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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

PRIMAVERA SEM FLORES, INDEPENDENCIA SEM SENTIDO

Estamos quase na primavera. As lembranças deste período nao são muito esperançosas. Quando Rafael era criança, durante esses meses de setembro e outubro, ele tinha muita crise alérgica. Depois de alguns especialistas e muitas leituras, descobrimos que durante a polinização das flores as crises alérgicas são mais frequentes.  Ontem eu quis levar um vaso de flores para você.  Mas não queria que fossem de flores naturais, mesmo sabendo que não está mais sujeito a nenhum mal deste mundo, principalmente as crises alérgicas, motivo que te fez fazer sua ultima viagem, eu não queria provocar a crise em ninguém, então resolvi comprar um jarro que combinasse conosco.

Primeiro um jarro frio, cinza, clássico e ao mesmo tempo moderno, ele é tao difícil de ser descrito, que me faz pensar em minha vida sem você. Descrever minha vida sem você, tem sido assim, fria, cinza. As vezes tao normal sou mais uma mãe que perde um filho, as vezes tao insólito, no meu mundo atual sou a unica que perde o único filho, que não deixa netos, nem nora nem tudo mais. E depois de discorrer sobre a aspereza do vaso, comparado ao mistério da morte, saem galhos altos com flores em tom rosa seco, de uma forma singela, poucas flores em galhos altos, algumas folhas sobreviventes ao vendaval.  Achei esse arranjo uma representação deste período...é um pouco uma  simbologia do meu eu sem você.


Corri para ultima morada e num choro catártico depositei ali o que sobrou da ultima primavera, apenas algumas flores, não era um arranjo alegre, nem festivo, apenas um arranjo que dizia, tô aqui...tô sobrevivendo...tô sentindo falta....tô andando sem rumo. Meus olhos correm sempre para este lugar e minha imaginação me trazem para cá, e me perco pensando em sua solidão, em nossa  solidão e aqui eu deposito as lágrimas de dor que não conseguem adubar estas flores, porque assim como eu, elas floresceram em estação errada.


Seu porta retrato reflete através de seu sorriso uma luminosidade ali naqueles galhos, nem sempre perceptivel a olhos que nao te conheceram, simplesmente porque você foi atemporal,  porque você nao poderia ser compreendido ou contido em palavras, porque a sensação de te-lo perto e presente ilumina nossas vidas, pelo menos tem sido o meu esforço ao imaginar que voce não está mais do meu lado de fora e cada dia mais internalizado em mim.


Naquele arranjo eu me vi, eu nos vi....e nele só falta para mim, umas gotinhas de orvalho cristalizado, representando a minha tristeza em ter que te escrever, em ter que criar historias para me fazer dormir, para ninar o luto de uma mae, em horas que elabora historias para seu coração. 


É o mesmo sentimento angustiante de agora de certa forma estar livre e tomar as decisões só por mim mesma, não que fosse minha vontade, preferia mesmo ter você por perto para irmos trocando figurinhas e resolvendo juntos, como sempre fizemos e sempre gostei de te consultar ou de te dar satisfação sobre as coisas, mas hoje, esse independência tira minha liberdade, porque eu era de fato livre do seu lado, filho. E agora, me sinto presa ao passado, presa as lembranças e insegura, pois não sei por onde e para onde ir. Talvez eu precise fazer o que voce dizia que faria com 18 anos, ganhar o mundo...sei que hoje, vivo primavera sem flores e independência sem liberdade.



COMO EU VOU VIVER 
Como eu vou
Viver assim sem você
Como eu vou sonhar sem você estar perto de mim
Já não sei
O que eu faço sem esse amor
Se essa núvem que passou
Deixou a chuva em mim
Todas as pegadas que eu segui
Já não existem mais
Me diz então
Como eu vou viver sozinha
Preciso saber
Como eu vou viver sozinha
Se eu já não tenho você
O que é que eu faço pra sobreviver
Se eu já não tenho você
Sem você
Eu mesma vou me esquecer
As portas todas vão se fechar
Vou esperar pelo fim
É demais
Já não tenho mais nada a perder
Tenho o que não quero ter
Perdida em mim
O que eu vou fazer
Se sem você eu dou um passo pra trás
Me diz então...
Como eu vou viver sozinha
Preciso saber
Como eu vou viver sozinha
Se eu já não tenho você
O que é que eu faço pra sobreviver
Se eu já não tenho você
Me diz oh baby...
A núvem que passou...
Deixou a chuva em mim
Todas as pegadas que eu segui
Já não existem mais
O que eu vou fazer
Se sem você eu dou um passo pra trás
Me diz então...

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