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terça-feira, 16 de agosto de 2011

SAI DE ORBITA

Durante todo o fim de semana em meu exílio tentei dormir, coisa que em casa nos últimos dias não tenho conseguido fazer. Em vão. Apesar de medicada por psiquiatra e com acompanhamento psicológico, com apoio da família e de ser inevitável sair de minha própria casa para ter paz, mesmo assim não consegui relaxar, não consegui ajudar o remédio fazer efeito.  Minha cabeça poderia ser compara aquelas motos que se apresentavam nos globos da morte dos circos, não sei se vocês lembram.  O barulho ensurdecedor das cilindradas da moto dentro do globo, faz tanto barulho que mesmo depois que as motocicletas são desligadas continuamos ouvindo os barulhos.

Eu me via daquele jeito e imaginava os relatos de meus pacientes quando estavam medicados, e as formas como eles se referiam a sensaçao do remedio. Senti-me assim, com um choro contido, com um barulho ensurdecedor, como se as coisas fossem soltas dentro de minha cabeça, mas os problemas continuavam lá...crescendo dentro de mim.  Tentava dormir, em vão...tentava chorar... não saía, tentei gritar, escrever, conversar com amigos... solução, chão do banheiro água corrente lavando o corpo, lavando a alma, tirando a lama, limpando os olhos.


Ali era eu e somente eu. Sem mascaras, sem dores, sem subterfúgios, sem ninguém.  Eu e meu reflexo no espelho, eu e as minhas escolhas, ironia, minhas escolhas.  Olho mais uma vez o reflexo no banheiro vaporizado, não foi isso que escolhi. Não escolhi engravidar aos 20 anos, casar aos 21, ter filhos logo em seguida. Não escolhi ser uma das melhores alunas da sala, passar no concurso publico, me tornar professora e ser realizada no magistério, não escolhi me realizar clinicando em consultórios psicológicos, nem tampouco defendendo os direitos das pessoas nas varas, não escolhi meus amigos, nem minha família, mas cativei tudo que a vida me ofereceu. E dei o meu melhor, tentei ser a mulher mais apaixonada do mundo para o pai do meu filho, tentei ser a melhor mãe, tentei ser uma boa filha, tentei ser uma boa profissional, tentei honrar as escolhas que a vida fez para mim, ou que eu fui escolhendo sem sentir.


Mas tem uma escolha...ai, essa escolha, eu sou completamente responsável. Escolhi sofrer por amor, escolhi não enxergar, escolhi submeter minha família as minhas escolhas e forçosamente faze-los engolir o lobo com  a pele de cordeiro que eu imbecilmente ornamentei. E também quis pousar de vitima, mas fui culpada, inteiramente culpada, quando noa enxergamos as verdades e as incidências dos fatos, os históricos e procedências e creditamos a Deus a responsabilidade em fazer todo o trabalho.  Tenho descoberto  a penas duras que Deus não fará aquilo que é de responsabilidade do homem fazer.


Em abril de 2005 eu vi todo o engodo sendo desmascarado. E criei, criei não, acreditei novamente no novo script do mesmo personagem, aquele que se redime e vira mocinho, engraçado, na vida não temos mocinhos e bandidos, somos bons e maus ao mesmo tempo, mas tem pessoas que desempenham em maior parte do tempo o mal, mas com cara de bem. Doença? Caráter? Não, no meu caso, por cair tantas vezes, burrice. Porque não posso dizer que é amor, pois o amor não é cego, ele tudo sofre, tudo suporta, tudo espera...mas não é cego.  Fiquei cega, dois dias, por isso não escrevi ontem no blog, mas prometo a mim, e a você filho, que nem mais uma noite, uma madrugada, uma hora do meu dia sera desperdiçada com esses desatinos.


Obrigada pelo apoio filho, mesmo enxergando tudo, por amor a mim, você suportou a violência de minha escolha em nossas vidas. Por amor a mim, você calou, quando podia gritar, quietou-se quando podia bradar, abrigou-se quando devia repulsar e amou, como amava aos que te rodeavam e eu o amo mais ainda por isso, pelo seu sacrifício de louvor ao meu lado, hoje vejo mais uma vez como você foi especial e como queria me ver feliz a qualquer custo, mesmo sabendo que a felicidade tinha outro caminho, quantas vezes falamos sobre isso, sobre tratamentos, interesses, importâncias, prioridades.


De corpo moído e alma pesada, fechamos mais um ciclo, e agora eu e você, em paz seguiremos para o alvo, e continuo na promessa, vou ficar de pé por e para você, seguindo sua força, sua raça, sua alegria.


Amo voce. Até já.





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