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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

COLOQUEI A PORTA NO LUGAR, MAS IGUAL A MINHA VIDA, SEM UTILIDADE.

Hoje acordei disposta a arrumar seu guarda-roupa, e fui lá marquei furei, me espremi de sustentar sozinha as coisas, pensei por que você não havia colocado no lugar? Por que se eu estava conseguindo fazer? Você faria com os pés nas costas, e pensando te elogiando, você fazia e resolvia tudo para mim. Resultado, depois que coloquei no lugar, a porta não abriu.  Só ri muito sozinha sentada no chão do seu quarto e imaginando a resenha que você ia fazer e o tanto que ia tirar onda, em seguida, me deu um tristeza, uma angustia, uma falta de você, simplesmente não me achei mais, resultado, fui tentar dormir para esquecer tudo isso.

Acordei e antes de sair pensei em finalmente trocar suas roupas de cama, já que a porta, embora não abrindo, permanece no lugar, e tenho a mania de em datas especiais colocar roupas de cama nova. Não tenho datas especiais mais para comemorar, nem motivos para colocar roupas de cama nova em sua cama, mas, filho, eu tive vontade, escolhi a roupa, toquei e não consegui, comecei a pensar em você, se você ia gostar, as vezes você amava o que eu escolhia, as vezes você achava ruim fazer a cama, cheia de fru fru fru, então a gente ia acomodando a praticidade e nossos gostos. Eu penso que você gostaria, mas eu não troquei. Simplesmente sai de casa, porque hoje estava muito difícil continuar aqui.

Na minha caminhada pensei muito o que seria enfrentar tudo isso sem fé e sem Deus. Porque penso assim filho, acho que a fé nos ajuda a passar por tudo, nos ajuda a seguir, é como se vivêssemos uma ilusão, pelo menos é neste estagio que me encontro. Pensar simplesmente que tudo acabou é uma visão muito minimalista de Deus, mas também ainda não O olho como sei que deveria. Sei que eu deveria estar mais forte do que qualquer um dos outros três pais que perderam filhos no mesmo acidente. Porque eu conheci Deus, e Rafa também, eu deveria estar, sei lá, em outro patamar, ou com outra estrutura, deveria estar levando Deus a eles.  E me vejo igual, da mesma forma e com a mesma dor deles, como se a vida e o mundo tivessem perdido o sentido.

Fiquei pensando nas coisas que ouço de quem se achega para me aconselhar, muita coisa pode ser desprezada, só traz duvida e revolta ao coração. Na tentativa de nos colocar para cima, acabam nos afundando em teorias, sejam elas de que terminologia for, que abominam a dor e falam simplesmente em prosperidade ou fatalidade.

Hoje me pus a pensar na dor diante da Bíblia. Pensei nas dores de mães, que perdem filhos.  Penso muito em Maria, vendo seu filho ali sendo crucificado, inocentemente, sem ter feito nada. Não comparo Rafael a Jesus, longe de mim essa proeza, tampouco eu a Maria, mas comparemos os parentescos apenas e a impossibilidade de agir diante da vontade do Pai. É impossível nao pensar em Maria associando as imagens do filme de Mel Gibson, e toda a encenação. Lembro do desespero no rosta daquela atriz. Imagine na vida real. Eu imagino, posso ate me aproximar daquela dor, e vejo o desespero refletido em meu rosto, mesmo após esses 148 dias.

Também pensei na viúva que teve o filho ressuscitado porque enquanto o caixão saia em cortejo, Jesus ia passando e se comoveu com a dor daquela viúva com o filho único, em Naum, salvo engano.  Não sou viúva ainda, mas é como se fosse, e meu filho era único e Jesus onipotente e onisciente sabia da dor que me afligiria a alma, preferiu esperar para enxugar as minhas lágrimas. Até hoje estou me esforçando a  entender e me entregar sem restrição á Sua vontade.

Mas o que mais me chamou atenção hoje, vou revisitar a historia de Noemi, que perde seus dois filhos, e o marido, e fica sozinha, como eu. Aí lhe restam duas nora, Rute e Orfa, às quais ela aconselha que voltem para suas famílias. Orfa aceita o conselho e Rute não, escolhe permanecer com a sogra, que resolveu voltar para sua terra natal, Belem. Lá chegando ela nem é reconhecida de imediato pelos seus conterrâneos, tamanha deve ter sido a tristeza e desesperança estampada em sua face, e quando a questionam se ela é Noemi, ela responde:  “Não me chamem de Noemi (que significa amável), chamem de Mara (que significa amarga), pois Deus lidou comigo amargamente. Saí cheia e retornei vazia”.

O Direito atual não aceitaria que eu entrasse com uma ação para troca de nome, como fez Noemi. E estou falando de uma historia bíblica, que obviamente não termina mal, para os costumes da época sua nora Rute é resgatada por um parente da família de Noemi e elas voltam a ter novas esperanças. Isso pode ser comparado ao que o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manha.  Entre a partida de Noemi de Belem, com seu esposo e filhos, e seu retorno se passaram 10 anos. Não sei quanto tempo levou entre ela ter ficado viúva, ter perdido os filhos e ter sido resgatada através de Boaz e Rute. 

Imagine comigo: não sou Noemi, nem nenhuma figurinha heroica bíblica. Quanto tempo deve durar meu sofrimento? Sinceramente? 


Mesmo com o resgate, eu queria perguntar a Noemi, ou a amarga Mara, se ela esqueceu algum momento de seu marido e filhos, e se em algum período depois da morte deles, mesmo agora com o resgate, se ela podia considerar aquele período sem eles, melhor do que quando ela os tinha vivos.

Mesmo cheia de dúvidas e sinceramente, com dias em que sinto vontade de morrer, de sumir, de fugir disso tudo, e outros dias em que fico loucamente ansiosa para sair disso tudo e viver outra vida, que não a que vivo, porque não me encontro nela, em que queria ser outra pessoa, eu continuo opinando e escolhendo Cristo.  Sem entender, sem aceitar, as vezes não compreendendo o pai bondoso, ou misericordioso, ou o dono da vontade boa, perfeita e agradável, ou ainda porque que a minha oração não foi ouvida, ou por que tantas perdas, o porquê de eu não pude ter pai me vendo crescer, e tampouco ver meu filho virar pai e vendo os filhos dele crescendo, mesmo com todas essas indagações, taí Deus, sou Tua.

Um grupo muito amado da igreja veio aqui em casa e pudemos compartilhar, chorar e louvar um pouco. Eles têm sido bençãos em minha vida, têm se levantado em oração e pela terceira ou quarta vez têm vindo louvar aqui em casa, e os amo por terem se disponibilizado para isso, porque a unica coisa que eu consigo fazer neste plano espiritual é louvar, as vezes choro, as vezes dói cantar aquelas letras, mas eu penso que seja agradável a Ti.  

Entre os louvores, lembramos, eu e minha mãe que quando Rafa e Lícia tinham respectivamente 7 e 10 anos, nós ainda não estávamos convertidos -isso só aconteceu 03 anos depois- nós adquirimos um CD de J. Neto, e numa das faixas ele fazia uma oração pela manhã agradecendo a Deus. Nós ouvíamos essa oração todos os dias a caminho da escola, fazíamos a oração e cantávamos uma música que eles adoravam (Se ligue no poder de Deus).  


Agora eu queria postar a oração do Cd, porque eu queria muito ouvir Deus me falando o que a música declara, queria ouvir audivelmente, que Ele, o meu Deus, está aqui para me tirar disso tudo.




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