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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

POR ONDE FOR QUERO SER SEU PAR

Olho para o mundo com outros olhos e tento vê-lo a partir dos seus.  Como é estranho tentar se apropriar de outra forma de viver, porque a que você tinha até há bem pouco tempo não serve mais para avaliar o mundo onde tenho convivido. É como se através de meus olhos eu não conseguisse mais enxergar as coisas do mundo, meus olhos estão voltados para lugar nenhum e simplesmente não conseguem reconhecer nenhuma das imagens que antes eram tão normais e tão naturais em nossas vidas.

As coisas começam a perder significado, nada tem mais importância, o que antes nos aborrecia, hoje tanto faz que aconteça, ou não.  Lembro de quando discutíamos verdades e opiniões sobre a vida, lembro de quando discordava de você, fico me questionando hoje, porque não penso mais da mesma forma, é estranho, mas tem sido assim, tenho me questionado para todas as coisas que acontecem, como você participaria, como você agiria, o que você faria naquela situação, qual seria o seu conselho, etc.  

Não que agora de repente eu busque ser ou fazer o que você quisesse, não é isso, porque voce não virou "santo perfeito sem erros", mas é que fazíamos uma parceria onde eu crescia, pois na nossa discussão, você trazia um argumento novo que me fazia pensar, questionar, refletir e muitas vezes, mudar de estratégia ou de opinião. Nós eramos um par muito legal.

Lembro de quando precisava ouvir sua opinião sobre determinada coisa que fosse comprar. Nossas dúvidas e a forma como argumentava. Gostava de ouvir você me perguntando sobre que roupa ficava melhor, sobre sua produção, sobre o corte de cabelo, sobre o perfume, etc.  Quando lembro de perfume, lembro como nossos gostos pareciam, e como você se apropriava deles com uma maestria.  Amava quando você me perguntava sobre o que tinha de novo, ou nas vezes que ficávamos provando notas novas, quer seja em viagens, ou no balcão das lojas locais, e sonhávamos juntos.

Sabe uma coisa que eu amava fazer filho, com você? Como fiz pouco depois da igreja. Amava dançar com você. Eu sentia orgulho por ter te ensinado, por você ter molejo, por você gostar de musica. Lembro das vezes que ensaiava passos de quadrilha contigo, lembro de você me ensinando arroxa em casa, lembro de comentários seus, ainda da época da casa na rua de Maruim, onde você nos lembrava que chegávamos da praia e enquanto eu e você lavávamos o carro nós dançávamos na garagem com a mangueira. Tempos que não voltam mais.

Você crescido dançávamos menos. Você começou a escalar outras parceiras para dançar a vida. Nunca teve vergonha para dançar, e fazia isso desde cedo com um encantamento que m sensibilizava.  Sinto muito filho não te ver bailando na vida, penso com uma tristeza que não verei sua valsa de casamento, sua valsa de formatura, sua dança da maioridade nas boites de Cancún ou de Recife, com os amigos irmãos, não o verei dançando a valsa de 15 anos de sua filha, tantas parcerias desfeitas com sua partida.

Eu dizia que você era um excelente condutor de dança, suas mãos enormes acomodavam a minha, sua altura permitia que a dama descansasse sobre seu peito, seu perfume nos envolvia, e a musica, bem as vezes eu acho que a musica mora dentro de você, e por isso, por não tê-lo por perto, quase sempre é muito dolorido ouvir musicas porque te procuro visivelmente, e não te acho e me fecho para não te sentir. Resolvi desde cedo falar de historias e cantigas, porque aqui falo de som, de musica, de nossas historias, mas não as ouço, ainda doem no peito.

Minha vida hoje não permite que eu dance, porque a musica estava dentro de você, e meu ritmo sem você eu ainda não achei.  Sonho um dia em poder fazer de novo uma breve parceria contigo, mesmo que de longe, quero te ver bailando de novo, coisa de maluca, filho, porque sei que essas coisas acabaram, mas as vezes fantasio, porque assim a realidade é menos dolorida.  Se eu conseguisse sonhar com você, acho que queria que ele, meu sonho, tivesse trilha sonora, com suas musicas, aquelas de seu pen drive, com mais de 2000 musicas, que você as conhecia por completo, e na cena do sonho, em primeiro plano qualquer imagem sua que eu pudesse vê-lo, sentí-lo, quem sabe até conversar um pouco, ou até,  só te ver de longe.

Lembrei das vezes que você sentava na cama com meus livrinhos de violão, tinha uma musica andanças, que eu amava cantar por conta dos arranjos que a música permitia, ouvimos varias vezes em apresentações de coral juntos, meus alunos nas vezes que saiamos juntos e eu te levava também sempre cantava, lembro de você fazendo percussão, também gostava de fazer isso contigo, ser sua companheira a cada nova musica aprendida, e naquelas que você me chamava para cantar porque não sabia o tom, o ritmo, só achava fácil tocar e de certa forma estava naqueles livros meus.  Folheie alguns esta semana...saudades e lembranças.

Na verdade filho, adoraria dizer a você agora, que não importa por onde eu ou você ande, pense ou faça, nesta vida e na vida que teremos na eternidade, quero cochichar ao seu ouvido, com a voz mais doce que você já ouviu, de como eu cantava para te ninar...por onde for quero ser seu par.


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