Total de visualizações de página

sexta-feira, 22 de julho de 2011

DE ONDE VEM A ESPERANÇA

Queria falar sobre esperança hoje, embora nem saiba como essas linhas irão acabar, porque meu conceito sobre esperança tem sido reformulado a todo instante.  A cada fase de minha vida achava que esperança tinha um sentido diferente, mas em todos os momentos que consigo lembrar hoje, esperei por alguma coisa.


Se hoje meu conceito de esperança estiver alicerçado apenas na espera, eu poderia concluir que eu sou a pessoa mais esperançosa do mundo, porque vivo a esperar.  Espero que isso tudo passe logo, espero que esse mundo termine brevemente, ou que pelo menos termine para mim, espero que se essas coisas não acontecerem logo, que qualquer outra ocorra e me faça sair deste buraco, e em todas as elucubrações que eu faço eu me vejo esperando, logo esperançosa.


Mas quando penso que esperança poderia significar um desejo emocional, com pensamentos positivos de que o que queremos que aconteça,  aconteça de fato, me vejo como a pessoa mais desesperançosa que já ouvi falar.


Não sei se o luto faz isso, sei que o luto tem estágios que acontecem para a maioria das pessoas, mas a forma como reagimos ao luto e o período que passamos em cada estagio do luto, é variável de pessoa para pessoa. Diria que varia ate para a mesma pessoa, pois não perdemos o mesmo ente querido duas vezes.  Por conta disso, reajo hoje diferente a todos os outros lutos pelos quais passei, pois eu nunca tinha perdido um filho...meu único filho.


Eu de fato me senti fortalecida nos primeiros dias, não tive a sensação que a maioria das pessoas descrevem de que a ficha não caiu ou que iriam acordar daquele pesadelo.  Nunca me enganei, a verdade era muito dura e muito factível para que eu conseguisse elaborar, mesmo que momentaneamente, uma segunda opção que não me levasse à beira do luto.


Mas também não quer dizer que não tentei outros comandos que pudessem me fazer suportar melhor aquela realidade, nos primeiros dias imaginei que meu milagre chegaria, e talvez de milagres só entendam aqueles que creem. Eu cria, e creio! Mas enquanto ele não chegava, eu ia tentando me acostumar com a nova realidade, mas não tenho esperanças de que isso ocorra, por mais que eu venha tentando recomeçar, me ver a essa altura da vida, me preparando para ver meu filho voar (faculdade, namoro, carreira, família, paternidade, etc.) e eu não poder estar ao seu lado vendo seu desempenho, seu trajeto, suas conquistas e desfrutando de sua companhia, me tirou esperanças e vontade mesmo de esperar... 


Passados esses 59 dias sem ele, eu ainda não consigo ver ou sentir esperança, ainda bem que um conceito de esperança que eu acho muito ilustrativo vem de um texto de Mario Quintana, cujo substantivo abstrato dá titulo ao texto.  Nele, o autor a compara a uma louca que se atira do 12 andar do Ano (ano mesmo), e ela se atira e cai miraculosamente intacta na calçada, mas agora criança, e alguém pergunta o nome dela e ela diz silabicamente bem devagar, segundo o autor, para que ninguém esqueça: es pe ran ça.


Hoje a minha esperança é essa louca em pleno voo de ponta cabeça prestes a se esborrachar no chão.  Eu ainda não sei que ela retornará como criança, e não estou me esforçando para perguntar seu nome assim que ela cair ao chão, eu decidi ficar bem aqui onde estou, de repente ela cai no meu colo, talvez aqui esteja me dando conta de uma esperança.


Eu espero mesmo que Deus faça alguma coisa, porque já não tenho como e a quem recorrer...E assim me deparo com a unica esperança que deveria me retirar do buraco, a esperança do cristão esta baseada na confiança e na fé. Confiar e crer nas promessas de Deus. Eu quero ter esta esperança novamente. 


Tenho fé, mas fui amplamente abalada, não imaginava que estaria imune a nada e nem que não mereço que o mal me acometa não me acho melhor que  ninguém nem tao boa que não mereça sofrer. Sei que não recebemos as coisas por merecimento, pois se assim fosse, não deveria ter tido o privilegio de ser mãe de Rafa.   Não é isso, só não imaginei mesmo, que a morte de meu filho chegaria a minha tenda, tao prematuramente. E isso me abalou profundamente, me senti traída  assim que me senti.  A minha esperança hoje reside não na minha conformidade com a vida sem Rafa de agora em diante, mas na esperança creditada nas promessas do Senhor, de que onde ele está é melhor, sem aflição e sofrimento, embora, nós que ficamos longe dele convivemos com todas essas dores.


Quando penso nisso, me lembro de um louvor que fala sobre esperança no Senhor, e que eu já postei essa semana, é que de fato tenho esperança de que algo aconteça também nesse mundo, e não só no mundo onde Rafa já usufrui das promessas de Deus. Então me atrevo a cantar dia sem fim, lembra Senhor....


Então lembro que não podes me esquecer
Se o meu nome está gravado em tuas mãos
Mesmo que ainda eu não consiga ver
Sei que se levantarás em meu favor.

Lembra Senhor
Juraste o teu amor
E nada pode mudar
O que sentes por mim
Nem os meus pecados

Lembra Senhor
E faz mais uma vez
Os teus sinais
E saberão
Que ainda és o mesmo Deus.


http://www.vagalume.com.br/ministerio-toque-no-altar/lembra-senhor.html#ixzz1Sy0dfrRk




Nenhum comentário:

Postar um comentário