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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

UM POUCO DE MIM NO MUITO DE TI

Já falei varias vezes sobre as fotos que tenho suas pela casa. Já comentei sobre nossa parede, nossas fotos no mural, e ultimamente da foto que ganhei de Guedes. Engraçado que acordo varias vezes dos cochilos noturnos e fico olhando você no porta-retrato de espelho que reflete as vezes minha imagem, então da cama vejo sua foto e meu reflexo no porta-retrato.  Vejo um pouco de mim em você.

Nesta hora, as vezes rio, as vezes choro, as vezes acordo e não consigo mais dormir pensando em nós. Na maioria das vezes, fico tentando lembrar de dias especiais onde você via muitas de minhas características em você, e hoje eu sinto tanta falta de ouvir suas analises e suas explicações sobre as coisas da vida, sobre temperamentos, sobre o que esperamos das pessoas, sobre o que as pessoas são ou não capazes de fazer e agir.

A gente tinha uma relação tao próxima que quando você me pedia explicações mais profissionais ou técnicas eu ficava sem jeito, porque a gente discutia e conversava sobre tudo de forma tão natural que esquecia que eu era a mãe, e quem sabe deveria exercer mais essa condição de ter mais experiencia e quem sabe conhecimento, mas é que era natural filho, você sempre foi tao natural, era tão simples puxar conversa, discutir determinado fato, defender opinião oposta, eu admirava isso em você, a sua capacidade de estabelecer um dialogo, uma conversa e uma amizade de forma natural.

Tantas noites inteiras em silencio, uma coisa que cala profundamente aqui em casa e que me remete a um vazio assustador, minha casa não tem vida sem você. Nossa casa, não é mais nossa, nem sinto como minha sem você, parece que a medida que o tempo passa você vai sumindo daqui de fora e se enterrando cada vez mais dentro de mim.   

Passei de novo lá. Precisava ir te ver, precisava ir ler o que deixei para você, porque nem lembro o que escrevi tamanha era a dor, tamanha era a desolação que me abateu nestes dias, não consegui andar para lugar algum.  Nestas horas temo pelas besteiras que penso, pelas coisas que desejo, me sinto a mais infeliz das criaturas da terra, e tenho plena convicção que não tenho a maior dor no mundo, eu sei que muitas pessoas tem sofrimentos quiçá bem maiores que o meu, só em não ter Deus e não ter esperança, já influi muito.  Mas penso que ninguém tem a minha dor. Minha dor é unica, porque ele era único.  Não há nada mundo parecido ou igual a ele, e a dor que sua ausência traz.

Recebi torpedos em seu celular, alguém que te ama também sente sua ausência e chora por você  Também se sente impotente, as vezes culpada, como eu. Mas sabemos que não podíamos fazer nada contra a vontade de Deus. Nada pode ser feito para mudar nosso sentimento, me sinto ligada filho a ela por amor e pela dor de não termos vivido os seus sonhos, os mais platônicos.

Não retornei como sempre faço, não tinha condições porque naquele momento ela escrevia tudo que eu chorando te falava, tudo que olhando em sua foto, refletida a minha imagem em soluções te dizia, tem dias filho que isso dói tanto, tanto, tanto que anula todos os 17 anos vividos ao seu lado.  A dor muitas vezes fica maior que o amor e nestas horas meu reflexo no porta-retrato também fica muito pequeno perto intensidade do teu olhar.

As vezes questiono a Deus, perguntando-o se eu merecia passar por isso. Pergunto em meu desespero porque comigo, que amor é esse, que jeito que Ele escolheu para me ensinar, o que Ele quer de mim, porque sempre me ensinar com a dor, porque eu não tenho o direito de ser feliz, porque me condenar a essa solidão e esse vazio.  Queria extravasar a minha raiva, gritar de um jeito como nunca fiz para que nos quatro cantos do mundo pudessem ouvir a dor do coração de uma mãe que chora a partida prematura de seu único filho.  Acho impossível Deus olhar tudo isso e não se compadecer, mas me pergunto nestas horas em que não durmo olhando seu reflexo em mim, onde está Deus e seu consolo?

Penso sempre em suas mãos, suas unhas. Eu dizia quando você era pequeno e a cara de seu pai, que não tinha nada meu, como que eu carrego 09 meses e não tinha nada meu, a não ser os cabelos e o formato das unhas, unhas compridas, dedos longos, um pé-jangada desde novinho.   Sinto falta de sua mão me apertando, me segurando com força, me matando de cocegas, me pegando à pulso no braço.  Fecho os olhos e não vejo mais meu reflexo no porta retrato, imagino suas mãos tocando meu rosto e seu sorriso tentando me convencer que no final vai ficar tudo bem, e se ainda não está bem, é que não chegou no final... você sempre me dizia isso.


Um pouco de mim, no muito de ti.



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