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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

HOMENAGENS

Por que homenageamos as pessoas? Porque sentimos necessidade de homenagear, as vezes ate de sermos homenageados, em algum tempo de nossas vidas. Precisamos retribuir ou agradecer a alguém, tornando publica a nossa gratidão, por algo que ela nos fez. É sempre um prova de respeito e admiração. Não conseguimos homenagear aqueles que não respeitamos, e só respeitar não é suficiente para render homenagem, ela precede admiração.

Rafael tinha apenas 17 anos quando se foi, mas homenagem não depende da idade do homenageado, nem do sexo, mas está diretamente associada as escolhas que a pessoa faz na vida, as pessoas escolhem ser e deixar de ser determinada coisa.  Também posso defender que a homenagem não precisa de forma alguma ser publica, desde que possamos fazer com que o homenageado se sinta reconhecido, agradecido, mesmo que ele não espere, a homenagem já surtiu seu efeito.

Mas percebo que quando a homenagem é publica, ou seja, envolve mais pessoas que os homenageados e homenageantes, a necessidade de reconhecer e demonstrar a admiração que sente pelo homenageado traduz  a gratidão que sentimos, que de tão grande precisa ultrapassar a zona de conforto da descrição e individualidade.


Durante  a vida de Rafael, era comum eu escrever e falar o quanto ele era importante, o quanto eu me orgulhava de quem ele era, e o quanto deixar os outros em primeiro lugar era a função que tínhamos na vida, facilitar a vida do outro.  Rafa era muito resolvido, ele buscava o que queria e girava o mundo para conseguir realizar o que tinha vontade, mas com uma regra muito clara, respeitar o outro.  Não colocar a vida do outro em uma situação ruim, eu fico me perguntando até hoje porque o outro Rafael tinha que ir também sabe, no inicio me senti profundamente culpada pelo que tinha ocorrido, uma pessoa morrer para ajudar meu filho.


Mas voltando as homenagens...a minha gratidão a Rafael será eterna. Aos poucos vou me dando conta da intensidade da relação que construímos.  Desconheço alguém de carne e osso, da vida cotidiana, simples como somos, sem ser um grande herói bíblico ou um santo canonizado, que tenha a generosidade de Rafael. Mas vai além, Rafael era cúmplice, leal e a pessoa mais otimista que conheci. Também era risonho, divertido e carinhoso.  Era uma pessoa que agradávamos facilmente.  Por tudo isso que fez pelos outros, e por mim, muito mais que isso, qualquer homenagem que faça para ele, é pequena diante da grandiosidade que foi conviver com ele esses 17 anos,  2 meses e 09 dias, e nutri-lo em meu ventre o tempo que cresceu dentro de mim.  Na verdade, hoje continua crescendo, porque morte de filho é parto as avessas...


A maior homenagem que quero presta-lo é levar uma vida contagiada pela alegria dele, demonstrar aos outros  o que ele plantou em mim, mas ainda não consigo, ainda estou no involucro de minha dor, ainda estou remoendo minha dor, minhas perdas, meu luto, mas quando sair desta casca, não quero ser Annalu, mas mãe de Rafa, a  coisa mais importante que fui na vida. Até lá, presto homenagens, com o nome dele em meu pescoço, as tatuagens que fiz para ele, as medalhas, todas as camisas, as mensagens no blog, a mensagem no jornal, as poesias, e tudo mais...


Porque reconheço todos os dias que Deus me deu o melhor dos filhos, e eu não merecia, eu lembro que quando ele era pequeno ainda no ventre meus pedidos a Deus: que fosse homem, nunca vi o sexo na ultrassonografia, e fiz enxoval verde e azul, temas masculinos, tinha certeza que era macho; que fosse saudável, que fosse educado e obediente mas que fosse bem danado, cheio de vida.  Nunca precisei tirar nada do lugar de casa para que ele não quebrasse, e olhe que andávamos de bike pelos corredores de casa, jogávamos bola e tudo mais, as limitações eram só as impostas pela alergia, o resto, fazíamos tudo, mas o limite era presente sempre.


Rafa era tão especial que eu brincava que ele era uma pessoa rica(por dentro) com gosto simples (eu chamava de pobre, no sentido de não ter acesso a coisas mais refinadas) e eu amava isso, no inicio comprávamos biscoitos recheados, e Rafa ignorava, do que ele gostava? Biscoito Mimo ou estanciano de coco e cream cracker com manteiga (até hoje ele gosta, ops, gostava ate seus últimos dias).  A gente não achava mais os biscoitos mimo ou estanciano.


No feriado em encontrei numa mercearia de interior, o biscoito mimo, trouxe 01 pacote para casa, e uma vontade de chorar, lembrei dele correndo em casa, com  a farda (uniforme) do Babylandia, me vi fazendo a lancheira dele, passando manteiga no biscoito, pondo o suco, polpa de umbu que comprava no bairro Sol Nascente, ele também gostava de abacaxi, cajá, manga e mangaba, mas umbu era a predileta.  Nos últimos tempos, era maracujá e laranja, ele tinha crescido, mas ainda pedia cream craker com manteiga, já gostava dos fast food´s, mas continuava sendo meu menino.


Homenagem, prova de respeito, admiração e veneração; sinônimo de preito. Preito, ajuste, concerto pacto, homenagem, dependência, vassalagem.  Eu te homenageio filho em todas as oportunidades que eu tiver, porque para mim foi honra, concedida por Deus, te-lo tao perto.



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