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sábado, 9 de julho de 2011

TODO SABADO É ASSIM

Sábado! Odeio sábados.
Logo que me separei e voltei com Rafa para casa de minha mãe, os sábados passaram a ter uma importância muito grande para gente.  Primeiro porque era um dia em que podíamos acordar mais tarde a rotina de começara  escola e o trabalho as sete da manha, exigia que acordássemos cedo todos os dias, mas no sábado podia ser diferente. Sábado era o dia de trocar roupa de cama, arrumar o quarto, cuidar das fardas do colégio, do tênis, de limpar o quarto, afinal nao tínhamos ajuda domestica e com a nossa volta para casa, eramos quatro filhos um neto e minha mãe e padrasto, num mesmo lugar.

Mas depois da faxina, geralmente ligada a muita musica, tínhamos o resto do dia para nós. E fazíamos muita coisa juntos, Rafa, Mãe, Vó e Tia. Íamos ao comercio, você sempre elétrico, Deus quanta energia você tinha, depois íamos ao shopping comíamos, e você comeu por anos a fio, e  até um dia desses o mesmo prato no Saborito.  Depois veio a fase de cantarmos todos os sábados no karaokê, você ainda lendo com dificuldade e a gente forçando sem te ajudar para você ler mais rápido  porque você não gostava de perder então ou escolhia as musicas lentas para acompanhar a musica, ou cantava a mesma musica já devidamente decorada, então mudávamos sempre a regra do jogo e foram sábados muito especiais.

Depois os sábados em que íamos a tarde almoçar na casa de seus bisavós, era uma festa, caranguejo, espaço para você brincar, fim de tarde com direito a ovo que sua prima Nane te fazia, e voltávamos para casa depois de um dia intenso em família, você, sua tia e sua prima brincando e as vezes brigando muito, afinal quando se tem 08, 09 anos e se brinca com duas meninas de 11 e 12 anos tem que ter jogo de cintura para não ser excluído, e você não era, nunca foi, porque era muito sábio na convivência.

Em seguida, os sábados da igreja, e todas as tardes do segundo semestre de 2002 estávamos ali aprendendo e você, cada dia mais empenhado e aproveitando o que se descortinava de novo em nossas vidas. Neste ano eu já estava dando aulas aos sábados e era muito difícil, também aos sábados sair mais cedo de casa e não estar contigo, mas quando eu chegava era para você que eu vivia. E mesmo já tendo feito novas amizades, suas Tias Dea, Dedea e Iandrinha, só saia depois que você dormia, era questão de honra, passar o resto do sábado contigo.

Fomos para o nosso cantinho, sem aulas no sábado, eu chegava na sexta da faculdade la pelas 10:30 e desta hora em diante, meu final de semana era todo seu, tudo para e por você. Programas que você podia ir e fizemos muita coisa, você queria tanto que eu retomasse minha vida pessoal que me oferecia para o cara que vendia dvd, o cara que arrecadava dinheiro para o hospital, você querendo dar seu jeito em tudo.

Nossos sábados ficaram com a nossa cara. Dormíamos até tarde, ou acordávamos cedo e íamos para a praia, dormíamos a tarde e íamos ao cinema. Ou assistíamos tudo em casa e a noite íamos na orla, ou passávamos o dia fazendo coisas da casa, supermercado, arrumação e no domingo íamos a praia.  Eu e você, você e eu. Ensinava a comer, a pedir, a se comportar, as vezes me estressava você queria fazer tanta coisa ao mesmo tempo, que só de pensar me cansava. Mas eu era seu e você era meu.

Depois que passamos a viver em três, os sábados começaram a ter um gostinho muito especial, porque alem de termos colocado novos sabores, nas oportunidades que tínhamos de viver só eu e Rafa nossos sábados, era uma versão paginada de tudo que havíamos vivido.  Com direito muitas vezes a ele pedir para dormir na cama, porque era comum num sábado muito especial do programa acabar la no quarto com brigadeiro ou pipoca e Rafa dormir antes de terminar o filme e eu não aguentava mais ele nos braços, afinal Rafa já tinha mais de 1, 65 com 13, 14 anos.

Vieram os sábados do Saco, muita diversão em família. Na piscina, em volta da mesa, você ganhando asas, sempre com um dos amigos também junto a família e a gente acabava participando de forma mais intensa de suas amizades, sábados alegres e divertidos, regados a muitas brincadeiras.

Ultimamente você cantarola muito uma musica que Rojão regravou.  Tenho saído aos sábados com ela na cabeça. Hoje passar pelo sábado, domingo e segunda tem sido um suplicio.  Sua avó também tem sucumbido aos sábados, ela lembra de você dizendo tchau vó e fechando a porta do posto antes de ir para o Saco.

Todo sábado é assim
Eu me lembro de nós dois
É o dia mais difícil sem você
Outra vez os amigos chamam
Prá algum lugar
Outra vez
Eu não sei direito
O que eu vou falar...
Quero explodir por dentro
Inventar uma paixão (qq atividade)
Qualquer coisa
Que me arranque a solidão
Um motivo prá não ficar
Outra noite assim
Sem saber se você vai
Voltar prá mim...
Se o vazio que vem depois
Só me faz lembrar de nós dois...
Por isso odeio sábados, porque eles eram intensos e muito nossos.   Nós sonhávamos com eles, eram muito a nossa cara.  Éramos muito cúmplices até  que veio o último sábado...o dia que pela ultima vez senti seu cheiro, estive em seus braços e dei meu ultimo beijo. 



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