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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

SEM VENTO, VOO SEM RUMO

Sinto-me como uma ave torpe, zonza, vaga, ociosa, latente ao descaso e sofrida buscando fazer seu voo, depois que viu sua ninhada ser tragada, e instintivamente ela tem que desocupar o lugar, mudar de ares, pois o condicionamento da perda lhe foi imposto e ela teve que aprender que ali não pode continuar.

Sofro pois percebo que alem da rota de voo, minhas asas têm defeito, elas não sabem ousar, aliás nem voar, porque o trauma é grande e ela não confia novamente, pois há muito ela voava sem fazer esforço e com a ajuda de um vento suave e certeiro, direcionador, que a soprava e ela bailando sobre o universos alcançava os pontos necessários  para sua defesa, suas conquistas, sua segurança e sua  sobrevivência.

Penso nestas horas quanto voos inusitados, contemplando a beleza das coisas e desbravando o universo de coisas até então não vividas. Lembro da experiencia de outras aves ao discorrer sobre os seus vôos, nunca podem ser comparados, pois cada um contempla aquilo que lhe chama mais atenção. Nos meus vôos, o vento, meu companheiro, era o que mais me chamava atenção, muitas vezes, eu já não tinha vontade de voar, estava cansada, descrente de que valesse a pena a nova rota, simplesmente, o vento me convencia, o vento me consolava e me instigava cada vez mais a ousar, alturas, picos, a ser mais ousada e a voltar par a o ninho, sempre acompanhada.

Gosto de lembrar do vento ouriçando meus cabelos, as vezes em forma de brisa branda, as vezes como ventania, mais sempre, me levantando, me contagiando com sua energia e sua intensidade.  Lembro de quando me convidava e apenas ficávamos plainando, numa imagem de como se estivéssemos em outra órbita, numa relação onde só havia o nosso mundo, meu de ave solitária e do vento, que soprava vida em minhas narinas.

Hoje, sem plano de voo, sem asas, sem sonhos ou projetos, espero de alguma forma sentir novamente o vento me convidando para voar, continuo solitária, há 78 dias o meu vento, aquele inseparável amigo de voos, aquele parceiro de aventura, aquele que me impulsionava a voar, sopra em outro lugar, e eu, bem...eu espero que de alguma forma uma corrente qualquer de resquício de sua força. energia, intensidade e alegria tenha ficado em mim, e que de alguma forma me leve a um lugar onde eu fique mais perto e mais próximo de senti-lo novamente soprando em mim.

Vento, ventania, meu Xeberel, sopra em mim novamente sua alegria, faz um redemoinho e me faça esquecer esses dias sem você, e me leve, como diz a musica, mas não me faça voltar para um lugar sem você  sem te ter.

VENTO, VENTANIA
Lê, Lê, Lê, Lê, Lê, Lê, Lê....
Vento, ventania
Me leve para
As bordas do céu
Pois vou puxar
As barbas de Deus
Vento, ventania
Me leve prá onde
Nasce a chuva
Prá lá de onde
O vento faz a curva...
Me deixe cavalgar
Nos seus desatinos
Nas revoadas
Redemoinhos...
Vento, ventania
Me leve sem destino
Quero juntar-me a você
E carregar
Os balões pro mar
Quero enrolar
As pipas nos fios
Mandar meus beijos
Pelo ar...
Vento, ventania
Me leve prá qualquer lugar
Me leve para
Qualquer canto do mundo
Ásia, europa, américa...
Lê, Lê, Lê, Lê, Lê, Lê, Lê....
Vento, ventania
Me leve para
As bordas do céu
Pois vou puxar
As barbas de Deus...
Vento, ventania
Me leve para
Os quatro cantos do mundo
Me leve prá qualquer lugar
Hum! Me deixe cavalgar
Nos seus desatinos
Nas revoadas
Redemoinhos...
Vento, ventania
Me leve sem destino
Quero mover
As pás dos moinhos
E abrandar o calor do sol
Quero emaranhar
O cabelo da menina
Mandar meus beijos pelo ar...
Vento, ventania
Me leve prá qualquer lugar
Me leve para
Qualquer canto do mundo
Ásia, europa, américa...
Lê, Lê, Lê, Lê, Lê, Lê, Lê....
Me deixe cavalgar
Nos seus desatinos
Nas revoadas
Redemoinhos
Vento, ventania
Me leve sem destino
Quero juntar-me a você
E carregar os balões pro mar
Quero enrolar as pipas nos fios
Mandar meus beijos pelo ar
Vento, ventania
Agora que estou solto na vida
Me leve prá qualquer lugar
Me leve mas não me faça voltar...
Lê, Lê, Lê, Lê, Lê, Lê, Lê....
Me leve mas não me faça voltar.

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