Total de visualizações de página

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

EU DESCOBRI PORQUE NÃO ME ENCONTRO

Tudo que somos ou fazemos na vida são definidos pela vida que a gente leva, pelos valores que vamos absorvendo ao longo da vida,pelas pessoas que vão nos cercando e principalmente pelos papeis que vamos acumulando e exercendo durante os anos.

EU achava que minha vida estava encaminhado-se para um curso normal, filho criado, estabilidade no emprego, amigos que amo muito, um emprego que me dava prazer dar aulas, uma casa que eu me esforçava para fazer funcionar, uma família, uma igreja e uma fé inabalável em DEus.

Se formos falar sobre partes...um filho criado, me trazia ao papel de mãe, o mais desafiador e mais gratificante, vê-ló crescer e me explicar coisas que eu não sabia, me dava um orgulho, vendo-o projetar sobre sua vida, projetar sobre suas escolhas, vendo-o se apaixonar para valer, vendo-o ficar entediado com o esquema escola-casa, querendo ter emprego, faculdade, liberdade, isso me dava a sensação de que estávamos no caminho certo.

Os outros papeis agora não fazem o menor sentido, ter emprego estável, ou ter tido um que me dava prazer (porque me demiti no dia seguinte ao falecimento de RAfa), ou ter amigos que amo muito, ou uma família, ou uma case que cum Ione ou uma igreja...nada tem sido suficientemente capaz de me tirar disso. Eu não tenho me encontrado porque meu principal papel me foi tirado. Não dei conta de viver sem ele, de chegar agora do trabalho e vê-ló dormindo, ou indo para o posto pois hoje é quinta, ou querendo lanche, ou no msn, eu sinto muito e fico zanzando o dia inteiro, lavando e revendo suas coisas e sentindo que não tem sentido nenhum dos outros papeis, nada me fará me sentir novamente mãe.

Hoje uma pessoa me perguntou como ele estava, eu simplesmente disse que ele vai bem...não quis entrar em detalhes e sei que ele vai bem mesmo...mas é óbvio que eu não me suportei, voltei para casa e sinto que é impossível ainda levar um vida normal sem você aqui, meu filho querido.

Acho que ainda vou levar um tempo para me achar sem você, porque acho que de tudo que fiz na vida, e de todas as loucuras e erros e falhas e falta de projetos e muitos passos para traz, penso que ainda a única coisa que valeu a pena em todos os meus tropeços foi ter sido escolhida para te gerar e ter convivido contigo todos esses anos, embora tão poucos e tão breves me trazem combustível para pensar em você todos os segundos de meus dias.

Só queria dizer que meu senso de direção ao seu lado era mais fácil de ser conseguido, e agora sem você, eu ainda não sei que direção tomar, pênsil que a pressão que as pessoas fazem para me verem bem não tem ajudado, é como se me julgassem ou forte de mais ou incapaz de ainda não ter virado a pagina...as vezes penso, as pessoas descobrem um câncer, quanto tempo ficam frustradas, negadas, impotentes, desconfiadas, deprimidas, etc. E elas ainda tem a chance de vencer a doença, eu não. Para mim acabou por aqui sabe, não inventaram a cura para essa dor nesta vida, nem tem diagnostico tem nome para a dor que uma mãe sentem, só dizem que é. Maior dor que uma pessoa pode sentir.

Eu perdi meu filho único, lindo, especial, aos 17 anos, na flor da idade, uma flor de pessoa, educado, atencioso, do bem, e ainda não levantei, ainda na consigo ir para os lugares que ia com ele, ainda não desativei o quarto dele, ainda não vejo nenhum motivo para continuar, ainda estou na fase de negação da doença,não quero testar novas drogas ou substituir as coisas, porque NADA o trará de volta e viver sem ele, só eu sei o tamanho do vazio de minha casa, de minha mesa, de minha vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário