Total de visualizações de página

segunda-feira, 30 de abril de 2012

EU SO QUERIA FALAR DE VOCE PARA UM LEÃO, O DA TRIBO DE DE JUDA

Entre os nomes dados ao Senhor, além dos mais conhecidos, como Príncipe da Paz, Santo de Israel, Rei dos Exercitos, Rei da Gloria, eu gosto muito do Jeová Rafá, que significa Deus que cura, e embora muito ferida ainda, sei que Rafa foi um presente, uma cura de Deus em muitos momentos de minha caminhada e de meu tropeço. Mas hoje, 30 de abril, era o ultimo dia de entrega da Declaracao de Imposto de Renda, e precisei muito da força do Leão, mas do Leão da Tribo de Judá para suportar o dia. 

 O motivo? Ter contato com informaçõs que me machucariam profundamente. Foi a ultima vez que Rafa constou como meu dependente. Declarei apenas cinco meses de escola, cinco meses de plano de saude, cinco meses de medico. Cinco meses apenas. Primeira vez que constou seu CPF, mas sinceramente, nao tive coragem de citar o numero do obito, ou de fazer mençao a ele, nao para o leao do imposto de renda, ele nao olha para minha ferida. Fiz a declaraçao banhada em lagrimas. Quantas coisas indefinidas e diferentes em minha vida. Quanta coisa que eu tive que remexer apesar das feridas que elas provocam. 

A minha declaraçao de Imposto de Renda, demonstra muito mais do que os dados economicos que a Receita Federal tem interesse. Minha declaraçao atesta a minha falencia pessoal emocional. Perdi o sentido de familia e tive que ter isso impresso num recibo. 

Só nao foi pior o dia, porque sonhei com Rafa. Estava precisando desta visita. E como das outras vezes parecia tão real. Ele chegava e eu estava chorando na cama me lamentando em como fazer a declaraçao, minha vontade era de contactar alguém e repassar  os dados ao invés de digitar cada letra e cada numero como tive que fazer, ou nao declarar mesmo, uma outra opção, e depois ver as complicações legais, a multa, eu não me importo mais com nada. 

Então, desta vez, em meu sonho, ele chegou e disse levante e me dê um abraço, eu fiquei inerte eu nao sabia se era sonho ou real, se eu estava acordada ou dormindo, já que até as seis da manhã eu ainda não havia pregado o olho, ele repetiu já segurando a minha mão e fazendo força para eu levantar, eu sorri e levantei e abraçava-o com força e ele dizia aperte, pode apertar mae, mate sua saudades. E já foi tirando onda, mãe você tá chorando tanto que seus olhos tão ficando grandes (só porque estavam inchados). 

Mas já não o senti feliz e perguntei se ele estava bem e ele disse, "tô mãe, fico triste com nossa distancia só, a gente nao pode mudar nada", e então perguntei onde ele estava, e ele descrevia mas eu não lembro, confesso que nem postei no Facebook nada para tentar lembrar, mas desisti, não lembro da descrição. Só que a sensaçao que eu tenho é que não é a festa que eu imaginei que fosse. E em seguida eu perguntei se ele ja tinha encontrado com meu pai, e ele disse que não, que ainda não, que não era o momento dos encontros e eu fiquei tão decepcionada. 

E ele emendou, mae tá dificil né? E chorando abraçada nele eu mal conseguia falar, e ele disse que tínhamos que ser fortes que precisávamos continuar. Foi tão dificil, tão dificil, porque eu chorava demais e ele enxugava minhas lagrimas sem vencimento e me abraçava com força e eu acabei dizendo: " preciso de ajuda filho, estou cansada, preciso compartilhar, sinto falta da gente, sinto falta de voce, mas sei que temos que continuar, só não estou dando conta". E ele disse: "sei disso mãe, tenho visto, mas a gente tem que tocar. No final você sabe que vai ficar tudo bem,creia mãe, tenha fé, Deus está no controle". 

E à medida que eu pensava em coisas era como se ele tivesse a capacidade de ler meus pensamentos. Eu acho que ele já tinha essa capacidade quando ainda estava aqui, porque muitas vezes ele lia meus pensamentos. E enquanto eu chorava ele nao chorava, so me abraçava com mais força e dizia que eu podia tocar e ver que ele tava bem, que ele era de carne e osso, que nao era minha imaginação, que eu podia ver, comprovar que ele estava bem, e que eu tivesse força e fizesse o que tinha para fazer.

Diferente de todos os outros sonhos a gente não se despediu, de repente meu sonho emendou com outro e eu estava segurando a mao de uma amiga, que nao faço ideia de quem seja, que estava iniciando seu trabalho de parto, era uma menina. E eu acordo me questionando cadê Rafa? 

E acordei mesmo e me dei um tempo para processar aquilo tudo, chorei mais um pouco e fui enfrentar o leão da Receita, com o coraçao dolorido mas com a força do Leao de Judá, que permitiu mais um sonho para aplacar minha saudade.

Acho que saudade de quem vai é diferente da saudade de quem fica. Rafa dizia que sentia saudades, saudades daqui, da gente, dos amigos, do povo, mas nao chorava, nao vi emoçao dolorida, nem preocupaçao. Era como se ele já tivesse entendido. Nao tinha medos, só queria enxugar minhas lagrimas e dar força. Foi a primeira vez que conversamos e ele respondia minhas curiosidades, mas eu nao lembro do que perguntei nem das respostas. 

 Meus olhos continuam grandes, Rafa, ao escrever agora, mas é tão bom sonhar contigo, é uma sensação de paz, apesar da dor e da angustia do dia, enfrentada com muita dor de barriga. Somatizei porque eu estava muito doída de saudades. Semanas difíceis longe de você. 

Amanhã entramos no mes de maio, fará um ano daqui a vinte e três dias, uma colega sua me perguntou no sábado o que farei no dia. Disse que nao pensei a respeito, mas a vontade ainda é de ir ao seu encontro. 

Obrigada pelo sonho Deus. Obrigada por ser especial até depois de partir meu filho. Amor de mae, laço eterno.

Nenhum comentário:

Postar um comentário