amanha, 05 meses sem você, tem sido mais doloroso e sombrio do que todas as nossas memórias e sonhos juntos.

Meu menino do Rio, das pescarias do Rio Poxim, nas andadas de lancha do Rio Sergipe, do Rio Real, do famoso Saco do Rio Real, do catamarã do Rio São Francisco, do Rio de Janeiro e do meu rio de lágrimas,  que tem nascente nos meus olhos e cuja foz mareja os nossos sonhos, tornando-os hoje, apenas expectativas embassadas e desagues das vidas que te amaram e que duramente estão aprendendo a descobrir qual o novo leito por onde correr. Se eu pudesse escolher, correria para o seu leito, seu curso e fazia de você meu afluente, como foi em todos os nossos dias juntos.


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