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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

AS IMPLICÂNCIAS DE RAFAEL

Apesar de amar muito meu filho do jeito que ele era e de admirar a maneira com a qual conquistava todos que estavam a sua volta, e do que eu falo tanto de como e quanto ela era bom,  simples, generoso e perfeito,  já era hora de falar que meu filho tinha sim, muitos defeitos, mas nenhum deles o transformava numa pessoa ruim ou pior, ele continuava sendo o Rafa de sempre, da paz, dos amigos, das brincadeiras, das resenhas, da alegria, da energia, era sempre um menino do bem, um menino de Deus. Meu guerreiro menino.

Coisas implicantes de Rafa...lista interminavel, mas que aqui, como mae, amiga, companheira e parceira quero constar, só para nao criar um  mito da perfeição, mas para mostrar que apesar de todo o seu jeito de viver e conduzir a vida, ele continua sendo, o melhor filho que uma pessoa pudesse ter.


Talvez a primeira coisa em Rafa que implicasse em mim era a necessidade de estar sempre com alguém e eu sempre ponderando, limitando. Rafa sempre fazia amizades, sempre tinha que fazer qualquer coisa com alguém. Eu queria ir a praia, só eu e ele, ele sempre perguntava se Gui ou Biel, ou alguém do prédio, ou alguém de lá de casa, sempre tinha que ter alguém com ele. E quando não tinha ninguém, ele dava um jeito, a exemplo de Cancún, recebi scraps de 08 pessoas que souberam de sua partida, falando de forma tao carinhosa dos dez dias convividos com ele.


Também tive muitos problemas com o Rafa que argumentava sobre tudo e odiava perder uma discussão  muitas vezes isso me tirava do serio. Pessoas que não queriam perder a razão, que sempre tinham o posicionamento correto, quase figurando como dono da verdade, ate que perdiam a pose, e ele sabia pedir desculpa, e depois dali, naquele assunto, você passava a ser autoridade para ele...até esse dia acontecer, ufa, era um cansaço discutir com ele.


Outra coisa que me tirava do serio,  os horários de Rafa e sua fixação por telefone.  Quantos castigos e quantas vezes tomando celular, fazendo pagar conta, deixando de sair, nada resolveu, melhorava um período, e depois voltava tudo de novo, pelo menos trés vezes ao ano eu tinha uma surpresa com a conta telefônica, e com os gritos que também sofríamos, apesar de ser minha responsabilidade o pagamento da conta, e o tempo que não era, a parte de Rafa eu assumia.  Isso me irritava, porque era recorrente, eu não entendi como na era da internet, com msn, facebook, skype, e o raio a quatro, o famigerado celular tivesse que ser tao acionado.  Tinha um numero com final 63 que muitas vezes quis dividir a conta, tamanho era a necessidade que tinham de se falar, como eles diziam, de passar o resumo do dia, mesmo quando estudavam na mesma sala da mesma escola.


Ah, e quando eu pedia para Rafael fazer alguma coisa e ele não fazia e sempre tinha uma desculpa bem esfarrapada para tentar me dizer que não fez. Ou quando Rafael queria permissão para ir a algum lugar que não tinha, e usava todo o português, charme, poder de persuasão e se transformava no enorme insistente, ate conseguir o que queria...nem sempre dava certo. Ficava de mal humor, demorava, 6000000 milésimos de segundos e a vida já continuava.


Mas o que me tirava do serio: quando Rafael pegava minhas coisas, usava-as e não as punha no lugar, tipo, tirar as pilhas do controle remoto colocar na dele e deixar o meu sem, ou usar a tesoura e não colocar no lugar, ou usar um óculos meu sem permissão e do qual eu tivesse ciume, ou usar meu estojo ou caneta de estimação, ou mexer no celular ou no computador e mudar as configurações, ufa, isso decididamente me deixava vestida para a guerra.  Porque aqui, eu vejo desobediência  embora Rafael sabia em que galho se trepava, como se diz aqui em minha casa.


Eu também não gostava quando ele ia passar a tarde na casa dos amigos e de lá ligava para me pedir para dormir, ou os meninos estavam aqui em casa e na frente dos meninos ele pedia para eles dormirem, eu nunca gostei de não ter o controle sobre as coisas que aconteciam aqui em casa.


Rafael muitas vezes era bem pegajoso, daqueles que beijavam ate sufocar, que apertavam ate machucar, que fazia cocegas ate ficar sem folego, que tirava brincadeira ate tirar a gente do serio, as vezes ele fazia isso, e me estressava muito, ele sabia que nos períodos de TPM ele não podia exagerar.


Meu filho as vezes falava alto, não tinha muita educação à mesa, apesar dos esforços, mas era comum ele passar muito bem nas rodas sociais que frequentávamos. Usava um perfume com toque adocicado em grande quantidade e tinha o péssimo habito de quando não dobrasse as roupas para guarda-las, coloca-las todas para lavar (era menos trabalhoso passar o trabalho adiante). Rafael também deixava todos os dias as roupas que tirava antes do banho, no chão do banheiro, e eu as colocava no balde na área de serviço, pois depois que eu tirei o vaso de roupa suja do seu banheiro, ele não adquiriu o habito de levar as roupas ate o vaso especifico.


Eu também não suportava o habito que ele tinha, desde pequeno e apesar das surras levadas, de andar de cuecas e meias pela casa.  Ele cresceu mas o habito infantil continuou nos perseguindo, ultimamente a campainha tocava e ele corria para por uma bermuda, virou motivo de chacota para mim, antes já havia me dado tanto aborrecimento, hoje era graça.


Também era muito difícil prometer alguma coisa a Rafa, porque se por algum motivo você não cumprisse, meu Deus, era caso de você ser levado a sacrifício, era pena de morte, então, com o tempo fui aprendendo que prometer a Rafa tinha que ter muito cuidado, e isso não se referia a bens materiais não, podia ser um programa, assistir alguma coisa, ir a algum lugar, visitar alguém, fazer alguma comida, sei lá, tudo era motivo para que tivéssemos muito cuidado.


E por fim, eu ficava muito chateada quando tínhamos alguma discussão.  Rafael tirava de letra, eu não. E quando era um assunto que envolvia seu pai, ou questões mais familiares a neutralidade de Rafael me tirava do serio, embora eu saiba que ele era ético e honesto na posição que adotava.


Estes foram os motivos de implicação com Rafael e seus defeitos. Rafael me chamava de senhora, e os mais velhos também, cumprimentava-os todos, era prestativo, pedia benção, falava de amor e de paz, tinha uma risada de anjo e um olhar cativante de amigo, em seus braços eu encontrava conforto e apoio, em suas palavras força e consolo e em suas atitudes, mesmo as que me tiravam do serio, eu via amor, porque era isso que transcendia de tudo que RAFA fazia, ele amava as pessoas como se não houvesse amanha.


Eu continuo te amando filho, e sinto saudades de reclamar de suas roupas no banheiro, do copo de coca no quarto, da meia encardida porque andava com ela no chão, de discutir com você, de exigir coisas de seu pai para você, de pegar suas cuecas no chão do banheiro ou de sufocadamente pedir para você para de me fazer cocegas ou de me pegar no braço ou de dar beijos estalados em meus ouvidos.


E quando leio as coisas que me irritavam em você, meu Deus, fica mais difícil imaginar que uma pessoa como você tenha ido tao cedo, que mal você fez? E a quem? Simplesmente não dá para aceitar, para entender que eu convivo com tanta gente, e fui perder logo você, o mais especial de todos, aquele que me conhecia sem que eu precisasse dizer uma palavra.


Meu Jeito de Sentir Bruno e Marrone


Toda vez que vai sair o sol, eu estou
Esperando por você aqui, meu amor
A distancia não consegue nunca afastar
A esperança de mais uma vez, poder te amar

Só você, só você que conhece meu jeito de sentir
Meu jeito de sorrir e até meu jeito de chorar
Só você, me conhece amor
Só você, sabe bem quem sou

Quando estou sozinho em casa, fico a pensar
Se existe um outro alguem tomando, meu lugar
Se um dia alguma coisa triste acontecer
O que existe em nos só Deus consegue desfazer

Quando o fim do dia chega, só penso em te ver
O meu coração sozinho grita por você
Nada neste mundo vai fazer-me te esquecer
Mesmo se um dia por outro amor eu te perder

Só você, meu amor
Só você, sabe bem quem sou!


http://www.vagalume.com.br/bruno-e-marrone/meu-jeito-de-sentir.html#ixzz1WkzNSoeL











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