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sábado, 25 de junho de 2011

RAFAEL, FAÇA O FAVOR!

Lembro de você bem pequeno e de quando  precisávamos que você fizesse alguma coisa para nós.  Toda a família dizia assim: se quiser que Rafa faça alguma coisa, peça a outra pessoa.  Era mais ou menos isso. A gente queria que alguém trouxesse, ou buscasse, ou pegasse qualquer coisa para gente, se pedíssemos a você, nao era imediato, mas era só pedir a outra pessoa e Rafa estava ali, servindo.


Era comum a gente rir, chamando-o com os nomes de todo mundo da casa, porque a cada hora você substituía um. Teve um época de nossas vidas, que eramos só você e eu.  Nestas horas só tínhamos um ao outro. Um servia ao outro, mesmo. Nao podíamos contar com mais ninguém. Aí eu nao podia usar aquele recurso e você vinha, as vezes dizia...tudo eu, tudo eu...mas eu entendia e ria. Eu também já tinha passado por aquilo.


Rafael cresceu e o tempo que levava para atender aos meus chamados, já não eram o tempo da infância.  Ele começou a administrar muitas coisas em casa e sabia que a ajuda era inevitável.   Só que já não eramos mais  eu e ele, pois o menino ja tinha ocupações e um mundo só dele que muitas vezes eu precisava de permissão para entrar.  Eu acho normal, sempre respeitei e fui respeitada em minha individualidade.  Então muitas vezes o chamava e tinha um depois eu vou, daqui a pouco mainha, deixe eu acabar isso, de ver aquilo, de falar com fulano, etc.


Ultimamente eu o chamava como sempre...Raafaaaaeeeellll! E ele não chegava, aí chamava um pouco mais alto aí ele vinha me abraçava por trás com a carinha de quem nem tinha ouvido nada e me apertando com força, muita força, dizia... você me chamou? Eu respondia:  claro, desligue o som, porque tem muito tempo que chamo, e dizia a ele a minha necessidade, em seguida ele fazia o que eu pedia e depois  me ensinava...mãe, quando você quiser que eu venha não chame só pelo nome, diga assim: Rafael faça o favor...que aí eu venho.


Nunca consegui falar assim, Rafael faça o favor...sempre chamava-o e esperava-o para me ajudar e ele sempre vinha irritado, rindo porque sempre repetia a frase mãe, se a senhora me chamar e nao disser o faça o favor, eu fico esperando que a senhora diga o que quer e nao venho...nunca aprendi.


Filho, tenho chamado você do jeito que você me ensinou todos os dias, e o único favor que eu preciso que você faça, não depende mais de você.  Eu te chamo, mas você nao virá. É difícil entender que não seremos nós dois um cobrindo o outro, um sendo parceiro do outro. 


Será que você  teve tempo de compreender a fundo a importância que você tem, teve e terá em nossas vidas, na vida de sua família? Eu nunca imaginei ficar sem você filho, te criei para se virar sem mim, mas não aprendi, não entendi e nao sei viver sem você.  O único favor que me basta hoje, era que você pudesse ter feito o favor de não ter ido. E como nao pude ser contemplada com a sua ajuda...peço outra coisa. Rafa, faça o favor de não abandonar-me em sonhos e lembranças e que nossas memorias sejam bem vivas por todos os dias que estarei aqui longe de voce, e você aí perto do Pai.  Rafael, faça o favor!



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