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quarta-feira, 13 de julho de 2011

TEM DIAS QUE EU QUERIA APAGAR DO CALENDARIO.

Hoje foi um dia assim. Se alguém perguntasse o que teve de especial hoje, eu não saberia responder, eu simplesmente estava com o chorador ligado (era assim que eu falava a Rafa quando queria me referir ao choro).  Eu procurei não demonstrar mas não consegui, foi a noite inteira imaginando o que são 50 dias sem você.

Foi dificil imaginar que isso pudesse acontecer, eu sobreviver a todos esses dias. Sabe filho, quando tive que levantar da cama hoje (hoje nao acordei, apenas levantei) pensei que eu podia reagir diferente a tudo isso e comecei a me imaginar fazendo o que voce queria que eu fizesse, depois de 50 dias. Nao consegui.

As vezes penso que voce me conhecia mais do que eu mesma, afinal, muitas vezes voce predizia o meu comportamento.  Talvez hoje fosse um daqueles dias que eu precisasse de um conselho seu, como muitos que pedi. E hoje, eu nao duvidaria ou discordaria de sua opiniao, porque só ela me interessaria.

Precisei literalmente entrar nas suas roupas, te-las como segunda pele, deitar em sua cama, fungar em seu travesseiro, olhar e tocar em suas coisas, beijar todos os nossos porta-retratos que voce os pregou comigo ha pouco mais de 01 ano. Depois respirei fundo, e disse que tentaria ser forte. Desabei.

Minhas lagrimas sacramentavam o dia, e me purificavea profundamente porque conversei com voce.  Eu consegui falar das coisas ainda presas na garganta, consegui falar de meu amor, de minhas decepções, de meus orgulhos, de meu profundo agradecimento em ter vivido do seu lado e de ter aprendido muito com voce.  Mas tambem te falei o contrario do que as pessoas me falam, e confesso estou deveras cansada de ouvir isso. Nao chore, Rafa nao ia gostar.  Filho por dentro, eu penso...Rafa entende, porque ele me conhecia, se eu chorava por reprise de novela em vale  a pena ver de novo, que dirá, chorando pela falta dele.

Eh! Filho quantas vezes voce menor eu te deixava na porta do elevador e voce ia passar o fim de semana com seu pai e nos beijavamos e eu ja estava chorando, e voce perguntava se eu estava triste, se eu queria que voce ficasse, e eu dizia com calma que nao chorava de tristeza, mas de alegria porque voce ficaria um pouco com seu pai. Ate que eu nao te enrolava mais e voce me entendia, e passamos essa fase, mas isso nao impedia de que eu chorasse ate hoje nas suas viagens de ferias com teu pai, mas te dava a maior força e nao te ligava muito para voce aproveitar sem se preocupar comigo.


E da vez que eu fui para o Rio a trabalho, passei tanto tempo longe e no aeroporto, uma camiseta sua nas maos, e eu beijando e voce beijando e eu embarquei chorando, e voce me dizendo para nao chorar.  So que voce me entendia, pois ate hoje quando eu viajava por mais de 2 semanas eu ainda levava camisa sua, voce me entendia como sei que me entende agora.

Voce sempre me deu força, resenhava mas me entendia.  Tinhamos um codigo, voce cresceu e eu muitas vezes viajei  trabalho ou dava aula e voce estava dormindo quando eu chegava, ou quando eu saia...eu te beijava no rosto e na mao, na palma da mao e dentro da mao, era nosso codigo para voce entender que eu havia estado ali, te amando, te olhando. Fiz isso na sexta madrugada quando cheguei de Brasilia, e voce falou que viu, a marca do beijo de batom, no sabado quando me pediu para ir para o Saco.  Eu muitas vezes colocava batom so para te marcar. Amava quando voce corria para ver no espelho a marca do beijo.

Eu queria ter feito isso no dia que voce partiu. Mas simplesmente ainda nao consigo por cor nos labios, te beijei, te abracei, como queria fazer agora, mas quando voce acordar e ver a flor em tuas maos, e meu beijo em voce. E a flor que pus no teu quarto, a que eu deixei muito tempo em suas maos, representa nosso novo codigo, nossa ligação depois que voce partiu, eu entro lá e penso, Rafa esteve aqui.

Por isso hoje, eu queria apagar aquele dia do meu calendario, e todos os outros dias subsequentes, porque nao temos nossas marcas, nossos codigos e este novo codigo, a flor, hoje nao me traz lembranças boas, pois nao marca a sua chegada, e sim a sua partida.


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