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domingo, 26 de junho de 2011

SAUDADE É AMOR QUE FICA

Hoje foi a missa de 30 dias do amigo de Rafa, Rafael Bispo. Eu sabia como seria o dia, e resisti bravamente a ir, não queria me machucar novamente, nem ver os pais de Rafael machucados.  Eu bem sei como o nosso corpo e nossa mente reage aos 30 dias de ausência.  Mas nao me esquivei do compromisso.  Fiz novas fotos suas, tentei escrever, procurei o óculos. Nada deu certo. Abri seu quarto, me fortaleci, e como ovelha para o sacrifício me pus de novo - com o anjo que Deus tem levantado em minha vida, minha mãe, mãe duas vezes (como Rafa falava) - naquela estrada e fomos ao  encontro do sacrifício.

Chegando lá entre abraços e soluços nos deparamos com a mesma cena que nos tem consumido. Suas ausências. Parece que quando estamos juntos as dores, as saudades, os amores e as forças se unem. Nos fortalecemos e nos enfraquecemos ao mesmo tempo. Procuramos nos cuidar mutuamente, mas sabemos que no fundo, nao nos consolamos, nao nos confortamos, só nos entendemos, como ninguém mais nos entende, nos compreende.

Hoje estávamos fracas, trêmulas, covardes, cheias de saudades, de vontades, de impossibilidades. Mas entramos ali. Ouvimos, falaram, louvaram. Parecia tudo igual, lindo mais igual, triste mas igual, diferente mais igual, sei que é difícil de entender, é como se o mundo falasse para a gente a mesma mensagem de varias formas: era hora deles. Era diferente sabe? Mas era igual.

Chegou  a hora do ofertório, três pessoas me chamavam atenção. Sabia da importância que tinham para Rafa. De repente, meu mundo desabou na igreja, um banner com as fotos dos dois, tão real, tão presente que eu comecei a me confundir e  a me perguntar, como eu poderia estar numa missa de 30 dias de falecimento de duas pessoas tão cheias de vida.  Aquilo nao podia ser real. por segundos eu nao sabia se cria que estava ali ou se acreditava na realidade das fotos. Voces foram tomando conta da igreja e comovendo a todos. Gabriel  levava vocês e num determinado momento, você olhava para mim.  Eu nao conseguia te olhar nos olhos, eu te sentia tao perto, tao forte, que nao conseguia te ver em minha frente porque te sentia do meu lado.  Nesta hora alguém toca a minha mão, desabo mais uma vez. Nao era o seu toque, nao era você...mas sonhei e acordei no pesadelo.  Deste momento em diante ate agora só lembro de você me olhando.

Final da missa, uma cronica linda foi lida. Homenagem do casal que também nos presenteou com o banner. A cronica falava de amizade, partidas, estar ao lado do Pai e do barulho das festa que foi a  chegada de vocês.  

Mais uma vez precisava dizer ao Saco o quanto vocês amavam aquele lugar. Duas mães, que entre outras coisas disseram, que nao sabiam o porque, nem o pra que seus filhos tinham sido chamados por Deus, e que nos contentávamos em ouvir do Senhor no tempo Dele a resposta as nossas inquietudes humanas. Mas que  como mães tínhamos necessidade de saber como eles foram chamados por Deus, o que tinha acontecido, nós gostaríamos e precisávamos saber.  Ressaltamos o quanto nossos filhos amavam o Saco e as pessoas do Saco e nós sabíamos que as pessoas poderiam nos ajudar a responder pelo menos esta pergunta.  Agradecemos o apoio e pedimos o cuidado para nós, porque os meninos estavam na festa do céu, no barulho do reencontro com o Pai, de alegria incontida e de paz sublime.

Abraçamo-nos  e nos confortamos um pouco e na saída. Ouvi alguém com experiencia de vida e com Deus dizendo que Deus nos dê paz, conforto, consolo e muito amor, porque saudade, ah! saudade...é amor que fica, e que a nossa saudade nos acompanhe e nos fortaleça.  E falou de um testemunho que obteve em sua vida de medico, um menino, com nove anos, sofrendo os males de uma doença terminal em sua ultima fase, num hospital de Recife, onde sua mãe o acompanhava sempre, certo dia a mãe diz a ele que volta já e o médico passa para fazer a visita e pergunta ao menino pela mãe, ele responde que ela foi chorar um pouco escondido para que o filho nao visse.  O medico assustado com a franqueza do menino, pergunta porque a mãe foi chorar, e ele de pronto responde que ela foi chorar de saudade, porque sabia que o menino já estava próximo de partir. O médico mais intrigado ainda pergunta a criança se ele sabia o que era saudade...ele respondeu...saudade é o amor que fica.

Filho, ficou muito amor. Cada vez mais amor. E muito mais fica. Fica aquele que você distribuiu, fica aquele que você recebeu e todo o complemento que nao trocamos, está todo aqui filho, e por isso dói tanto, porque ficou eu e o amor, sem você.

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