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sábado, 5 de novembro de 2011

DE CABEÇA BAIXA VIVO MEU HIATO.

Hoje percebi que lidar com a morte prematuramente não nos fortalece em nada. Eu achava o contrario. Imaginei que depois de ter perdido pai, avós, tios, primas do coração, pacientes, colegas de trabalho, de faculdade, de escola, que a gente já sabia lidar um pouquinho com a morte, mas me dei conta que perder pessoas não nos fortalece.  Hoje me sinto a pessoa mais fraca do mundo.

Andando hoje pelas ruas me dei conta que não olho mais nos olhos de ninguém, não sustento mais quem eu sou, ou mesmo quem eu fui, e com certeza talvez hoje essa seja a minha maior frustração, não sei em que me transformei depois disso tudo. Percebi que a dor e a impotência diante desta perda me faz andar cabisbaixa, nada me faz levantar o animo, a bola, e até o olhar.

Busco você em todas as coisas que me restaram, e sinto que a cada dia te perco um pouco mais. Não perdi a lembrança de seus gestos ou de seu jeito, mas tem dias que me esforço para lembrar de sua voz. Dias como hoje, em que uso sua camisa, me perfumo com seu cheiro, deito em sua cama, ouço nossas musicas, compro lanche da Baviera, encho seu copo de refri, me embriago de você, chego a te sentir e a te imaginar do meu lado de novo, mas tudo aqui segue vazio sem você.

Continuo sem consolo ou conforto. Continuo sem rumo, contando os dias e as horas que me afastam de você, e logo logo direi meio ano sem você. Não caibo em mim de dor. Não caibo no mundo de tanto te amar e não te ter.  Penso a todo instante sobre coisas que sonhei e não vivi com você. Não te vi careca porque passou no vestibular e resenhar que o cabelo liso ia nascer de novo. Não te vi se alistando, nem vi sue porre, nem te vi namorar na porta, nem pude receber nenhuma namorada em casa, não vou te acompanhar na formatura, nem entrar do teu lado quando você iniciasse sua família com a benção religiosa.

Coisas tao simples como um perfil no Facebook, imaginei que o orkut fosse demorar mais tempo, sabe. Virou démodé, ultrapassado, mas é lá que estamos filho e ver o novo chegar e você não poder usufruir me dói profundamente.

Não quero ficar confinada e presa a dor, mas ainda não consigo sequer andar de cabeça erguida. A sua falta me pesa os ombros e me delimita o olhar.  Viver sem você tem sido minha sentença de prisão perpetua, é como se tivesse condenada a morte, estando viva, não tem graça.  Acho que nenhuma mãe fica feliz quando seu filho não está feliz. Não é o seu caso. Mas acho que nenhuma mãe consegue levar a vida normalmente quando seu filho desaparece, quando não tem noticias de seu filho, quando fica um hiato, uma separação nesta relação.

É assim que tenho andado. De cabeça baixa, vivendo meu hiato. 

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