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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

QUANDO A MORTE CHEGAR ESTARÃO CONSOLADOS

Assim, quando a morte chegar estarão consolados e poderá consolar a outros pois conhecerão aquele que disse: “ Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá eternamente.” (João 11.25-26).

Acordei hoje e a morte rondava mais uma vez a minha porta, a cachorrinha que minha irma comprou e que ficou aqui em casa, há 17 dias está comigo, eu que pus o nome e tem sido uma grande companheira, inteligente, carinhosa, dócil e amável, amanheceu muito doente. Nao me contive e diferentemente de minha reação com Rafael que não fiquei prostrada e sem ação, eu não consegui fazer nada, a não ser pedir ajuda a minha mãe e chorar num corpo inerte que respirava com dificuldade no chão da cozinha.

Nárnia, o nome que dei em homenagem ao ultimo filme que vi com Rafael no cinema, e cuja relação do roteiro faz uma analogia a palavra bíblica, motivando-me a ler todas as cronicas de Nárnia e permitindo que a cada cronica lida eu pudesse resumir para Rafa, comparando-a com os textos bíblicos nas narrativas mais importantes, levando todo o primeiro semestre lendo e discutindo com Rafa o que nos deu muitos excelentes momentos de compartilhar a leitura, enquanto ele me informava sobre Querido John, livro que ele estava lendo também na ocasião. Ao denominar a cachorra de Nárnia eu queria fazer referencia a estes momentos tao importantes e só meus e dele, como se só nós vivêssemos aqui, como os meninos que eram levados as terras de Nárnia. O nome completo da cachorra: Nárnia GTR (Galega Total Rojão), referencia as iniciais de Rafa e seus melhores amigos e a empresa de Sonorização que eles, os amigos de Rafa estão tocando.

Ela foi levada ao veterinário por minha mãe e Felipe, candidato a cunhado, namorado de Lícia, eu em casa em prantos só perguntava a Deus porque mais essa. Desde que ela chegou em casa, todo o cuidado com higiene e com a casa, todas as fotos que tenho dela, e são muitas, ela sempre acarinhada porque bastava chegar perto de mim ja virava pedindo carinho, as vezes eu ficava impaciente, pensando, como posso te dar carinho se meu filho não está aqui comigo. E começava a chorar e ela parecia entender tudo, nesta hora ela se virava e deitava em cima de meu pe e ficava ali até que eu tivesse câimbra.  

Ontem dia 23, um dia muito estressante e triste para mim, um dia de muito, muito choro, 06 meses sem Rafa, Nárnia tambem ficou triste no meu pé, andava devagar me seguindo e o tempo inteiro olhava para mim e meu choro, como se me entendesse, como se fosse capaz de compreender. Cheguei da missa a noite e ela bem triste, ate comentei com minha mãe, que veio em ver a noite, o quanto Nárnia estava triste que não tinha comido o dia inteiro, mas havia feito suas necessidades normalmente... minha mae comentou, claro, cachorro sente, ela sente sua tristeza e reage a ela...e eu brinquei então ela vai morrer de tristeza, porque eu fico assim quase sempre e ela nunca reagiu desse jeito.

Tomei meus remédios, mas não dormi. Ela não vinha para o quarto, onde dorme ao pé da minha cama, ou no forro da cortina do meu quarto, e eu a noite toda chamando-a da cozinha para o quarto, ate que as seis da manha, acordei de vez, fui a cozinha, tentei dar água e comida no colo, mas ela bem quieta sem fazer festa, fui limpar as necessidades dela, desinfetar a casa, faço sempre, pelo menos unas oito vezes por dia, porque ando descalça e preciso sentir o chão sempre lisinho então se ela não faz o xixi no lugar limpo toda a casa para não sentir vestígios por onde ela passou com a patinha molhada, e depois que desinfetei o piso da casa, ela começou a passar mal, convulsão, vomito, diarreia, tao rápido e Nárnia estava inerte, um cheiro insuportável, e nem eu tinha certeza se estava com vida.

Foi levada ao hospital, eu em casa chorava pedindo a Deus...Senhor, mais um não, não aguento, se isso acontecer nunca mais vou gostar de nada, e fui pensando em Rafa e esquecendo NÁRNIA e comecei a ficar desesperada, e vi que toda a minha força no dia que Rafa se foi, tinha ido com Rafa, eu não tive coragem de acompanhar Nárnia e tinha medo de ligar e saber o que houve. Cinco horas depois fui visita-la, o veterinário falou, ela chegou chocada, em como, ainda corre risco, mas esta reagindo. Ela desidratou muito rápido em duas horas, e isso é muito tempo porque ela é muito pequenininha.

Quando eu cheguei na clinica ouvi um latido, meu coração gritou, é ela, e o latido continuou durante a consulta, ai o veterinário confirmou que era ela...pensei comigo, porque com Rafa não foi assim SENHOR, porque quando eu cheguei no IML e o tempo que fiquei do lado dele, só nossa presença, minha, de minha mãe e de minha irma não fizeram Rafa demonstrar que ainda podia lutar.

A galega não voltou pra casa, continua internada e eu ano quis voltar e não ver a festa que ela faz atras de mim assim que chego, minha sombra me seguindo pela casa.  Mas uma hora eu tinha que vir. E vim e o vazio estava muito maior...pensei, o que sera que Deus tem querido me ensinar, é para aprender a viver sem ter ninguém, posso começar agora, ir morar em ouro lugar longe dos que ainda me restam e sem envolvimento o sofrimento pode ser minimizado. 

Talvez seja isso, hoje acho que nem toda forma de amar vale a pena. E por medo de sofrer não sei se Nárnia merece ficar num lugar que a morte e o abandono tem rondado á espreita, e com uma pessoa que esta trancada para amar de novo, como se minha capacidade de amar tivesse sido mexida e quebrada.  Sem Rafa aqui o amor mudou o sentido, e Nárnia estava a seu modo construindo um novo caminho...mas o cara lá de cima é quem decide, mais uma vez está nas mãos Dele, lutei muito para não ter cachorro, desisti de comprar dentro da loja por três vezes, tive a chance de trazer Nárnia num feriado para passar 02 dias como experiencia e a todas essas oportunidades resisti. Lícia foi comprou a cachorra, trouxe para casa e minha mãe "barriou", como dizia Rafa, e então Nárnia veio para o exílio aqui, e foi ficando e conquistando todo mundo, inclusive minha mãe, para quem fazia uma festa sem tamanho.

Então  me pego a pensar no verso bíblico de que quando a morte chegar estarão consolados...Senhor eu creio, mas nem episódios como o de hoje nem o processo de perda de Rafa me fazem sentir consolada...só queria que o Senhor pudesse fazer alguma coisa para mudar meus sentimentos, meu coração e que de fato eu conseguisse sentir aquilo que pronuncio em Tuas palavras...e se for da Tua vontade, não permita que aquela cadelinha morra, não deve ser fácil ser rejeitada desde pequena, não poder ficar com a mãe, e ficar amarrada e pulsionada lutando para viver...

Nárnia Galega Total Rojão, a quem eu apresentava todas as fotos de Rafa e que já sabia que no quarto dele não podia entrar para deixar rastros de seus excrementos e há mais de uma semana aprendeu isso, ele amaria rir de suas tiradas e da forma como nos segue, você seria muitíssimo beijada e acarinhada, na medida do que faz comigo, estamos esperando você...





















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