Tenho pensado muito na gente.
Hoje, desde que levantei um aperto muito grande no peito me sufocava, foi e tem sido um dia longo e difícil. Isso parece não passar. É como usar maquiagem para esconder as rugas, as pessoas não veem, mas elas estão lá. É como querer levar a vida normalmente, eu tento, mas não está normal sabe filho, nada é normal sem você.
Está tudo sem graça, as vezes eu vejo as coisas normais e fico atônita, as pessoas continuam levando a vida normalmente, fico me perguntando como? Como pode ser normal acordar para trabalhar, ir para escola, assistir aulas, comer o que você gostava, andar no shopping, entrar na internet que não seja para representar uma conversa contigo, sei lá. Tudo isso ainda é tao confuso para mim.
Como esquecer, como não pensar em você. As vezes fecho os olhos e lembro de você falando...aquela paradinha, é doido, foi mal, mãe...Quantas vezes eu te repreendia mais achava um charme você conversar comigo como se eu fosse de sua idade.
Sábado no shopping, enquanto comprava lanche, eu e sua avó, encontrei uma colega de escola tomando conta de dois filhos, pequenos ainda. Lembrei de você, quando a gente cumprimentava alguém de minha idade com filhos pequenos, você sempre brincava comigo, perguntando se eles eram avós, e eu ficava assustada e você dizia, ame, quando os filhos deles tiverem de minha idade você vai ser avó, como a senhora casou cedo, arrebentou sua vida, mas dizia que achava massa ter filho cedo, achava massa a gente ter pouca diferença, como a gente conversava sobre isso, e como a gente ponderava os pros e os contras disso tudo...to com saudade de conversar sabe filho.
Hoje, especialmente agora, precisava conversar...sinto falta de meu melhor amigo.
Dedico a voce meu amor eterno, filho amado, escrevi para voce.
Filho...
estou cansada, sinto-me entediada, cansada da solidão, cansada das noites frias insólitas, das nossas lembranças que chegam a todo tempo, de sua voz que ecoa de mansinho, dos fantasmas que a saudade acorda para torturar a alma, e resolvo sair.
Ando, devago, caminho, vou a passos lentos pelas ruas desertas. A cidade completamente vazia demonstra também as marcas de sua ausência. Apenas o silencio, bravo e continuo. Todos se foram, menos a sua imagem e nossa relação presente na sombra dos meus passos a me acompanhar.
No meu desespero, Rafa, grito seu nome, molho e danço na chuva, esgoto meu choro num soluço amargo e enfim ajoelho no asfalto molhado pelas lagrimas, e diante das estrelas e da lua que ilumina nossa lembrança, faço um pedido a Deus, como um cristão em oração à espera de sua resposta, de seu milagre.
Volto para casa, procuro por você, minhas orações não foram atendidas, chego a sentir seu respirar tropego bem perto de meu rosto, tenho a impressão de que você está aqui bem perto, encho-me de esperança, acordo...foi um sonho real, mas continuo a te esperar, quem sabe em sonho, hoje a noite eu consiga meu milagre.
Amo voce, meu Xeberel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário