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domingo, 7 de agosto de 2011

DESISTIR NÃO É LUTAR

Ontem, num sábado de agosto chovia no fim de noite e eu mais uma vez pensava com meus botoes, mais uma vez o céu chora comigo a falta de meu filho.  Amanheceu e com o novo domingo um sol no firmamento anuncia o novo dia. Percorro as janelas de casa e em cada canto da cidade tenho uma lembrança contigo. Olho Aracaju pela janela de céu quarto, não reconheço mais a cidade. Percorro novamente com o olhar todas as outras janelas, não vejo como via antes, mas percebo que não vejo nem o mundo como via antes.

Nós somos estimulados a viver para o futuro, a olhar para o futuro. Estou tentando, é como se no futuro eu não me achasse mais, é como se não me reconhecesse no futuro. Meu olhar continua voltado para o passado, apesar de saber que o que vivemos no passado determinará meu olhar e meu andar no futuro, é como se eu resistisse a isso. Resistisse a caminhar sem você.


Sempre me senti só, sempre me vi tendo que resolver minhas coisas, defender minhas posições, brigar, por cada centímetro de luz do sol, comigo mesmo, porque nunca travei brigas com os outros, eu simplesmente desisto, mas nunca brigo.  Tentei ensinar isso a Rafa, ele me ensinou diferente, muitas vezes falou que desisti não é lutar. Lutar, se necessário, existe duelo, acordo, briga, e fui aprendendo com ele, pacífico por natureza, como brigamos e lutamos pelo que queremos, e pelo que não queremos também.


Ultimamente só penso em desistir. De tudo, e de todos, aliás, nem tenho mais todos, só tinha a ele, e ele a um mundo inteiro que aprendeu a cativar.  Eu sempre imaginei que ter família e amigos fazia toda a diferença para cada um, para cada pessoa.  Tenho família, uma especial, e amigos alguns que sei que se eu desse espaço chorariam todos os dias pegando em minha mão, me pondo no colo, mas não permito, não agora, não tenho o direito de chorar e transferir toda essa mágoa.  Sinto muito tudo isso, sinto pensar que apesar da família e amigos, eles não são suficientes para impedir que eu desista, percebi que essa luta é somente minha.  E que desistir filho, não foi o que eu aprendi com você. Você não desistia nunca.


Filho, tem tantas coisas tao estranhas acontecendo dentro de mim, porque racionalmente sei que não posso desistir, não com a vida que levamos juntos, não com as coisas que aprendemos apanhando da vida e rindo dela, mas as vezes eu penso que continuar sem você é uma especie de dissensão entre nossos planos juntos e a obrigatoriedade de seguir sem você.


Rafa, sei que você teria sua própria estrada, e que você tambem seguiria no seu ritmo e de sua forma por sua estrada, que seria estrelada, porque você sempre brilhou, mas eu tinha o direito de observar, de ver de longe, de estar por perto ou mais distante, mas com você ao alcance de minhas vistas e ficaríamos sempre próximos, como sempre fomos, éramos um estar disponível para o outro, como sempre fizemos e fomos.  E ter isso ceifado, nossos planos, me tirou o chão, o teto, minha verdade, meu amor, minha dúvida e no lugar disso tudo tem uma séries de sentimentos inominados, misturados, confusos e doloridos, onde a única coisa que me acalma é desligar do mundo e viver com você numa dessas nuvens que povoam o meu pensamento...meu pensamento só em você.

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