A MEDALHA QUE NAO CONDECORA QUEM A USA

Toda vez que imagino o que um herói faz, lembro do que as sociedades ao longo dos tempos utiliza para reconhecer o trabalho e o desempenho do herói.  Nas forças armadas, existem medalhas que demonstram o grau de heroísmo. Na sociedade civil existem comendas e títulos que reconhecem o mérito de determinada pessoa, no esporte medalhas que premiam colocações e no peito de uma mãe que em desespero chora a morte de seu único filho, existe a medalha da saudade, do vazio e da dor.


Há cerca de tres anos escolhi duas fotos minhas com meu pai e fiz uma medalha em aço, com as fotos impressas em ambos os versos. Rafa me ajudou a escolher e na época me perguntou se eu não ia fazer uma com a foto dele, e eu disse que sim, só que depois e que seria uma grande, de um lado ele pequeno e do outro ele maior.


Com o passar do tempo, fiz outra medalha para presentear um casal de amigos que amo, ate falei sobre eles na mensagem sobre bipolaridade da perda. Fiz questão de confeccioná-la e leva-la para eles enquanto meu amigo estava bem e pode ver a mulher desfrutar  do presente.   Neste período, fim de  2009, Rafael novamente questiona se eu não vou fazer a medalha dele. E digo que sim, mas que quero uma grande. E ele, gaiato como sempre diz, que pelo tempo não pode ser de 3x4 e sim uma de banner, se referindo ao tamanho da foto.


O tempo passou e com as cobranças do dia a dia, fomos deixando para trás o assunto da medalha com foto, apesar de todas as vezes que falávamos de minha amiga que confecciona os pendentes, ele sempre tocava no assunto e cobrava.  Mesmo com todas as cobranças ainda não tínhamos escolhidos as fotos a serem usadas.


Depois da fase das fotos, vieram os nomes na correntes. Vieram, não, voltaram. Eu tenho uma gargantilha com nome, tenho uma também escrito vida. Rimos juntos muitas vezes, quando Rafa estava ao meu lado e alguém me chamava de vida, achando que esse era o meu nome, mas quando nossa crise de riso passava, Rafa também perguntava, meio assim, e aí coroa, quando vai fazer a coleira com meu nome, e eu brincava dizendo que quando ele fosse jogador de futebol eu fazia uma de brilhante, com o troco do patrocínio.


Mas, o tempo passou e mais uma vez também não fiz. Antes disso comprei um bonequinho e o usava representando-o.  Hoje decidi que das alianças que tenho do consorte e que ja haviam sido prometidas a ele, farei seu nome.  Quanto a medalha, bem, essas tem sido fonte de muito investimento emocional.


Primeiro, as dúvidas sobre as fotos, segundo a necessidade de te-lo estampado em todas as partes de meu corpo.  Carrego-o nas camisas, em breve na pele, hoje no pescoço, e intensamente disposto em todos os poros de minha alma, em todos os cantos de minha mente e em todos os espaços do meu coração.


O que antes era motivo de muita brincadeira, hoje é uma lembrança. Uma lembrança feliz, porque riamos juntos quando falávamos sobre isto e triste, também, porque apesar de  representar muito para ele, não tive oportunidade de homenageá-lo e ele me ver usando. Filho, você sempre me fazendo me sentir muito melhor do que eu sou.  


Na ultima semana, nos preparativos para a escolha da foto e do tamanho da medalha, fui presenteada com uma medalha por minha amiga (da Ztricia) e para minha surpresa, você tinha comentado com a filha do meio dela, na ultima vez que se viram, que você ia pedir para fazer uma medalha com sua foto para eu usar.  Eles fizeram e eu a uso sem parar.


Tenho uma medalha com um herói no peito, mas ela não me condecora.  O mérito é todo seu, mas eu que a uso, uso a expressão do nosso amor, de nossa felicidade e de nossa parceria, porque você sim, é digno das homenagens que hoje são insuficientes para demonstrar o tamanho que você tem para nós.


Meu campeão.  Isso eu trago no meu peito...nosso amor!

Minha medalha! Seus beijos! Meu eterno e sem fim....